quinta-feira, 21 de junho de 2018

Das pérolas

do rosário do Harém...
por maneco nascimento

Em algum lugar do passado, em uma das melhores experiências de Teatro viajor, nos encontros dos em extinção Festivais da Cena Brasileira, ouvi da boca de um mago dos palcos nacionais: "Ari, tu é diabólico!"

Não havia, na expressão ditada, ao testemunho de uma plateia de artistas de um Festival Brasileiro de Teatro[ConFeNaTa], nenhuma repulsa, ou crítica negativa, mas um elogio na estética da semântica ampliada e fora dos crimes e pecados remoídos pelo remorso das igrejas e dos subterfúgios de anátema, ou estigma nebuloso,  a decaídos em desgraça "divina".

O autor do elogio, Celso Nunes. O elogiado, Arimatan Martins, à época na defesa de "O Auto do Lampião no Além", de Gomes Campos, montagem que percorreu Festivais e marcou espécie, enquanto vida útil. De lá pra cá, uma vintena de anos desde que esse elogioso gracejo, vindo de um ótimo diretor de Teatro, definiu talento, ousadia, esperteza, "feeling" dramático e uma inteligência a serviço da cena que aspira viver.

No último dia 15 de junho, no Parque da Cidadania, a partir das 18h30, dentro do FaRRa-Festival de Arte na Rua, em dia de abertura do evento, assistiu-se ao espetáculo "Duplo Molière", dramaturgia de tradição e ruptura na reinvenção da arte arimataniana. 


Um roteiro dramatúrgico, criado a partir da história de Vida e Obra sempre-viva do "vulgo" Molière, deu um Duplo, o perspicaz e atraente Teatro de encenação aristotélico-brechtiniano "Duplo Molière", este de feitura criativa assinado por Arimatan Martins, o + novo autor de textos-encenação, o Ari, para os amigos.

O Dramaturgo Arimatan imerge na História de Vida e Dramaturgia, de Jean-Baptiste Poquelin, bem chamado Molière[ o Ator, Poeta e Dramaturgo francês, considerado um dos maiores e melhores escritores da língua francesa e literatura universal ], e transversaliza Este e Estas ao contemporâneo de Teatro, para fórmula hareniana, em dialogismos com personagens do Autor de Teatro poderoso do século 17 da era cristã.

Não poderia dar outra coisa: Teatro vivo! Da alegria, vicissitude, inteligência, humor venal e crítica social dos costumes, jamais em desuso, de Molière, a trupe do Harém vê-se facilitada à pena de Martins e, "Brincando encima daquilo"[In Memoriam da Grande Marília Pêra], constroem riso, humor, carpintaria naturalista e distanciada para a cena peculiar e garantida da escrita do Harém.

Teatro da desconstrução, apresenta Fernando Freitas[impagável], Francisco de Castro[garantido em técnica, projeção e inflexões escolásticas], Francisco Pellé[dono do seu Teatro ao mito de Procópios, Otelos, dálias e improvisos da Comédia Brasileira naturalista], Marcel Julian[sem salto alto, mas em eficiente Salto do Cavalo Cobridor(Assis Brasil)], Luciano Brandão[o falso descuidado à forma desdenhosa de ser presente na cena] e, finalmente, o + novo entre os "Monstros do Teatro Piauiense"[alcunha de Fernando Freitas], ele, Kaio César[que já vem dizendo a que veio, só não viu quem fingiu que perdeu os primeiros segundos do início de espetáculos que ele tem por mostrar].

Seis Personagens em Busca de Um Autor[para nunca esquecer Pirandello] encontram Arimatan e desvelam seus gracejos, em intercurso com o Autor e Obra homenageados. "Duplo Molière", na linguagem de Teatro de Rua, ou para a Rua, apresenta o simples limpo, complexo, dramático que dinamiza ideia, contextos, memórias sociais e História de humanidades de Autor e Personagens bifurcados.

A desconstrução dramática de carpintaria arimataniana serve-se a roteiro direto, pragmático e de moderna arquitetura que revela, sem esconder o matiz do arco-íris que leva ao pote de ouro, bronze ou prata, a partir da recepção + desarmada, ou reticente em ver Teatro, mas sempre um jogo para Medalhas.

A música incidental, ao vivo, instrumentada por Fagão, pontua o ponteiro horário que enreda medievalismo e pós-modernidade na linguagem da cena. Os figurinos, vide Bid Lima, demarcam a segunda pele, das personagens dos intérpretes, à das personagens que intervencionam ao olhar do público.

Enchem de cor que remetem ao Maior Espetáculo da Terra, a arquétipo de comèdie-del'arte, aos bufões dos carroções que cortam fronteiras e chegam aonde o povo está, em diálogo de estética que medievalize interações contemporâneas.

O Corpo que fala no corpus da Cia. Teatral encontra ecos além do mito das cavernas[Platão], com + ordem e tônus equilibrado em Fernando Freitas[ator, bailarino e coreógrafo que atira-se ao abismo em voo definido]; em Marcel Julian[que detém movimentos numa economia premeditada, de ator e método pela observação e experimentação]; Kaio César[que parece trazer consigo um corpo neutro que se enche de tônus e intenções para medidas trabalhados].

Língua, linguagens e falas na forma e natureza, garantem o Teatro do Harém e, faz deste o sucesso de + de 30 anos de história e memórias da cena brasileira, posta à arena de famintos olhares, na busca de gracejos e identidade dramática.

Em Luciano Brandão[que varia entre um cobrador PRL a la Pierre Baiano e outro mais defendido, quando compõe o Advogado empertigado]; Francisco de Castro[marca ainda pontuações de essências anteriores, embora domine texto, atenções e intenções diferenciais às construções das suas personagens] e Francisco Pellé[em corpo falante bonachão à histrionia peculiar de marca e relevo que o faz o ator de suas boas Estrelas].

Não há descrédito, há + Teatro de propósitos que varia na linguística e na assinatura do Grupo que, salvo quem torce o nariz, fica na contabilidade de construir Teatro como só o Harém está para a Cena Piauís, assim como a nova cena brasileira está para a diversidade criativa continente adentro, país afora.

Da dramaturgia de interações estético de composição cenográfica[Emanuel de Andrade], os elementos e contrarregras entrecruzam-se e vão cosendo eficazmente o jogo de signos. A carroça do cortejo do Morto, um veículo medieval atualizado; os núcleos de constrói/desconstrói personagens e cenas, um desarrumado estético sem sujeiras, numa falsa pretensão de caos, mas potência[para ficar em Nietzsche].

O veste, troca, compõe, descompõe, refaz, repara, aplica pedagogia de narrativa da montagem da cena e defende as buscas do fora e dentro, do descortinado e total rompimento de paredes dramáticas, pois Teatro Popular de Rua.

O desenho de palco e maneirismo de demonstrar a didática dramática de contar Molière é força que atomiza, no simples, brincar de verdades de mentiras cênicas e não perder a fila que evolui de Molière a Arimatan, em circular da invenção da pólvora, ou da máxima de Lavoisier, ou ainda de repetirmos o diferente no igual, pois marca da humanidade a contextos.

É Harém. É Teatro. Tá vivo e Brook sabe disso. É "Duplo Moliere" e o invisível visibilizado aos átomos, em matéria dramática, é arte, lúdico, ciência e estética, linguagem, tema e tempo de Teatro, logo esfinge decifrada.

Meu duplo vê no Harém o "Duplo Molìere". Tenho dito.

fotos/imagem: (reprodução/divulgação/page Francisco de Castro)

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Ébano Rei

nas vezes de Pés Inchados
por maneco nascimento

Junho trouxe à pauta do Theatro 4 de Setembro, dentro do Projeto Terças da Casa, edição Terça Teatro um espetáculo da práxis escolástica institucional de Teatro Universitário. O Grupo de Teatro da UesPi demonstrou sua leitura dramática de clássico, reinventado, no último dia 05 de junho, e teve a sua assistência um público delicado, mas concentrado em ver e sentir o ato dramático para a saga do Príncipe de pés inchados.

Em terra de predomínio da cor negra, dessa cor brasileira que tanto nos faz tão bem, o elenco também ganha esse matiz de etnia brasis e, quando o assunto gira em torno de humanidade e reflexões sobre natureza humana, não há cor, nem berço, há ato, artistas, intérpretes, talentos e uma dose de inteligência que reinventa-se ao sabor de bem ser e estar Teatro.

O Grupo de Teatro da UesPi trouxe, ao palco do Theatro 4 de Setembro, a dramaturgia de cena facilitada por Moisés Chaves, para as vezes de "Pés Inchados". Uma leitura de Teatro Piauís para Obra original clássica "Édipo Rei", de Sófocles. Assim como Moçambique[leia-se FestLuso trouxe a Teresina Piauí Brasil uma versão crioula de Hamlet/Shakespeare], Teresina nos brindou com a égide de obra sofocliana com derme negra, quase 100%.

Já feliz com o que vi. Sem escamoteio, nem de pequenas verdades, ou grandes mentiras às formas, a direção usando de seu dado lançado à sorte usufruiu da cor da terra e fê-la brilhar em texto, originalmente grego, para gregos se troianos, e deu-lhe nossa pele.

Ao nosso ocidente ressignificado, "Pés Inchados" apresenta não só a cor brasileira, mas o sangue pagão reatualizado para ritos, rituais, passagens e práxis dramáticas felizes.


Ao primeiro Édipo Rei piauiense, em caráter profissionalizante, Kaio César, com ascendência civil para dois imperadores, apresenta um Príncipe de Tebas das Sete Portas com uma dignidade de atuação, movimentos econômicos e drama curtido na escola de distanciamento apreendido, que vem renovar  arte na casa dos Vieira.

No pulo do guapo, Kaio engradece a personagem, enquanto César secunda a assinatura de bem assemelhar os monólogos internos e visibilizar efeitos dramáticos de ator em franco método de afinação da profissão. Um Édipo a não perder-se de vista, porque inspirado no Teatro fugidio dos vícios do fácil, em logro de não só gerar espanto e admiração da recepção, como afeição dramática.

A Rainha Jocasta, na voz e atenção de Janá Silva, é uma majestade empertigada, elegante, contextualizada na graça e corpo piauiês e garante a empatia que requer do/a intérprete à atenção da plateia.

Salvo uma ligeira agonia dramática transferida à personagem, na busca de mais gás e sintonia, que desliza na tensão afobada, em desvio da técnica de atriz e método, e envia plural ao advérbio e pronome "onde". Pareceria inadequação pequena, caso não fosse cena e Teatro, que ciência de razão e sensibilidade.

Mais calma e audição direcionada dariam o tempo de todas as palavras, intenções a atrações dramáticas que qualquer interpretação exige. Mas veste uma Mãe-adúltera e incestuosa que dignifica todo o esforço cênico de gerar a falha trágica e catarse prevista pela esfinge.

O príncipe Creonte, irmão da Rainha, atualizado por Cairo Brunno, não nega a corrida do ouro que o ator implementou na busca da profissionalização e rendimento do exercício do exercício. Em Elegbara, de Toni Edson, com direção de Arimateia Bispo/CoTJoc, já demonstrava uma inquieta luz rumo ao romper do túnel.

Em "Pés Inchados" traz seu natural e elegância à cena e uma certa naturalidade que, quando mais afiada na aplicação de economia e contenção, seria para escola dinasfatiana. Fala bem, anda regular na cena e o corpo concentra drama. Não desfia o rolo de Ariadne, desliza o fio à saída do labirinto.

Moisés Chaves não foge da tradição e ruptura e seu Coro é ponte segura ao Corifeu, que transita entre deuses e mortais e enamora-se com a persona em dialogismo equilibrado, concentração e sincronia feito melopeia antecipando incontinenti os passos da tragédia. Uma Voz social equilibra ação dramática e revela cuidado de contar uma das histórias profanas mais visitadas e prender a atenção do público.

Os figurinos ganham os contornos mais figurativos, embora emblemáticos. E, a primeira pele de todo o elenco está melhor representada, pois epiderme do corpo do corpus atuante. Têm, para efeitos de contextualização dramática, aliados aos contrarregras/adereços de composição, uma força que mais nos atrai para o texto, a ação, a aura do drama e o desenredo da trama urdida pela força trágica.

A iluminação sangue contorna toda a efígie dramática e equilibra o desenho cenográfico para gaiolas ensartadas
 às paredes, céus das cabeças das personagens, a lembrar das vidas aprisionadas ao destino irrelutável e cosido pela mora que costura as sobrevivências trágicas clássicas. Sígnicas aos conflitos que geracionam o ápice, as gaiolas talvez insertem um céu de prisões pululando às cabeças das personagens ao inconsciente de fugas do destino.

A música incidental viva e composta à expensa da ação dramática conflui a + energia atomizada. O quinto que elementa atrativos sinestésicos ao enredo do decifra-me ou devoro-te. Por falar em Esfinge, a opção da direção de aplicar na personagem-palavra-chave pompas e circunstâncias ritualísticas, que imergem nas raizes afrodescendentes em transversal com os ritos pagãos originais, dão um "up", já de entrada, na apresentação da detentora do poder de definir quem vive e quem morre.

Há um desfile de intérpretes que incorporam, sem baixar santo, o corpus que sangra o trágico, como a que se destaca do Coro e, Corifeu, dialoga com as personagens principais; o que marca a cena como Tirésias, do Templo de Delfos, e o Criado/pastor que guarda o segredo de condenação da família mergulhada na violência, crime, incesto e castigo derramados na casa Laio-Jocasta-Édipo.

É bonito de ver um texto trágico, de milênios, revitalizado ao discurso e voz de ocidente do lado de cá da linha do equador, com seus meandros de vontade de compor Teatro e contar dramas existenciais, de muito, mas de muito antes de Jean Paul Sartre e, bem depois do macaco perder o excesso de pelo e aprender a linguagem dos talheres à mesa.

O pequeno Homem à estatura e Grande Otelo, alcunha do talento brasileiro da grande Cena, já marcou todas as gerações antes de Ébano Rei da cepa piauís, agora eis que um Nobre desponta e marca a nova cena da cidade, devagarinho, sem a pressa de holofotes.

Ave, Kaio César!

terça-feira, 15 de maio de 2018

das AbsoLUTAS

Dança-Teatro
por maneco nascimento

Um dos + representativos Grupos de Dança Contemporânea de Teresina completa 25 anos de carreira, mantendo o que sabe fazer melhor, Dançar. E, para comemorar as bodas de prata a Cia. de Dança de Teresina Dança.
Os festejos de 25 anos do Balé da Cidade de Teresina - BCT envolvem apresentações em Equipamentos culturais da cidade. Para essa feita, a Cia. abre temporada no palco do Theatro 4 de Setembro, nos dias 15 e 16 de maio, no horário das 19 horas. 

Na veia de corpos falantes do BCT, a linguagem de Dança Teatro Nova Dança Cena Vida Cênica, bastidores de vivência feitos arte de expiação pública. O espetáculo "AbsoLUTAS", com criação de Samuel Alvis, fica em cartaz por dois dias, na terça e quarta [15 e 16 maio].

Na apresentação do dia 15, o espetáculo vem na esteira do Projeto Terças da Casa - edição Terça Dança. 

O Terças da Casa é de iniciativa do Complexo Cultural Club dos Diários /Theatro 4 de Setembro e realização do Governo do Estado/SeCult e aplica-se a convidar um artista, grupo, companhia artística para se apresentar na Casa de espetáculos, sem ônus para o/a ocupante da pauta. 

São dispensadas aos artistas as taxas de ocupação do Theatro e o Bônus ao convidado/a da vez é o arrecadado da bilheteria. A parceria Artistas e Casa de espetáculos recai sobre a divisão de divulgação da pauta agendada.



O Terças da Casa se projeta para três linguagens artísticas, Teatro, Dança e Música às Edições de Terça Teatro, Terça Dança e Terça Música. Para essa pauta de 15 de maio o agendamento recaiu para a Terça Dança e o convidado da vez foi o Balé da Cidade de Teresina 25 Anos, com AbsoLUTAS.

***Quanto à apresentação do dia 16 de maio, a Cia. de Dança segue brilhante, em expansão da temporada de comemorações do Ato de Dança e reitera o papel que compõe na cidade, enquanto Dança.

O Corredor Cultural do centro da cidade nunca mais será o mesmo depois da passagem de "AbsoLUTAS" e só vai ter olhos para as Falas, Vozes, vezes Cênica de Dança, já que o Balé da Cidade de Teresina é todo falante em Corpos que Dançam a língua, linguagem da Dança!

"AbsoLUTAS", de criação de Samuel Alvis, chama a recepção a colocar o corpo e a dança na Luta pela urgência do momento que vivemos. O preconceito e o machismo têm ceifado muitas vidas. São, ainda, os maiores causadores de muita violência, numa grande parcela da população brasileira, principalmente a de Mulheres e Gays.

O Espetáculo-dança-protesto, gera um grito de todas vozes, para que seja ouvido e reflita o contexto social da violência, vetor de tragédia e declínio de sociedade.
Agende-se. Dance a Arte que Dança em Teresina.

Serviço:
"AbsoLUTAS" - Balé da Cidade de Teresina
**terça - 15 de maio
[no Terças da Casa - Terça Dança]

**quarta - 16 de maio
[em temporada continuada]
sempre às 19 horas
Theatro 4 de Setembro
*ingressos:
R$20,00[inteira] / R$10,00[meia]
*informações:
9.9907 7714//\\9.9531 4883[Francisca]

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Diário da Caverna

um tango Piazzola
por maneco nascimento

Quando os deuses percebem os pés de barro e passam a olhar mais para si mesmos, talvez, mas só talvez, passem a desviar o olhar dos mitos fugazes da caverna em que aprenderam a antever, como lugar de conforto, o que na verdade seria uma queda livre para poço imaginado como sem fundo.

Dos entulhos de outono, dos abarrotados das passagens de estações e dos tropeços sentidos para emergir das próprias sombras é que se faz a licença poética, em dialogismo com Música e textos-memórias confessionais, alinhavados à recuperação da razão, desviada, em febre terçã, "À Flor da Pele" - o espetáculo.

A cantora Zizi Possi, senão uma das + poderosas intérpretes da MPB e temas latinos de radical familiar romanos, é também das veias de atriz. É o que se fez provar no espetáculo, em que dialoga numa imersão da própria experiência de despressurizar velhos deuses e motes perdidos de paraísos fatais e reivindicar saúde, quando reinventa-se na fuga da experiência de depressão, tema expiado na narrativa poética do espetáculo dirigido pelo irmão José Possi.

Num tecido peculiar dramático, sutil e, inteligentemente, bem afinado, a direção de arte de cena de Possi, deixa a irmã e cantora bem à vontade para contar sua história e cantar, com uma singularidade só sua, a volta a seu repertório brilhante, feito papel original à escrita da Canção Brasileira e trazer com muita acuidade artística a novo pano de fundo, o Teatro, os compositores que tão bem a fizeram cantar um Poeta.

Desfilam, na narrativa-canção confessional, dando mais liga na emenda e revalorizando o soneto, os/as Poetas Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, Rita Lee, Chico César, Gonzaguinha, entre outros + das vias de compor a partitura de desmorte e redenção da nereida de "À Flor da Pele" - o espetáculo, este que a onda da emoção e memória, como mito do eterno retorno a coração despedaçado, traz por duas versões obra do Chico Buarque que nomeia o espetáculo.

A Flor da Pele, a canção de Chico, sanduicha o espetáculo e, ao final, numa versão tango Piazzola, marca o quente coração selvagem da Poeta-cantora, que viveu o inferno de Dante na caverna do próprio demônio interior. Final quente orquestrado por um acordeon e um cordas de aço, na mimesis musical de um Astor argentino por natureza latina, retira de vez a personagem dramática do escuro das memórias de solidão da mente deprimida e a alça, anjo decaído, à redenção das Luzes.

A direção musical que se ampara no vértice instrumental de um piano, um acordeon Piazzola e um cordas de aço dão o ponto no doce. A trilha original ao vivo aquece a cena e amplia o tete-a-tete da energia maior contida entre a ação, o ato, a palavra, a música, a canção, os músicos, instrumentos, os Poetas, os músicos, a Intérprete.

Numa cenografia que varia entre visagismos da linguagem tecno das novas tecnologias direcionadas, definem pano de fundo para realçar e interagir no diálogo direto da personagem de si mesma, vivida e saltada da realidade para o lúdico, por Zizi Possi. Na espacialização + direta de contrarregra cenográfico um sofá/ostra de Afrodite e um praticável em que descansa e conta sua tragédia interior.

Seja no descanso da deusa vencida[sofáOstra], ou no visagismo de um caminho de luz cortando o céu[Apolo em sua carruagem de fogo definindo o dia e a noite], as narrativas imagéticas e sígnicas dialogam com deuses mortos, misto de mitos naturais do inconsciente coletivo, arquétipos representativos no véu de memórias reproduzidas na cenografia do espetáculo.

O figurino da atriz-Cantora, simples, em luxuoso de apresentação de deusa, arrastando vestígios de poeira das energias de que se fazem mortais e que, naturalmente, despendem ao mover-se, seja em terreno seguro, seja em margens pantanosas das memórias regurgitadas. Vestuário quase vestal que abriga aproximação em [ir]real, ou efígie metafísica representada na suspensão do enredo.

A iluminação, metamorfoseada com o visagismo das imagens projetadas, amplia o olhar da recepção e expia a parede descascada da memória; o entulho de outono no amontoado de folhas secas de eternas estações[+ cenografia definida]; uma talvez lua sem São Jorge e enviesada, ou portal de observação, espelho opaco por onde passam as imagens de si mesma, feito desvios, ou reenvio de mensagens em expansão do universo a ser descoberto. A luz reinventa as imagens e reitera o discurso da alma partida, Estrela em locomoção rumo ao primordial do sol do interior.

Por +, o texto de memórias da casa faxinada, pelo simples de contar a própria história sem recurso de querer ser Pessoa, ou Drummond, nem Graciliano, mas só Poeta das próprias dores, cumpre bem o seu papel. A direção do espetáculo usa da sagaz inteligência dramática para "impor" Zizi nas vezes de atriz e, no pulo da Gata, caliente em teto de zinco de Teatro, a faz valorizar o que + a faz tão bem, que é cantar.

E cantar Possi faz muito bem, obrigado. Dos solilóquios aos atos de grandes Canções sentidas e paridas ao sabor dramático de convergir memórias, dramas, histórias da vida como ela é e sem querer negá-las, Zizi fica tão grande feito Dulcina, Bibi, Fernanda, Pêra, Laura, et al, enquanto canta, sua melhor e maior arma de conhecimento ao "decifra-me ou devoro-te".

Em "À Flor da Pele", o espetáculo e também na Canção Buarquiana, sem desmerecer todas as outras interpretadas por Zizi[como nereida domando marinheiros], a artista encantou toda a assistência e não houve quem não quisesse mergulhar no mar desenhado pela dramaturgia construída pelos irmãos Possi.

O que se vê, ouve e sente durante uma hora e vinte de espetáculo, é um ato de fé ao drama da Canção e licenças poéticas acertadas, uma epifania aeda trazida à tona, vinda do fundo do lago escuro da memória de recuperação da Estrela que sobe e se assegura ao campo de proteção que Deus, para quem acredita, pode permitir alcançar.

O entulho de ossos revirados, a alma partida e reajuntada feito o milagre de Prometeu, dá a garantia de novo fígado à personagem e o amargo da boca é expelido na voz, no canto, no corpo da personagem, na pele e suor que dado aos mortais, no viver "À Flor da Pele" e poder contar a história com distanciamento e feitura épica de reinventar-se + outra vez pela arte.

Parabéns, irmãos Possi. Ficamos todos À Flor da Pele.

fotos/imagem: (marcelo cavalcanti de medeiros)

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Alma e Canções

para temas latinos
por maneco nascimento

Uma alma de emoções ladina é fato de que ninguém é caliente impunemente. Sangue, língua, Alma, voz e falas de poético musical ardente contido, comum ibérico para latinos, gregos, troianos e à cor trigueira do lado de baixo da linha do equador.

De dois pra lá, dois pra cá e variações + da doce e velha MPB para fossas, bossas e boleros deslizantes no âmago de espírito vertiginosamente latino-américa, o Projeto Seis&Meia - edição maio, trouxe Tânia Alves em seus desdobrados da Canção e Emoção a dramáticos leves e serenos densos, severos musicais da[s] melodia[a] sentimental[ais].

Na práxis do diálogo musical Eles e Nós, artista convidado/a + atração local, às 18h30 subiu ao palco do 4 de Setembro a cantora Gabi Carvalho e seus afiados e agudos tons em dom de cantar MPB bossa nossa.

Cantou, cantou, cantou, jamais cantou tão ela assim, só sei que os ais e és a aplaudiram de pé, a concordar por fim com sua força da canção. Seu canto de nereida encantou um mar de assistência, de público Seis&Meia que a amou do palco aos bastidores melódicos que incluíram, entre os Mais, o Poeta Chico Buarque.

O elevador, que alça Estrelas ao céu-show de espetáculos, aconteceu no seguido às vezes de Tânia Alves.

Livre, leve e solta, liberou todas as canções brasileiras de todas as estações e, em bondes felizes chamou desejos cancioneiros, amores, dores, cores, as memórias bossas outras da partitura diversa de sóis, lás, sis, rés e dós sustenidos da música popular brasileira que canta, porque os instantes existem para Cecília e outros Poetas.

Um público fiel e detido ao show-biz intimista aplicado à pecha de memórias embutidas, embaladas no emaranhado da emoção. Foi um, em dois, Projeto-Show que fez sorrir, vir, ver e, voltar quando nova atração marcar o calendário a junho, próxima agenda do Seis&Meia.

Para a noite do Projeto Seis&Meia, de ontem 08 de maio, em Teresina/Theatro 4 de Setembro, a plateia deu-se por vencida pelos apurados cantos e epifanias dramáticas de herdeiras de nereu.

Tânia Alves ainda encanta Piripiri[Teatro Auditório "João Cláudio Moreno", nesta quarta feira, 09 de maio, e fecha temporada em solo piauiense à Canção na cidade de Parnaíba[Teatro "Saraiva"], na noite de quinta feira do dia 10 de maio.

Aos amantes da boa e perolada MPB, eis que maio brindou outras notas partidas ao inteiro da Canção, que Brasileira, revela Estações a Todas as audições e ouvidos que geram interativos de recepção.

Salve, Ela. 
Viva Elas! 
Tânia e Gabi!

Evoé, Seis&Meia! 

fotos/imagem: (divulgação)

quinta-feira, 29 de março de 2018

Pérolas

aos outros
por maneco nascimento

Era tarde do dia 27 de março de 2018 e, no Theatro 4 de Setembro, na agenda do Ato 27 Ano IV - Dia 27 de Março –*Dia Internacional do Teatro e Dia Nacional do Circo, ao horário das 17h, marcado espetáculo para Escolas Públicas, apresentação em exercício de Ensaio Aberto da montagem “DIZ-RITMIA”, em expensas de estreia. O GT “Procópio Ferreira”, de Teresina PI, com direção GTProcoFer[Grupo de Teatro "Procópio Ferreira"] fez o expediente do horário.

Grata surpresa da assistência ao se deparar com + uma das reservas dramáticas do repertório Mais do Grupo de Teatro "Procópio Ferreira", companhia ascendente da Oficina Permanente de Teatro "Procópio Ferreira". 

Dramaturgia, reunindo os artistas criadores da cena, ClerysDerys, Gleiciane Silva, Kaio Rodrigues e Lanna Borges, uma resposta pancada de resolução estética e reinvenção plástico dramática para contos de Caio Fernando Abreu.

Assim se apresenta o GT "Procópio Ferreira" [Baseado nos contos de Caio Fernando Abreu. Caio Fernando Abreu trabalha em seus textos o cotidiano humano da forma mais simples e trivial possível. Estaremos vivenciando quatro fases do amor: AMOR NASCENDO, AMOR FUGIDO, AMOR VIVENDO e AMOR VIVIDO. 
A proposta do GTPF é mostrar esses amores. Cada personagem traz consigo os seus anseios diante das possibilidades suscitadas dentro de suas trajetórias amorosas. Assim, entre tantas lembranças, procuram mais uma vez se encaixarem dentro da vida real.]

Os textos encenados, Vagina Dentada”, por Kaio Rodrigues; “Fragmentos Disso que Chamamos de Minha Vida”, numa luxuosa intervenção de Gleiciane Silva“Coração de Alzira”, por ClerysDerys e, "Iniciação", na voz de Lanna Borges.

Elenco, de intérpretes concentrados à Obra e licença caiofernandoabreunianas, desnuda beleza, inferências, apreensões de vida, depreensões poético estéticas afiadas e definições de Teatro maturado na práxis de bem compreender a geografia do teatro buscado e a prospecção da geologia da arte do artista, feito discurso que germina fazer artístico. 

A direção do espetáculo, a que se diz em fase de estreia, revela cena afinada e acuidade em compor e renovar a cena local e foge, vertiginosamente, dos discursos "do teatro certo", metaforizado como falas de coletivo que só abriga o próprio lago de narciso. 

O GT "Procópio Ferreira" investe trabalho e pesquisa livre a resultados que se vê na cena, "perde" + tempo laborando Teatro limpo, discreto e sem arrojos de pupilo do senhor reitor da orelha do livro. O impacto estético de recepção é pelo simples, mas inteligente, sem recursos de academias emboloradas. Só teatro puro, simples, direto e artístico cênico.

Fecham a ficha técnica, à soma entre cartesiano e sensibilidade apurada, a encenação criada pelos quatro vértices dramáticos[Clerys, Gleiciane, Kaio, Lanna] que também assinam a concepção de iluminação; pesquisa de sonoplastia num incidental redondo às falas e vozes do Poeta; a concepção cenográfica e douram + a pérola no fecho da direção de dramaturgia.

Kaio Rodrigues que libera a primeira ação e vozes deslizadas, no sincopado das teclas da máquina de escrever, impõe economia e opera visagismo de crisálida que parte do real à projeção de Teatro de sombras, ao fundo, em luz reflexora da iluminação integrada e rara de criador/operador Renato Caldas.  A grande lua de São Jorge, ou dos diferentes[licantropia], gera efeitos belos e ressignifica a mesa de Alice e a personagem do Poeta encolhido sobre a dimensão da imagem fabular. 

As asas em milagre de libertação da essência Borboleta também gera signo limpo, na mesa do escritor, ou sombra projetada em ampliação do sentimento miracular expressionista. Kaio brilha e enquanto digere Caio, apresenta a segunda personagem Gleiciane Silva, avassaladora do mínimo ao máximo brechtniano. 

Os silêncios e ruidosos gritos, da personagem marcada na oficina de intérprete de Gleiciane, domam o espaço cênico e dosam afeição e interação com a plateia, que já vem de um primeiro significado[Kaio Rodrigues] e se integra em outros significantes apresentados por ela, num desmoronar de sentimentos e desconstrução do simétrico, para enviesar as emoções e "sujar" o chão da realidade de óbvios. Está +.

ClerysDerys bebe a taça da continuidade/descontinuidade voltada ao eu e ao outro/a da personagem e, na segurança de quem já viveu Nelson, o Rodrigues, com calma e tranquila sordidez nascidas do jardim da obsessão, densifica polidez dramática a um quase naturalismo de linguagem, mas que não se enganem os mais incautos, é premeditação em menos que reverbera o + e detém força e energia dramático econômicas ao tônus de leituras afiadas no exercício do Teatro que pratica e bem.

Então, eis que Lanna Borges, no último alinhavo da carpintaria costurada, vem nos dizer que, hora é tempo de mora dramática e ciclo de viver Teatro vivo e repercutir madrepérolas emergidas das densas e profundas buscas de acertar, oxigenar a cena e, ao alcance da apneia do mergulho, resgatar arte dramática e vez de bem compreender a cartografia que se pensou ao todo, do tido como recortes cênicos afunilados ao roteiro enredado. Pontua o último vértice com concentrado ato de bem dizer Teatro.


Já se disse que a música, a luz e as atuações inteiram a obra da cena à Obra do Poeta revisitado. A cenografia, uma mesa-balcão, um microssistem sucata e uma caixa de [Pandora], de onde "vomitam"  pregos, elementam o quinto ponto, a contarregra auxiliar da narrativa.

E, o figurino de criação de Gleiciane Silva, opera uma visualização plástica que vai se emendando no constructo dramático, cada vez que uma personagem desliga sua performance para a entrada luminosa da próxima. Como apontou João Vasconcelos, há um fio condutor, e os cordões vermelhos que estão nos ombros, dorsos, barra dos vestidos das mulheres costuram as linhas de ariadne e dão a dica do tempo de coser memórias e experiências afetivas.

Teatro no tempo certo, sem sobras nem sombras de dúvida de que é uma cena de vigor e limpeza dramática, e fideliza obra e autor e renova olhar sobre Caio Fernando Abreu que, por si mesmo, já libera muitas emoções e interações estéticas.

Parabéns a ClerysDerys, Gleiciane Silva, Kaio Rodrigues e Lanna Borges e ao GT "Procópio Ferreira" que muito se nos puderam apresentar no dia em que se comemorou o Dia Internacional do Teatro e Dia Nacional do Circo.

É Teatro Brasileiro, é da cepa Piauís e Teresina não declina do orgulho de poder recepcionar Teatro que operacionaliza novos vieses e olhares da cena local, sob a luz de ciência e sensibilidade dramáticas. Teatro mesmo e bom!

Evoé, GT "Procópio Ferreira"! 

Garimpagem d'ouro

entre cascalhos...
por maneco nascimento.
[Ato 27 Ano IV- Dia 27 de Março –*Dia Internacional do Teatro e Dia Nacional do Circo Tarde15h Teatro “Torquato Neto”Teatro: Espetáculo “Sofismo”com Ryck Lima Teresina PI
"Sofismo", espetáculo Solo de Ryck Lima, com texto de Lorena Nolêto e direção de Maneco Nascimento. A vida ao encontro e desencontros, na descoberta de si mesma, é o tema do enredo da personagem que avalia a própria existência e encontra nas novas escolhas a liberdade de identidade e reativação de projetos ao futuro de sobreviver no mundo nosso de cada dia. Com duração de 40 minutos, o espetáculo classifica-se para 16 anos.] 
Era Dia do Teatro e do Circo, então deu-se palmas ao Teatro e ao Circo. 
Pela manhã, lá pelas 10 horas, no Palácio da Cultura[SeCult], o Circo em Performance "Equilibrista Escola de Circo", da Escola de Circo Ponto de Equilíbrio, de Teresina, assinou, Presente! 


Depois da ação do Projeto Equilibrista Escola de Circo, realizado pela Organização Ponto de Equilíbrio e um cofffe break com o Secretário de Cultura, Fábio Nuñez Novo, que girou até o meio dia, do 27 de março, para público e convidados, artistas, representantes de classe, dramaturgos, amigos da cena e mais quem veio, deu-se a hora da manhã por encerrada.
A concorrência, depois, seria a partir das 15 horas, quando o Teatro se instalaria no Complexo Cultural Club dos Diários/Theatro 4 de Setembro, mais especificamente no Teatro "Torquato Neto"[Club dos Diários]. A viva voz da hora e da vez, o espetáculo "Sofismo", de Lorena Nolêto, para atuação Solo de Vick Lima.

O elenco se preparou, esperou e quando deu a hora e a vez da augusta matraca lidar com a cena, a atriz Vick Lima aprisionou a assistência ao seu discurso sofista de bem contar uma/sua/nossa história e compor meandros dramáticos de memórias que regurgitam experiências e reinvenção da própria realidade.


Sua construção da personagem à narrativa, encontra na realidade dramática aforismos de [re]viver vida e drama licenciados na partitura de dramaturgia pragmática e discursiva de ser Teatro e ser Humano, em vozes das sociedades que se reorientam. Deu seu + e agitou um brilho reluzente ouro emergido dos cascalhos. Concorreu à própria pressa das falas e degustou rápida e quente a sua ação dramática. Mais calma, mais efeito seria de ligar a recepção dos vasos comunicantes. Mas, bem se deu seu Teatro.

Encerradas as alianças público e Artista, uma escola pública estadual[Liceu Piauiense] convidada, chegou atrasada para a sessão. Foi aberta uma rodada de discussão, envolvendo alunos/as, professores e público da hora. Gerou pauta para orientação sexual, gênero e comportamento que se impõem às novas sociedades. Estudantes curiosos e atentos e inferindo na franca conversa, mediada pela professora Bandeira e, num bate e volta, à atriz Vick Lima e à autora do texto encenado, Lorena Nolêto.

Duas intervenções na cena do discurso se firmaram. Uma da atriz, poeta, cantora, compositora, artista visual, Josélia de Jesus. Quebrou o protocolo e mandou ver suas angústias da hora e dramas vomitados da essência de sua intensa lucidez. Terminadas suas falas, o ator maneco nascimento convidou o público de estudantes para ver a práxis dramática e refletir sobre a conversa mantida até ali.

Era a hora de uma sessão extra de "Sofismo". Pegas de surpresa, a atriz e autora, assomaram a ideia de improviso teatral e, enquanto Vick Lima se preparou para voltar à cena, Lorena conduziu mais uma geleia gerou de conversas trocadas com estudantes.

Vick Lima veio, viu, venceu e, sem orgulho de Césares, nem meneios de mitos afogados na lagoa das vaidades, deu um mesmo recado.

Dessa vez, à plateia que interagiu mais in instantâneo, reagiu bem aos recortes de humor afinado da carpintaria dramática e deslizou feliz no enredo encenado, anuiu ao discurso de apresentação da personagem.

Riu, gargalhou, ovacionou, tirou selfie de fundo coletivo, enfim, uma plateia interativa total.


Vick Lima e o "Sofismo" tiveram, de presente, à agenda da hora e do dia Internacional do Teatro e Nacional do Circo, uma dupla pauta de apresentação e um efeito gratificado ao que e quem dedilha práxis de atuação.

Quando o universo conspira Teatro, não há teoria da conspiração que quebre as correntes de energia que detêm a arte do espetáculo, da revivificação da cena, da arte do Teatro que é vida de esteio dramático.

Parabéns aos artistas envolvidos na agenda das 15 horas, aos Artistas em comemoração ao Seu Dia e à arte que pede passagem, cortinas, luzes, público e objeto satisfeito a cada prática do exercício do exercício que equilibra o sujeito Teatro e suas cenas.

Evoé, Dia Internacional do Teatro e Dia Nacional do Circo!

fotos/imagem: (professora Bandeira[Liceu Piauiense]/Lorena Nolêto)

terça-feira, 20 de março de 2018

Dessas Batalhas

que vencem sempre
por maneco nascimento

À tarde do dia 14 de abril, na abertura da Semana Nacional do Teatro em Teresina-SeNThe, a atração da hora, às 18 horas,  repetia-se à melhor performance de espetáculo realizado, na véspera, em Campo Maior, pelas comemorações do 13 de Março.

A hora era do Musical "A Batalha do Jenipapo", para texto de Bernardo Aurélio, direção musical de Edivan Alves e direção geral e de arte de Franklin Pires.


Na porta do Theatro 4 de Setembro, após a apresentação da Banda da Corporação do 25o. BC - 100 Anos; o Hino Nacional cantado por Gislene Danielle e Edivan Alves; mais a performance "Tal Dia é o Batizado!", com alunos/as da Escola Técnica Estadual de Teatro "José Gomes Campos", chegaram os ventos cênicos do Musical "A Batalha do Jenipapo" , com elenco de + de cem artistas envolvidos direta e dramaticamente na cena quente de espetáculo a céu aberto.

Franklin Pires e Edivan Alves conseguem reunir emoção, memória e história brasileiras e demonstrar que a arte pode e deve pedir licença e gerar poesia, sem comprometer ciência e academia, mas especialmente deve realizar Teatro sobre o que quer que seja, que gere cena viva e deslocada de ranço de academicismo de orelha de tratados científicos.


Teatro é Teatro, História é História, Teatro é História e História é Teatro e a Escola de Annales quebra as barreiras que engessam discursos de que História não pode ser Teatro, ou dialogar com ações dramáticas de reproduzir memórias.

O espetáculo Musical "A Batalha do Jenipapo" abre margem de curiosa atenção a fatos históricos, narrados de forma lúdica e poética e, encontra no elenco corajoso que concorre à audição de participação na revitalização da cena da cidade, pondo a escanteio a preguiça, os velhos e azinhavados medalhões do Teatro estreitado pela leniência e descuido de atuar e, reinventa-se ao mote do Teatro de defesa de Brook.

Pois assim é que é o espetáculo, trazido às vezes de história, memória e musical, que abstrai ranços de quem faz menos pela ação dramática viva da cidade e subtrai o Teatro engodado pela falta de ousadia e coragem de reinventar o modus operandis de assinatura da cena que se propõe a novidade no Piauí.


Franklin Pires coaduna atores, atrizes, cantores, cantoras, capoeiristas, criança, jovens e adultos, gerações entrecruzadas de artistas da cena local e os torna estrelas de narrativa dramática, já repetida para vinte edições, com diretores e elenco distintos, haja vista o espetáculo de 2018 completar 20 anos de Atos encenados do Projeto de espetáculo às comemorações do histórico 13 de Março.

O diferencial para esta versão 2018, que já se havia concretizado em outras duas oportunidades anteriores, capitaneadas por Franklin Pires, é que é às feitas de Musical. A dobradinha Edivan Alves e Franklin Pires revalorizam a cena de ação dramática de palco aberto a céu livre e deslizam atos musicados e interpretados por solistas e coro afiados e afinados no desenho dramatúrgico de reiteração da história real dramatizada.

Num universo conspirado de livre inspiração ao modelo do musical Os Miseráveis, de Victor Hugo, o enredo musicado "A Batalha do Jenipapo" se instala no contexto da história da Batalha às margens do Rio Jenipapo, no município de Campo Maior, ao norte do Piauí, em que campônios juntos e fortes são flecha e arco da revolução que brasileiros perdem a guerra, mas vencem a batalha e inscrevem no capítulo da história brasileira a luta de adesão à causa da Independência do Brasil.


Enredo inteligente, dinâmico e perspicaz para recepção dramática, o Musical "A Batalha do Jenipapo" empertiga talento, vivacidade de alimentar drama em cena limpa, degusta o sabor de compor arte e fato histórico à pena da licença de poesia dramática epopeica, sem perder-se ao limbo de drama estéril e estética engessada de contar história, que não fugiria da historiografia cartesiana.

Basta-se com estética de novidade e eficiência de atrair e ganhar a recepção pelo emocional desenhado na pauta melódico-trágica de bem contar um fato histórico.


Por vinte anos de Projeto de espetáculo, três diretores [Arimatan Martins, Siro Siris, Franklin Pires]  passaram pela prancheta de criação-reprodução do dado histórico do 13 de Março. Dadas as medidas particulares de olhar dramático ao Projeto, fica na ponta de mais ousar e criar um novo viés os ventos que sopram para o lado de Franklin Pires. 

O resultado está lá, o envolvimento coeso, a sinergia estética aplicada, idem. E, os desdobramentos que correm aos olhos da assistência ressoam mesmo depois que a "tragédia" contada se desmancha e o elenco se recompõe e canta o Hino do Piauí. Musical? Sim! Por que não? Indiferente? Nem por uma sombra, que se houvesse teria sido escolha dramática de diretriz do encenador.

Imagens, emblemas, composição de elenco, figurinos, campos de atuação das personagens das simples às autoridades espelhadas no roteiro, que deslocam ação e imprimem compromisso de interesse do público ao  contado.

Tudo está na conformidade da técnica e estética da proposta apresentada para espetáculo com diálogos e canções e encenações. Então, está é bonito! Só não gosta que já mordeu a ponta da língua da desídia, inveja "Branca de Neve!" e desaprendeu o jogo de jogar pelo coletivo.

Teatro. Teatro limpo. De tradição e ruptura. De Renovação do discurso estético. De atenção ao novo que nasce da conformidade do velho[Pound] e, especialmente, Teatro vivo, "doelha a quem doelha!"

Se há novos dramaturgos, diretores, atores que poderiam realizar mais eficientemente que Franklin Pires, que se apresentem e apresentem Projeto que desbanque o modelo que Pires se banca como criador. Caso contrário, continuarão a regurgitar modelo de lamúria e saliva ácida escorrendo pelos cantos da boca seca de construção de novidade à cena local.

De mais: mais trabalho, pesquisa, imersão nas próprias limitações para prospectar algo que se se possa renovar a si mesmo e até apresentar algo que surpreenda a nosotros. Por ontem, por hoje, por hora, Franklin Pires e seu Musical "A Batalha do Jenipapo" estão no lucro...

Parafraseando o Poeta e Anjo Torto: difícil é não apontar falha nos outros, quando a própria inapetência em criar o novo insiste em bater à porta e lembrar que desaprendeu da reinvenção criativa e perdeu o bonde da criação que gere até "inveja branca".

Parabéns Bernardo Aurélio, Edivan Alves & Franklin Pires.

Evoé, Musical "A Batalha do Jenipapo"!

fotos/imagem: (Geirllys Silva/divulgação ascomSeCult)

domingo, 18 de março de 2018

Evoé, SeNThe!

É de Teatro!
por maneco nascimento

Uma Batalha a cada dia e uma empreitada em que a arena de olhares de artistas espreita "cristãos", insistentes em manter a fé no deus de seu Teatro e, em teatro paralelo, mundo de narcisos, onde disfarçados de Nereidas, emergem do lago da cena a ato público, a regurgitar a personificação da personagem ao artista do drama à personagem que acredita gerada ao ritual de religião artística... mas Teatro, do palco, do texto, dos discursos, das vozes, das falas, dos corredores, das acomodações de aptos de hotel, das meninges inflamadas aos dramas que creditam ao Teatro para luzes e sombras, sob a luz das ribaltas sobre o ego dos artistas feitos para cenas e Teatro.
De 14 a 17 de março de 2018, Teresina recebeu a segunda edição da Semana Nacional do Teatro em Teresina. SeNThe. Que é Teatro e Encontros e Diálogos e Interações Estéticas de Dramaturgias permutadas entre artistas, estados e regiões e experiências reinventadas na arte do Teatro.

Nas falas do coordenador, João Vasconcelos,  no encerramento da Semana de Teatro, a certeza repercutida ao último dia, 17 de março, de que "- no encontro dos rios, dos risos e das artes - concluímos mais uma maratona de teatro brasileiro e uma empreitada de diálogos com colegas de cena e com a cidade que nos acolhe pelo Projeto".

Teresina recebeu espetáculos e oficinas de dramaturgia de cena e novidades vindas de Apodi/Mossoró RN; Rio de Janeiro RJ; Fortaleza Ceará; Salvador Bahia; Rio de Janeiro RJ e os municípios piauienses de Bom Jesus do Gurgueia e Parnaíba. Claro que a cena teresinense, também presente, anfitrionou o/as colegas que chegaram de outros cantos brasileiros e disse, sejam todos bem vindos!

Dionízio Cosme do Apodi e sua Cia. Pessoal do Tarará brindaram público e cidade com sua verve de viver e amar o fazer Teatro. Uma overcena no matiz do diverso expressivo de abrir leituras às recepções, que interlocucionaram a arte dramática potiguar. Uma ópera-práxis de excelência teatral dedilhada ao público da cidade.
*Theatro 4 de Setembro. 14 de março [quarta feira], 20h. Grupo Pessoal do Tarará – Apodi/Mossoró RN. “Casca de Noz” /Espetáculo Solo – Dionízio Cosme do Apodi. Dramaturgia, Direção e Atuação, Dionízio Cosme do Apodi; Iluminação, Luciana Cosme do Apodi.
*Espaço Cultural “Osório Jr.”/BCD. 14 de março [quarta feira], 20h30 Grupo Pessoal do Tarará - Apodi/Mossoró RN. “O Andarilho” /Espetáculo Solo – Dionízio Cosme do Apodi. Dramaturgia, Direção e Atuação, Dionízio Cosme do Apodi.
*Teatro “Torquato Neto”. 15 de  março [quinta feira]14hGrupo Pessoal do Tarará – Apodi/Mossoró RN. Leitura de “Chico Cobra e Lazarino”. Texto de Racine Santos. Elenco, Dionizio do Apodi e Heitor Vallin.
*Teatro Nazaré [bairro Extrema /Grande Dirceu]. 16 de março [sexta feira], 19hGrupo Pessoal do Tarará – Apodi/Mossoró RN. Leitura de “A Terceira Margem do Rio”, de João Guimarães Rosa. Elenco, Dionizio do Apodi.
15, 16 e 17 de março. 9h às 12h, Complexo Cultural Club Diários/Theatro 4 de Setembro. Dionízio do Apodi. Apodi/Mossoró Rio Grande do Norte.  Oficina O Pequeno Teatro Que Move 
O Rio de Janeiro, através da Cia. Popular Versátil, demonstrou à cidade o seu Teatro de densidade e perfil de termo e forma dramáticos, às desvistas de Brook, com a tradição da cena e revelação de elenco inspirado no mote aristotélico de repetir cena forte e dialogismo de ficcional-realidade discursiva de escolha, [des]sexualidade, aptidões sensitivas despertadas na escuridão do sujeito "morto" e a revalorização do objeto discursivo de educação e identidade homoafetiva, ou não?
*Theatro 4 de Setembro. 15 de março [quinta feira]20hCia. Popular Versátil - Rio de Janeiro RJ.“As Divinas Mãos de Adam”. Texto, Roberto Muniz. Direção, Emer Lavinni. Elenco, Ana Carolina Rainha, Héctor Medina e Mario Cardona.

O Grupo Bagaceira de Teatro, de Fortaleza Ceará, se nos apresentou três meninas/meninos do Brasil, de corações anáquico-democratas, de convexas arquiteturas inquietas e partitura social de falas mulatas.

Gênese da rua de contemporâneo urbano, na reflexão de nichos, vozes sociais, língua em línguas de fogo pagão, gênero e sujeitos sociais reinventados na ascensão das sociedades brasis, que se movem nas franjas da sociedade e, definem território de sobrevivência na delação do status quo que vende-se no mundo asséptico, desviado das urbanidades pululantes.

O sangue pagão derrama-se sobre a assistência e descora o contente, numa quase escatologia, um caos nietzschiano e humor cáustico, na irreverente estética concentrada do Bagaceira. *Teatro “Torquato Neto”. 16 de março [sexta feira], 19h. Grupo Bagaceira de Teatro – Fortaleza CE. “Meire Love”. Texto, Suzy Élida. Direção, Suzy Élida e Yuri Yamamoto. Elenco, Rafael Martins, Rogério Mesquita e Yuri Yamamoto.


"Pássaros de Copacabana", um libelo de licença poética dramático-musical-confessional documentário social-discursivo de gênero, em simbiose de vida e arte regurgitadas às expensas de enredar público à estética do cancioneiro brasileiro a la Ary Barroso, entrecruzado com as memórias do artista/travesti e cidadão do mundo biz tecnicolor de bastidores da memória. 
Um fá sustenido na partitura da vida do artista que encontra no arquiteto da personagem, Marcelo Praddo, um casamento de domínio, eficiência de dramatizar e cantar Ary, ao passo que revaloriza a melopeia da personagem construída. 
Gil Vicente Tavares e sua companhia dramática do Grupo Teatro NU aprisionam recepções encantadas, ao enredo deslizado, na fuga do óbvio ululante, enquanto discute questões de gênero, liberdade, exceção e reinvenção da natureza que sobreviveu ao golpe escorpião. Um máximo de teatro para ator e método flexionados na esteira deus Ex-machine de fuga da catarse arrebatadora. Mais Teatro vivo, viva o Eu no Outro. 
*Theatro 4 de Setembro. 16 de março [sexta feira]. 20h - Grupo Teatro NU - Salvador BA
“Pássaros de Copacabana”/Espetáculo Solo - Marcelo Praddo. Texto, Direção e Concepção geral, Gil Vicente Tavares. Direção Musical, Jarbas Bittencourt. Músico ao piano, em elipse de cena, Elinaldo Nascimento.
Ainda da Bahia, dias 15, 16 e 17 de março, 9h às 12h, Complexo Cultural Club Diários/Theatro 4 de Setembro. Elinaldo Nascimento, Salvador Bahia.      Criação de Trilha sonora e direção Musical de Espetáculo.

O Rio de Janeiro, de Paulo Betti, trouxe uma mala de surpresas e de diálogos e interações que demarcaram agenda extensa. Exibição de filme, sob direção e atuação do ator e diretor de teatro e cinema. 
Espetáculo de imersão na biografia particular e memórias afetivas do homem e artista Paulo Betti, mais conversa com estudantes e público acerca da realização do filme AFeraNaSelva e conversa com alunos e convidados na Escola Técnica Estadual de Teatro "José Gomes Campos" e, ainda, passeio livre, desacompanhado  de chofer, pelo centro da cidade, em percurso do Hotel ao Theatro 4 de setembro.
Um artista sem frescuras, nem assomos de divindade autoproclamada. 

Só o homem, o cidadão, o brasileiro detentor de sua arte, sua obra, sua identidade e seu modo particular de ser e conviver entre os iguais, fossem artistas, ou pessoas comuns[fãs] que o reclamassem para um diálogo de convivência.

Na cena, um homem particular, desvendando entre humor, delicadezas e revirar da própria história cunhada, na sua terra brasis, um exemplar de compor e interpretar intervenções e interferências na própria vida, feito obra artística dramática para aproximar estetas, atletas, gregos, troianos, românicos e toda uma sorte de recepção que mergulhe na identidade de humanidade simples e comum expiada.

*Theatro 4 de Setembro. 17 de março [sábado]. 20h  “Autobiografia Autorizada” /Espetáculo Solo - Paulo Betti. Criação, Direção e atuação de Paulo Betti. Direção, Rafael Ponzi.

Bom Jesus do Gurgueia e a Cia. de Teatro da cidade, apresentou na Galeria dos Diretores[Theatro 4 de Setembro], uma tirada de humor cotidiano, em expressivo da novidade e imberbe dos novos artistas da cena do município ao sul do Piauí, que vem garantir seu lugar ao sol e às agendas de prática dramática.

*Galeria dos Diretores[Theatro 4 de Setembro]. 15 março 2018 [quinta feira], 18h, Cia. Cênica de Teatro da Cidade de Bom Jesus – Bom Jesus do Gurgueia PI. "As Fofoqueiras", Texto, Leandro Leão. Adaptação, Felipe Paiva. Olhar externo e orientação de palco, Adelina Barbosa. Coordenação cênica, Beth Báttali.
"Cães e Ratos", do Coletivo Cabaça, da cidade de Parnaíba, enreda a drama reflexional. Uma bricolagem de história e memória da exceção brasileira, com depoimentos documentais de memórias de tortura, prisões e violências contra resistentes ao ato ditador e a dramaturgia de Ryck Costa realiza dialogismo intertextual com um país de nosso agora. 
As personagens coisificadas intertextualizam com "Os que bebem como cães", do grande piauiense Assis Brasil e o drama pulveriza a outros elementos, na escala de mais que cinco, a contextos sócio-políticos brasileiros e identidades similares mundi da natureza humana, quando expia poder, domínio, discurso, ideologias e a inexpugnável inessência do ser,que define ação de controle sobre outrem. 
Denso, trágico, dramático overcinza, "Cães e Ratos" delibera narrativa discursiva e crítico reflexiva dos Brasis de nossas margem de consciência, compreensão, conhecimento e deslocamento de atenção ao memorial histórico nacional.
*Galeria dos Diretores[Theatro 4 de Setembro]. 16 de março [sexta feira], 18h, Coletivo Cabaça - Parnaíba PI. “Cães e Ratos”. Direção/Dramaturgia, Ryck Costa. Elenco, Aléf de Padua, Nill Carvalho, Josi Almeida, Hirlan Kupfer, Ryck Costa. Preparação corporal, Eugênia Castelo Branco.

SeNThe. Toda Teatro em inspiração da cena brasileira que por aqui fez chegada. Evoé, SeNThe!

fotos/imagem: (Geirllys Silva)