sexta-feira, 16 de junho de 2017

Tinha um Caminha

no meio do sebo...
por maneco nascimento

Dentre os que olham ao derredor, no meio do caminho tinha uma pedra de 13 milhões de analfabetos. Terra de grandes mestres escritores e, leitores, menos, em relação à Argentina, por exemplo, que tem para cada Livraria, o correspondente aqui no Brasil a uma farmácia.

Ou, como declaram as pesquisas, nosso é o país muito, mas muito + atrás da França, esta que lê muito e bem, seu rosário de exemplares e até elegeu um brasileiro, mago das escritas auto ajuda, como seu queridinho.

Quanto a mim, seria, eu, alguém que cava, também, a própria sepultura. Mas, enquanto inconclusa esta tarefa de (des)continuidade da vida, vou lendo um pouco aqui, algo + alí... "Alguma Poesia", se ninguém me impedir, e seria de todo ímpeto em não permitir tal ousadia. Mergulho no "Brejo das Almas" e que nunca me falte um "Sentimento do Mundo", porque não vislumbro maior jardim que não passe pelo que plantou "A Rosa do Povo".

Leio  porque faz bem. Alguém já disse que quem lê tem menor chance de envelhecer solitário. E a ciência que mantém, a cada segundo, o mundo atento às novas (dez)cobertas e regências do mundo comtiano, nos assinala que ler exercita sinapses e corrobora para manter a mente viva. Leio porque existo. Leio, logo (re)penso. Leio para não esquecer.

E, como um razoável garimpeiro de sebos, sempre esbarro em pérolas deixadas aos outros. Fosse inventariar as peças preciosas... hum, daria... uma Esmeralda Bahia, aquela brasileira que os Estados Unidos é dona. Mas este não é o assunto. Desta feita, tinha que passar pelo sebo frequente e, entre alguns reais investidos, gastei bem, também, num Caminha no meio do sebo.

"Drummond A Lição do Poeta", de Edmílson Caminha caiu bem em minhas mãos. Em comum, entre eu e o intelectual, talvez só o Poeta itabirano, o meu grande amor da poesia brasileira. De mim, o admirador incondicional e leitor apaixonado. De Caminha, um privilégio muito maior, além de admirador, leitor arguto, pesquisador, comentador da Obra do Poeta, também amigo conquistado.

Como ia dizendo, um livro que ainda não havia passado pelo meu caminho. Uma edição comemorativa do centenário de Carlos Drummond de Andrade, editada pela Oficina da Palavra, já numa segunda edição, de 2006. Uma preciosidade para quem gosta demais de CDA. E eu morro e não nego, amo Drummond.

Entre as pepitas colhidas ao Livro, uma entrevista com o escritor (janeiro de 1984), direto, humorado, de ironia refinadíssima e de uma sinceridade peculiar. Crônicas, trechos doutras, poemas, seu jeito de ser humano, educado, discreto, sincero, mas sem meias palavras e toda poesia, seja nas entrevistas, comentários, posição política, posição humana de ser quem é Carlos Drummond de Andrade.

O diálogo do pesquisador ao autor se vai estreitando, de forma simples e rebuscada das memórias construídas entre o admirador e o Admirado. Dos recolhidos à feição de homenagem ao artista, "A Lição do Poeta", uma rica e inconteste Entrevista (Janeiro de 1984) e "O QUE FIZERAM COM O PORTUGUÊS?" (CDA).

 +, ainda,  "Em Torno de Drummond"; os títulos de artigos "Drummond em Latim"; "Ciao, Drummond"; "Diário de Bordo"; "Tempo, Vida e Poesia de Drummond"; "Itabira, Drummond, O Cometa etc."; "A Presença Viva de Drummond"; "Crispim, Barba Azul, Drummond"; "Lembrança de Drummond"; "Na Toca do Urso Polar"; "Brejo das Almas: Um Lugar na Poesia de Drummond"; "Gol de Drummond".

As cartas do Poeta em respostas ao admirador, "Remetente: Carlos Drummond de Andrade". É mesmo um privilegiado Caminha no caminho de Carlos Drummond de Andrade. Uma fortuna crítica de correspondência entre o cearense, admirador, e o mineiro de Itabira, o Poeta, em seus sucintos, delicados e atenciosos escritos em respostas a Caminha.

E, de Drummond, "Poema para Ana Carolina"; "Versos para Mariana"e, "Uma Pedra em Tupi" (tradução para tupi de Gerobal Guimarães) e "Poema de Carvalho" (Drummond Revisitado, de Francisco Carvalho para Edmílson Caminha) + "Testemunho de Placer" (A Propósito de CDA, de Xavier Placer para Edmílson Caminha).

Uma fortuna de memórias brasileiras da + pontual literatura revisitada e homenageada. Esse Poeta, o Drummond, com muita justiça incensado na justeza de "Drummond A Lição do Poeta", do organizador Edmílson Caminha.

fotos/imagem: (capa da primeira edição)

Um prazer de boa leitura!

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