sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Ensaio Torquato

Vocal
por maneco nascimento


O Grupo musical Ensaio Vocal estreou + uma peça de seu repertório das "canções que você dispensa pra mim", quando ouço a canção brasileira.

O Show "Pra Não Dizer Adeus", com direção de José Afonso de Araújo Lima e direção musical de Aurélio Melo, foi visto no Theatro 4 de Setembro, noite de 29 de setembro, às 20 horas.

Da poética musicada de Torquato Neto, "Pra Não Dizer Adeus" é um resultado charmoso, afinado e encontra endosso artístico nas vozes de Andrea Miranda e Luiza Miranda (sopranos); Fernanda Libório e Luciana Libório (contraltos); Aurélio Melo e Vagner Ribeiro (tenores); Ananias Júnior e Paulo Aquino (Baixos) e, no auxílio sonoro instrumental, Aurélio Melo (violão); Paulo Aquino (contrabaixo); Gustavo Baião (teclados); Wilker Marques (sopro) e Gilson Fernandes (bateria/percussão).


Os figurinos e cenário, de Bid Lima; a iluminação, de Pablo Erickson e a maquiagem e cabelo, de Denis Coulter, completam a estética de aproximação plástica e interativa com a obra torquatiana, trazida à cena pelo efeito das canções originais de Torquato e parceiros musicais e os arranjos de A. Melo.

As + emblemáticas músicas de identidade anjo tortas, como Mamãe Coragem, Louvação, Geleia Geral, Sabiá, A Rua, Deus Vos Salve a Casa Santa, Go Back, Let's Play That, entre outras, enriquecem o repertório cantado e o corpo do roteiro apresentado vai definindo uma boa dose de alegria e prova dos nove e bananas ao vento do brasileiro confesso Torqua.

José Afonso consegue, em sua cartografia dramática às canções, alinhar cenas e músicas numa leveza despretensiosa, distanciamento estético em dramático feliz, presente, e de um tropicalismo sem antropofagias agressivas.

As falas do Poeta, cantadas, encontram na técnica e maturidade de bem cantar do Ensaio Vocal um casamento, sem grandes segredos dantes, nem graves secretos dentes, sem novos dados aparentes, metapropriando a poesia original.


Já as vozes do Poeta, nos poemas escolhidos para serem ditos pelos intérpretes do elenco do grupo vocal, parecem não alcançarem um "up". Ou porque uns se intimidaram, por talvez serem cantores e acharem não poder imprimir emoção de ator, ou por outro(a)s não estarem na vibe da poesia falada e perderem tato quando não estejam cantando.

De sorte é que enquanto cantam é um luxo, mas nas vozes dos poemas falados há um pequeno encolhimento da performance, salvo Vagner Ribeiro que parece estar + à vontade, por desempenhar um timing de artista pop de feira.

Uma tranquilidade de se aproximar da fala + casual em A. Melo e P. Aquino e uma ênfase semi-afobada em Ananias Jr. As cantoras parecem + intimidadas e se livram rápido da palavra falada.


Nada que desmereça o ótimo nível do show. Há uma alegria e humor musicais que passam pelos arranjos implementados pela competência de A. Melo. Uma descontração tranquila em todo o elenco, com um diferencial de + à vontade, em Luiza Miranda, que ganha o domínio da cena e informaliza a própria performance, dando graça e leveza, no particular, contida no todo.

Ensaio Vocal continua detendo a mesma fórmula, que acostumamos  a bem ver e ouvir, nos palcos, seja para canções de Buarque, seja para alegorias de bananas e parangolés ao vento das vozes de Torquato.

Em "Pra Não Dizer Adeus", as cores suaves e desenhos dos figurinos; a cenografia móbile de cercas de talos de coco babaçu, pendida do céu do Theatro;  a luz; as músicas, arranjos; os músicos afiados e o coletivo vocal afinado que reverbera as falas do Poeta deixaram um gosto de quero + a quem veio curtir a canção brasileira na veia musical de Torquato Neto.

fotos/imagem: (Luciano Klaus)

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