terça-feira, 31 de maio de 2016

"Os Salvados"

do Raizes estreia no Theatro 4 de Setembro

O Grupo Raizes de Teatro estreia mais uma montagem em seu repertório de trinta nove anos de ações continuadas à cena local.

"Os Salvados", de Aci Campelo e direção de Wilson Costa estreia, nesta noite do dia 31 de maio, no Theatro 4 de Setembro, às 19 horas. Os ingressos estarão sendo comercializados  a preços populares de R$ 10,00, a meia entrada, e R$ 20,00, a inteira.

A montagem acompanha a linha da investigação de temas brasileiros que o Grupo de Teatro Raizes desenvolve. "Os Salvados" está pautado na trajetória de discussão de grandes temas à reflexão crítica. A peça contextualiza-se no misticismo do homem nordestino e porque não dizer do homem brasileiro.

"Os Salvados" narra a história de personagens que seguem a caminho de pagar suas promessas na terra do santo de devoção. A viagem é interrompida, quando o caminhão pau de arara vira num desastre de grandes proporções.  Em meio aos destroços, os sobreviventes esperam por socorro numa rodovia deserta.

No desenrolar da tragédia inscrita, a história de cada um dos que viajavam vai sendo contada de forma tensa e dramática. Sobreviveram ao desastre cinco pessoas, um latifundiário, um sem terra, uma prostituta, uma beata e seu filho. Todos ligados ao mesmo fim comum, pagar promessas ainda que estas tenham  motivos diferentes. A prostituta, por exemplo, ia no carro para faturar alguns trocados com os romeiros.

O elenco é formado por Ademilton Moreira, Állex Cruz, Cláudia Amorim, Fernandes Torres,  Lorena Campelo e Wilson Costa. A Luz é de Assai Campelo. Cenografia, Figurinos e Direção de Wilson Costa. Produção executiva de A&C Promoções Culturais.
 
(Lorena Campelo e Wilson Costa/divulgação)


 (W. Costa e Claudinha Amorim/divulgação)


(L. Campelo, atriz, diretora e coordenadora do Raizes/divulgação)

O Grupo Raizes de Teatro completa, em 2016, 39 anos de atuação. Com "Os Salvados" o Grupo continua dentro do espírito de objetivos propostos, suscitar debates e reflexões e, para esse eixo, reverbera a questão da fé, em um quase fanatismo, como um dos grandes temas da cultura religiosa nordestina.

(arte Os Salvados: Paulo Moura[irmãodecriação])

A montagem será apresentada dentro do Projeto Terças da Casa, que na versão Terça Teatro absorve espetáculos que estão em cartaz, ou que estreiem para fins de ocupação de pauta no Theatro 4 de Setembro nesse Projeto. O Terças da Casa é mantido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura do Piauí e tem logística de recepção do Complexo Cultural Club dos Diários/Theatro 4 de Setembro.

Serviço:
“Os Salvados”
hoje, 31 de maio
às 19 horas
Ingressos: R$ 10,00(meia)/R$ 20,00 (inteira)
Informações: 3222 7100/ 9.8824 5972(Lorena Campelo)
9.8868 7236(Wilson Costa)
9.8817 2201(João V.)

Classificação 12 anos
fotos/imagens: (divulgação)

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Aniversário do Café

"Genu Moraes!

Hoje é dia de Genu. Será comemorado, nesta noite do dia 30 de maio, um ano de criação do Espaço Cultural Café Literário "Genu Moraes". 

A partir das 19 horas, desta segunda feira,
todos estarão voltados aos autores/as que, reunido(a)s no "Genu Moraes", lançarão suas obras em ação coletiva aos amigos, admiradores, leitores e curiosos que comparecerão ao Café Literário "Genu Moraes"(anexo do Theatro 4 de Setembro).

(uma Mulher formidável/acervo Genu Moraes - Traços e Cores)

No dia 29 de maio de 2015, o Espaço Cultural Café Literário "Genu Moraes" tornou-se local em que, às segundas feira, seria o melhor abrigo a lançamentos de livros produzidos no Piauí e Brasil.

O dia 29 de maio, neste ano, caiu no domingo. Os lançamentos de livros no Espaço Cultural sempre se dão às segundas feira, logo este dia 30 de maio, um dia após o aniversário do Café, será tempo de festejar o "Genu Moraes"
 
(uma revolução no céu dos artistas/acervo Genu Moraes - Traços e Cores)

E os eventos de festejos contam com música ao vivo - Piano Bar, de Carla Ramos; Abertura da Exposição "Genu Moraes - Traços e Cores", com diversos cartunistas brasileiros que imortalizaram a artista e jornalista nas criativas linhas do cartum e + o Lançamento Coletivo de escritores e escritoras reunido(a)s. E + caricatura, aos vivo, com o gênio dos traços ágeis o cartunista Dino Alves.
 
(Carla Ramos toca na noite/divulgação)

Nove livros, dez escritores numa matemática cultural que imprime história, política, memória, pesquisa, teatro, cinema, ficção, poesia e artes visuais + poemas e canções para festejar o segundo ano do "Genu Moraes". A expressão literária piauiense, de boa monta, que por aqui se produz e marca presença nos anuários da produção artística.

(Genu folheia sua obra viva/acervo Genu Moraes)

A lista de autores/autoras é luxuosa. "O Filme Perdido" - por Antônio de Noronha e Guga Carvalho;
"Theatro 4 de Setembro 120 Anos - História e imagens de um símbolo cultural" - por Aci Campelo;
"História dos Índios do Piauí" e "O Piauí que o Brasil quer ver - História, arte e cultura", de Claudete Maria de Miranda Dias;
"Misteriosamente - poema e canções" - por Eduarda Eduardo;
 "Genu Moraes - A Mulher e o Tempo" - por Kenard Kruel;
"Lirismo antropofágico e outras iscas minimalistas" - por Marleide Lins&Yolanda Carvalho;
"Teatro (In)Completo - Vol. 2" - por Isis Baião;
Doralice" - por Vanessa Trajano.


A Entrada está franqueada aos convivas. Será noite de levantar um brinde à data que lembra e homenageia Genu Moraes, de reencontrar amigos e autores e interagir com artistas e seus livros que foram lançados, no ano de 2015, e transformaram o Café "Genu Moraes" em point cult da literatura local.

(a senhorinha formidável Genu/acervo Genu Moraes)

Serviço:
“Aniversário do Café Genu Moraes”
dia 30 de maio
às 19 horas

Entrada Franca
Informações: 3222 7100/ 98817 2201
Classificação Livre.
fotos/imagens: (acervo Genu Moraes - Traços e Cores/Genu Moraes//Kenard Kruel)

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Ela é Bia

E os Becks
por maneco nascimento

E encantou + uma vez no Projeto Boca da Noite. Era para ser uma noite dos Neanderthays, mas essa Banda trocou de vez com a Bia e, Ela, a Bia que a Banda canta, brilhou, porque sabe onde a música toca e a Banda que cantou, tocou muito foi Bia e os Becks.

Público extraordinário, na quarta feira, 25, no Espaço Cultural "Osório Jr."/BCD. Toda a plataforma de plateia, parque/jardim do Theatro, Bar do Club dos Diários e "Osório Jr.", tudo voltado à Bia e seu repertório quente, diverso, humorado, inteligente,  musical, cantante e dançante, pois não.

Quem não gosta de Bia, bom sujeito não é. A Banda sabe atrair público e atenção de ouvidos, até dos desavisados que passem e ouçam a canção brasileira que é praticada, por essa juventude transversada na nova música, que por aqui sorri e reinventa velhos hits e compõe a própria ordem de ser novidade na produção local.

Essa Banda da terra chegou feito furacão, assanhou a noite e cumpriu agenda pra lá de felicidade cantada, tocada, interagida com seu público, presentemente atento e forte, sem nem tempo de temer a morte, só curtir espaço no Boca da Noite que tem voltado com toda força.

Quem não lembra de Hugo dos Santos & Banda e "De Última Pocket Show" (Coletivo Piauhy Estúdio das Artes), na quarta feira, dia 18 de maio? Foi o bicho! Mas, a última quarta, 25, o bicho também estava bem presente e fez a sua feliz arte de ser música, canção, sons e tais, Bia e os Becks. quem quis +?

Já estava de muito bom Tom e Zés e Chicos e tantos outros que deram corda e caçamba aos novos que sinalizam a boa e nova música que por aqui faz história, memória e marca de produto local, consumível e de qualidade inquestionável.

Esse Projeto Boca da Noite não está de brincadeira e nem os artistas da música produzida, na cidade, também querem saber de brincar de ser artista.

Toda esse gente que canta, toca, nasceu para ser um super bacana na canção. É artista. Canta, toca porque sabe inspirar um instrumento e, quando é hora de demonstrar a lição de cor, gera arte no Boca da Noite.

Com Bia e os Becks foi assim. Tocou e cantou demais, para todos os gostos, sintonias, desafinou os descontentes e afiou o que melhor sabe fazer, ampliar carisma, através de sua arte de bem se apresentar.

(Ela sabe porque sabe e canta e encanta/foto: viviana v. pimentel)

"Só sei que foi assim..." E o "Osório Jr." nunca é o mesmo depois da passagem dessa força que nunca encolhe e que se chama a arte do artista da canção brasileira de todas as estações, acordes, melódicos, instrumentos e vozes que cantam todas as emoções.

Quarta feira, lá em casa do Projeto Boca da Noite, sempre terá uma ótima surpresa, quando as luzes se acendem no Espaço Cultural "Osório Jr.".BCD.

Até dezembro sempre uma outra atração. Só não vai que já esqueceu como é bom viver felicidade musical.

Onde há Centelhas

há fogo fátuo
por maneco nascimento

A Cia. de Dança José Nascimento abriu nova janela, ao leque de bem dançar em Teresina. Estreou, dia 24 de maio, terça feira, dentro do Projeto Terças da Casa - Terça Dança, o espetáculo "Centelhas", criação, coreografias e cartografia dramatúrgica de J. Nascimento, até que provem o contrário.


A estreia aconteceu no palco do Theatro 4 de Setembro, às 20 horas, para público vertiginoso, atento e voltado ao movimento que dança na cidade e que marca identidade de reinventar falas e aplicar a linguística de corpos falantes e vozes que reverberam sentir, pensar, mover-se, dançar.

Líquido, porque deslizável pelos dedos e mãos receptivas dos olhos que a tudo observaram. Em belo cumprimento, saudou a toda a recepção com beleza suave e técnica iniciática de desvendar estética e criar interação com a assistência.

Sólido, porque tudo que é material se dissolve no ar das intangibilidades e tangencia aplicação da física, em quântico processo de desmembrar o átomo da dança, nas licenças de linguagens amparadas às vozes e falas do corpo expressivo e de impulsos de sensibilidade e ciência, em dança arbitrada.

"Centelhas" prende, sustenta a curiosidade e marca registro nas memórias, quer sejam de curtas, médias, ou longas distâncias, de registro nas gavetas do memorial afetivo de cada um(a). Amor, paixões, encontros, desilusões, trágicos destinos, redenção de almas irmãs, romance, ou atualizações de reviver o próprio sentimento, estão contidos na matemática de dois + dois que arredondem ao cinco. Gera interesse.

Os figurinos mergulham na pesquisa do hoje, com traços de primeiras entradas das liberdades sessentonas. Para meninas, vestidos em cores neutralizadas pela camuflagem de motivos florais, terrais e, ou tipificações de estações que se mimetizem à primeira pele e, em contínuo de descontínua presença, ampliem economia de quase neutralizar a segunda pele e manter a identidade do corpo que dança.

(cia. de dança josé nascimento/por josé nascimento)

Busto alto e leve, cintura marcada de pilão nordestino e meio pern
as reveladas, imergem entre tradição liberada e liberdade de empoderamento da raiz de aproximação com o "velho", rebuscado ao novo da fulô do sertão, à margem de outros perfumes agrestes.

A vestuária masculina, uma entrada na efígie do medievo ibérico plantado no nosso quintal, sem perder-se dos elementos primordiais das origens da construção social da gleba dos presentes, em nossa memória comportamental de vestir o que cai bem, à cada estação de convenções e quebra de paradigmas.

O busto masculino, coberto em colete elegante, com desenhos que mantêm os mancebos como rapsodos contemporâneos e plinsam história que vestiu o homem, em seu tempo, para seda, algodão ou couro (aqui dispensável). A calça justa, colada à primeira pele, referência aos guapos românticos e trágicos para narrativas shakespereanas, ou histórias orais contadas e realinhadas ao nosso tempo.

Vestem bem, representam liberdade em estar presentes, sem ser papel de embrulho, nem peça interferente nas escritas do corpo expressadas. Adriano Abreu não perde o traço, nem joga com pedras frias. Assume arte, estética e visagismo limpo, ao vestir os intérpretes bailarinos.

A luz, de José Nascimento, operada por Renato Caldas, defende bem a fogueira de calores, suavizada pelo matiz das cores que operam desenho tranquilo, sóbrio, economia em trânsito com a caliente caligrafia dos sentimentos apresentados em enredo, aparentemente comum, mas recheado de doces e elementais presenças das naturezas humanas, codificadas nas coreografias livres e, decodificadas, na luz metamorfoseada de dramaturgia devota de centelhas estaladas da fogueira serena.

(luz em completo com o corpo falante/foto: cleia galeno)

As escritas dos corpos, aplicadas na partitura das coreografias, para as falas de propósitos, têm marcas de escolásticos clássicos, mas sem arrastar consigo nenhum azinhavre das velhas moedas. Ao contrário, há uma nova dança, que não nega origens, reinventa-se e marca tradição e ruptura com acuidade e sensibilidade de buscar o novo, sem ser esnobe, nem querer desvendar Champolion. As coreografias enlevam quem bem chega, desarmado, para ver dança experimentada.

(sincronias em diacronias do espírito reveladas/foto: cleia galeno)

Um baile se instala, sem cortes de narrativa, nem discursos de descobrir a pólvora e negar a China. Só dança, livre, limpa, eficaz como forma, fórmula, tese, antítese, antídoto de curar incrédulos pela novidade que chega, sem ser petulante, só dançante.

(registro de mayara viana)

16 intérpretes bailarinos, em vigor juvenil, vicissitude concentrada e uma força de convidar a recepção a entrar no jogo e sentir quando a arte provoca, insinua, conspira, persuade e rompe as fronteiras, sem ser óbvia, só artística e sensível, pelo esforço de decifrar a própria pedra roseta que há em qualquer corpo potencial à dança.

(um corpo de baile que fala/foto: cleia galeno)

"Centelhas", um estalar de faísca + leve que o ar e vigoroso exercício do exercício, na dança, que inspira o ato e o artista, na busca de ser + arte. Um trabalho para ver, de novo, e entrar na dança porque dança também gera movimento no público.

Há um lampejar de faíscas inspirado em fogo fátuo: "Centelhas".

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Coletivo Alfenim

Teatro paraibano

O Coletivo Alfenim, da Paraíba, estará em
Teresina para apresentações de teatro de repertório. Neste final de maio, nos dias 27 (sexta feira), 28 (sábado), no horário das 20 horas, e 29 (domingo), às 19 horas, no Espaço Cultural Trilhos (Miguel Rosa com Frei Serafim, na antiga Estação da RFFSA), a cidade poderá conferir dois trabalhos do coletivo. As apresentações serão gratuitas e a classificação é livre.

A primeira apresentação é do espetáculo "Quebra Quilo", do dia 27 de maio, às 20h.
A montagem do Quebra-Quilos marca a origem do Coletivo Alfenim. A peça estreou em 2008 e permaneceu em circulação ininterrupta por várias cidades do Nordeste e algumas capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, marcando palco até 2010. Durante esse período de vida quente participou de importantes Festivais, entre eles o Festival do Teatro Nacional do Recife e a Mostra Latino-americana de Teatro de São Paulo.

Quebra-Quilos narra a história de duas mulheres que, em 1874, são expulsas do campo e procuram abrigo numa vila do sertão paraibano, em meio a rumores de que os quebra-quilos, sediciosos que lutam contra a implantação do sistema métrico decimal preparam-se para invadir a feira da localidade e promover a revolta. Mãe e filha tornam-se testemunhas e vítimas da violência das autoridades locais contra os matutos revoltosos.

O alto teor de sugestão simbólica dos quebra-quilos põe a narrativa desses fatos ocorridos em fins do século XIX na ordem do dia. A insatisfação por conta do aumento excessivo dos impostos, a indignação em vista da manipulação da boa-fé do cidadão, tanto por parte das autoridades do governo imperial como por parte das autoridades religiosas locais e dos grandes proprietários e, principalmente, a potencial violência que transforma os alijados do mundo produtivo em criminosos sociais, remetem às inúmeras manifestações que, desde junho de 2013 vêm sacudindo as principais localidades do país.

Já nos dias 28, às 20h,  e 29 de maio, às 19h, é a vez da peça "O Deus da Fortuna"

O Deus da Fortunaespetáculo do Coletivo Alfenim, é ganhador do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz/2010. O espetáculo trata-se de uma parábola sobre o Capital em seu estágio global de volatilização. Narra a história de um proprietário de terras na longínqua China Imperial. 

Afundado nas dívidas, em virtude da crise da produção do arroz e da seda, o Senhor Wang, manda erguer um altar em honra de Zao Gong Ming, o Deus da Fortuna, com a intenção de se salvar da falência. Porém as oferendas são inúteis e o proprietário vê-se obrigado a vender a própria filha a seu credor, como forma de amortização da dívida.

Em meio aos rituais do matrimônio, o Deus surge à sua frente e lhe desvenda o futuro, com a condição de que seja erguido o grande Templo da Fortuna. O proprietário deixará as formas primitivas de acumulação do capital para dedicar-se à especulação e aprenderá “como o ouro se transforma em pura aparência”.

Em tempos de crise sistemática do capitalismo, cuja lógica é a de se alimentar de trabalho não pago e da promessa fictícia de que o capital especulativo promoverá a felicidade futura, comprometendo não apenas as gerações de hoje como também as gerações vindouras, o Coletivo de Teatro Alfenim experimenta a comédia. com o propósito de desmascarar a maquinaria teatral utilizada para escamotear a lógica do capital especulativo e seus derivativos “metafisicantes”. 

Com texto de Márcio Marciano, criado em processo colaborativo com os atores do grupo, o espetáculo é uma parábola em chave cômica, que utiliza como ponto de partida um argumento de Bertolt Brecht, retirado de seus diários de trabalho.

No Elenco, Adriano Cabral, Lara Torrezan, Nuriey Castro, Paula Coelho, Ricardo Canella, Verônica Cavalcante e Vítor Blam. A
Música fica por conta de Mayra Ferreira e Nuriey Castro. Texto e direção de Márcio Marciano. O Cenário também leva a assinatura de Márcio Marciano. Os Figurinos são de Vilmara Georgina. A Iluminação de Ronaldo Costa e a Produção executiva de Gabriela Arruda.

Neste final de semana, a boa pedida é o teatro paraibano de repertório para dramas e comédias que deixa seu rastro de cena viva no Teatro Maria Bonita (Floriano) e no Espaço Cultural Trilhos (Teresina). 

Serviços.
Quebra-Quilo
Dias:
26 de maio (quinta feira), às 20h – Teatro Maria Bonita – Floriano
27 de maio (sexta eira) , às 20h – Espaço Cultural Trilhos – Teresina
Deus da Fortuna
Dias:
28 de maio (sábado), às 20h – Espaço Cultura Trilhos
29 de maio (domingo), às 19h – Espaço Cultural Trilhos
Entrada Gratuita
Informações: 99514-8466- Soraya Guimarães

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Boca de Arte

Boca da Noite
por maneco nascimento

"Boca de arte! Arte. Quando eu mandar? Cante! E quando cantar? Encante!"

O Projeto Boca da Noite abriu temporada 2016, na noite do dia 18 de maio. No bat local contumaz, público e artistas transitavam, enquanto não era dada a largada ao primeiro dia de nossas vidas culturais que correm, pela música, sempre às quartas feira, no Espaço Cultural "Osório Jr."/BCD.

Quando o assunto é preencher o Corredor Cultural do centro da cidade, de ações de arte produzida por aqui, na área da  música, o Boca da Noite chega e diz que vem por cá, cantar a canção brasileira do nosso produto  ao diverso manifestado.

Na abertura falou o Secretário de Cultura, Fábio Novo, acerca da ampliação do Projeto que seguirá carreira itinerante e se apresentará, nesse primeiro momento, nas cidades de Floriano, Oeiras e União. Sempre lembrou da injeção na cultura e no investimento em recuperar Equipamentos culturais, na capital e interior, que sobremaneira darão novo vigor as ações de arte e cultura, em todo o estado.

Também lembrou, em revigor de manifestos contra o fim do Minc, de como há necessidade de mantermos força e ímpeto pela manutenção de projetos que corroborem com a arte, cultura e instituições que geram bens coletivos e intangíveis.

Na sequência, Francisco Pellet leu manifesto do Coletivo de Festivais de Teatro brasileiros e deu palavra a representantes do Boi Imperador da Ilha e + artistas que aproveitaram o bom momento para refletir esse momento que o país sente de conviver com a queda de conquistas sociais de bens coletivos. Dadas a devida e necessária importância de espaço e falas, em defesa da preservação do Minc, deu-se depois continuidade à agenda.

Salvas de foguetes saudaram a todos e veio então a hora de manifestar arte cultuada. No primeiro momento, apresentado por Pellé, o Coletivo Piauhy Estúdio das Artes brindou a assistência com o "De Última Pocket Show".

Humor, talento e ousadia acionados, pela força teatral e atos conspirados de atores e atrizes, o musical performance atraiu toda a atenção do público pelo diverso de trazer repertório popular brasileiro e incursões por sucessos também estrangeiros, com variações de pop, rock, brega e chique da MPB.

Adriano Abreu, diretor do musical e anfitrião das ações desempenhadas em cena, junto com Silmara Silva, Érica da Anunciação, David Ambrósio e Carlos Aguiar são show de bola. Divertem, atraem desde os mais apaixonados aos + céticos. Diversão garantida e sem meias intenções.

Os intérpretes são, visivelmente, atores que cantam e dobram os cílios até mesmo de quem fecha os olhos, em fingimento de que não tenha nada a ver. Se não vê, ouve e entra na roda, porque a ciranda da cena, em musical pocket performance, é muito bom de ver. Com direção musical de Rubinho Figueiredo e luxuosa companhia da Banda Consultora da China, esse Pocket vai longe e muito perto de seu público e corações que busquem felicidade.
 
("De Última Pocket Show" é de primeira/fotos: Adalmir Miranda)

Não houve quem não quisesse interagir com o "De Última Pocket Show". Crianças, jovens, adultos, passantes, ébrios da noite cultural, toda a gente concorreu à alegria e felicidade contagiantes de arte da cena expressiva e musical do Coletivo Piauhy Estúdio das Artes. Como receptor livre, estou confirmado. Sou Pocket Show até embaixo d'água.

O segundo tempo do Boca da Noite meteorizou o que já vinha em grande escala. Hugo dos Santos e Banda chegou e disse: olá, estamos aqui e por toda a cidade cumprindo em sanha, suor, dedicação e arte reveladas o que somos e queremos compor na música que nos faz artistas. "Longe é aqui" bem perto de quem ama o que faz, como escolha de prazer e profissão debulhadas.

Show diverso, atraente, de linguagens e imersão em estilos  e variáveis de música e forma de reler e revisitar obra composicional autoral e de identidade criativa.

São Hugos em pautas e sons e melodias e poesias e prosas musicadas, ao licenciamento de reinvenção própria forma de ver e investir na pop art da aldeia, para visionários de Gaudís e outros terceiros veios e vias artísticos musicais. Sua voz, sua música em uns e em Banda na noite quente do Boca da Noite.

Uma Boca de Arte deleitável. Quem não veio à abertura do Boca da Noite 2016, aviso ao navegantes: perdeu feio a noite de delicados prazeres musicais. Mas, não se avexe não! As quartas feiras seguem e + Bocas na Noite musical prometem marcar o Boca da Noite.

Quem viver para ver e ouvir não há de se arrepender. Está aberta a temporada de música e música e músicos e sons em tom da canção brasileira, que por aqui se bem faz produzir.

Boca de Forno? Arte. 
Quando eu mandar? Cante.
Ré mi sol lá está em si e dó a música piauiense de toda expressão na forja do Boca da Noite.

fotos/imagem: musical performance pocket (Adalmir Miranda)
Hugo dos Santos (divulgação)

Nelson por Nelson


em Luciano Brandão
por maneco nascimento

O Grupo de Teatro “Procópio Ferreira” estreou nova proposta de teatro brasileiro de expressão piauiense. Montagem de tradição reinventada e rupturas equilibradas ao ritmo dinâmico do teatro vivo, que por aqui ganha fôlego de juventude, ciência e lúdico concentrados.

Uma pérola do corolário nelsonrodrigueano, “Anjo Negro”, de 1946, salta de seus setenta anos de boa vida desempenhada e revigora-se em arte teatral viva, pulsante quente. 

E, neste contextuado de pouco + da primeira quinzena do século 21, pelas mãos de Luciano Brandão e elenco afiado, a montagem se alinha na sagaz compreensão de Nelson Rodrigues, com toda propriedade de mergulho na aura do nosso “Flor de Obsessão”.

“Anjo Negro” abriu estreia, na última terça feira, 17 de maio, no Theatro 4 de Setembro, dentro do Projeto Terças da Casa – Terça Teatro. Após a estreia, no Terça Teatro, a peça ainda  deveria seguir temporada a + um dia, 18 de maio, sempre para o horário das 20 horas. 

Mas, a reabertura do Boca da Noite, versão 2016, acabou adiando a segunda apresentação da peça. Reagendada a nova data, quem não viu, fique na mutuca.


A direção de Luciano Brandão concorre para afinar a dramaturgia pragmática e direta de Nelson Rodrigues. Densidade e leveza equilibradas, na matemática lúdica de paixões, amores e traições, crimes e pecados, sentimentos perversos e perversões degustadas, definem o tabuleiro dos jogos dramáticos, desenhados na linha divisória do xadrez emblemático e na realidade licenciada aos trágicos destinos da mítica “Anjo Negro”.

A dramaturgia de palco, maturada por Brandão, é inteligente, síntese de dramaticidade limpa, e consegue fazer-se compreender claramente, sem recorrer a estereótipos, Nelson odiaria, e abre outras margens a gestos, posturas, fisicalidade econômica e empertigada das personagens que vociferam silêncios e silenciam exasperos, na feliz escolha de melhor contagotar o obsessivo amor de perdição em Rodrigues.
 
 (amores e traições nelsonrodriguenos/fotos: GT"Procópio Ferreira")

O cenário de portas vazadas e dinâmicas que revelam e escondem, simultaneamente, os dois lados da vida como ela é em “Anjo Negro”, é perspicaz. A engenharia de mover as passagens de fugas, portais a ambientes distintos e transparentes, tem o pulsar da vida das personagens que estão dentro e fora da história mostrada e vivem à expiação das intimidades, enquanto a recepção as espia e se estarrece a cada regurgito nelsonrodrigueano.

Ainda cenário, na completude dramática, duas camas. A do casal e da traição e a do estupro, esta pendida do teto feito troféu da memória do macho alfa sobre sua presa valiosa. Duas cadeiras de encosto alto ambientam a sala; um cabide de pé colonial estilizado que recebe as vestes do médico negro e uma mesinha (criado mudo) da alcova do casal). 

Completam a cenografia as personagens que se mimetizam com o ambiente deslocável e aplicável às feições de pequenas tragédias degustadas. Os figurinos estão à medida de composição das psicologias e sombras e luzes das personagens e imergidos no jogo dramático de cores, tecido, segunda pele arqueada às efígies do(a)s narrrado(a)s da esfinge nelsonrodrigueanas. 

A música casa com sala, quarto e cozinha enlameados do universo obsessivo do pai do teatro moderno brasileiro. E a luz vai se afinizando para claros e escuros que escondem e revelam as verdadeiras faces de “Anjo Negro”.


Um elenco redondo, Kaio Rodrigues (Ismael) densamente tranqüilo e econômico. Como era bom o meu perverso favorito. Lanna Borges (Virgínia) se lança ao precipício numa ousada investida entre a falsa doce e a pervertida santa. Lavra suas falas com muito calor, de exercício confirmado, e charme de fatal trágica.


Clerys Derys (a Tia de Virgínia) amplia experiência de mergulhos em Nelson e nos apresenta uma erecta e fria senhora dos segredos de afogados e outras perfídias. Andeja pela cena, feito harpia devorando o fígado quente da presa dominada. Gestos detalhados e inflexões seguras de quem ouve o reverbero do monólogo interior.

Ronyere Ferreira (Elias, o irmão branco e cego de Ismael) é de uma delicadeza atualizada de bem compreender a personagem. Doce e suave na compleição da ingenuidade cheia de visões românticas. Desliza falas com muita competência de viver a personagem e debulhar verdades no ofício do fingimento. É doce ver o cego desfiar tanta ternura e muita fidelidade a Rodrigues.  

Gleiciane Silva (Ana Maria, a filha branca e cega do triângulo das traições, Elias/Ismael/Virgínia) uma presença viva das adolescentes constantes em obra de Nelson. A perversa inocente, ou a criança alçada à maturidade na força de intempéries da catarse instalada. Gera o segundo Anjo da trama, com muita eficiência. Cegos, os dois anjos, (Elias e Ana Maria) enviesam as veredas de perdição em amores sem redenção nelsonrodrigueanos.

Angélica Araújo (a empregada Hortência) um misto de esperteza e atabalhoado, de dosar falas que exercem natureza de humor mórbido e sutil, e alfinetar a presa e extorquir silêncios dos segredos xeretados. É a quebra, o refresco e refrigério na tensão dramática instalada. Faz bem seu tempo de ser e estar em Nelson.
 
“Anjo Negro”, pela ótica de Luciano Brandão, atualiza o universo de Nelson, mantendo fidelidade de moderno e instigante que há em Rodrigues e inteligencia o contingente de linguagem e linguística apuradas à melhor feição de teatro vivo e detalhado na ciência arrazoada na sensibilidade e estética cênicas.

Parabéns ao Luciano e ao GT“Procópio Ferreira”. Há algo de novo no ar e a palcos da cidade. Um anjo de cena. 
Um “Anjo Negro” em pleno voo de livre arbítrio teatral.

fotos/imagem: (acervo GTPF)

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Brinca de Galo


rinha lúdica
por maneco nascimento
 

O que Girou por aqui, no último dia 14 de maio, vindo de Goiânia, no Goiás, foi dança, ou +, nova dança. O espetáculo “Dúplice”, que se instalou no palco do Theatro 4 de Setembro, fez-se luz de cena, com os intérpretes criadores Rodrigo Cruz e Rodrigo Cunha, numa montagem da Cia. Rodrigo Cruz.

Um duo, um dúplice, um “pas de deux”, um jogo de dupla, uma briga de galos em rinha lúdica para dança, teatro, movimento em corpos falantes.

Disputa de partners, do ator para o bailarino e do bailarino ao ator, numa dinâmica inteira de partitura livre das amarras e discursos da dança, seja velha ou nova.

O que, aparentemente, poderia parecer lugar comum, vai encorpando efeitos dramáticos de corpos e sons extraídos, vocalizados à narrativa que compõe “Dúplice” e ganha uma inteireza de ações, formas, gestos, planos de arquitetura do corpo em movimento que toma forma e ocupa espaços e assimetriza a razão de bem dançar, despretensiosamente, eficiente e para tônus humorado.

A disputa de força e espaço de atuação e atenção de desenvolto número um, no jogo de quem dá +, os intérpretes criadores vão-se revelando alegria, beleza estética de corpos comuns à coreografia encenada, ou corpo falante em técnica e razão e sensibilidade ativadas por super gêmeos de iguais e diferentes, nas emoções brincadas pela linguística coloquial, de movimento e dança, mergulhada na simplicidade que gera complexo livre.

“Dúplice” opera carisma imediato com a recepção, ao passo que vai desvendando memórias afetivas, brincadeiras de criança, “guerra de tronos” no mundo d’infância, embate de machos por território alfa, brinquedo “perigoso” de marcar terreno e hidratar o mapa das vidas “selvagens”, com o mijo do poder e posses. Todas possíveis áreas de recepção livre.

O espetáculo consegue no terreno do lúdico, de vigor criativo e essência estética de brigar de brincar de galo, alcançar feito de manipular a técnica e estética da dança e deixá-las porteira aberta para entendimento claro da nova dança experimentada na dramaturgia aplicada.

Risível, nunca apelativo. Concentrado, nunca careta. Brincado e sério, sem perder o foco e a ternura, e ato criativo arbitrado pela alegria e energia de intérpretes criadores e método de encenar a verdade de cada, enquanto diálogo de dança escafandrada nas memórias e histórias da natureza do homem (genérico), que atomiza arte e obra brechtniana de contar razão e sensível, na cartografia teatral.

“Dúplice” é uma dupla surpresa. Um “pau a pau” no tatame, “no amor e ódio” do exercício do fingimento aplicado à arte da dança creditada ao coloquialismo expressivo das falas do corpo, sem cair na cartilha de aparelho reprodutor de conteúdos.   

Pedagogia construtiva de aprender a aprender na vivência de apreender o gesto que fala + e define identidade e diálogo de cultura e arte de vida e drama e cena viva.
 
A dupla goiana Girou, no Palco Dança, a quebra do paradigma da dança. E a temporalidade e simultaneidade se encontram no eixo da linguagem e escrevem, na partitura do corpo, vozes naturais, desconstroem mitos e incensam o artístico arbitrado na inteligência e perspicácia de sujeito da própria criação.

Como recepção senti felicidade, arrebatado cúmplice de "Dúplice".

Bravos!



fotos/imagem: (divulgação)