quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Ângela angelae

Maria
por maneco nascimento

Inesquecível a noite do Projeto Seis&Meia, do dia 17 de novembro, que reuniu Bebel Martins, a cantora local, e Ângela Maria, a Diva da voz nacional da canção brasileira. 

(Ângela Maria e Bebel Martins, as Divas do Seis&Meia/foto: page Fábio Novo)

Para um público extraordinário de geração da grande Sapoti e de outras gerações que vieram, cantaram em coro seus eternos sucessos e não deixaram que Ângela sentasse um minuto sequer. + de vinte e tantas canções de seus primeiros e grande sucessos, ao transversal de pop e outras incursões que só uma grande Diva poderia se nos dar o prazer de ouvir.

A atração local, não poderia ser menos. Foi + e devotou amor, paixão, orgulho e fidelidade de cantar, na abertura de show de uma grande estrela, e até dividir uma canção com a Ângela. Bebel Martins, não foi surpresa, seu histórico bem a representa. Cantora de voz uterina e afinação de dramaticidade refinada, a qualquer canção, Bebel brindou o público com grandes peças do cancioneiro nacional e a plateia seguiu-a fielmente.

A cantora abriu veredas, a la joãobatistianas, profetizadas às licenças de doces melodias e canções brasileiras, de todas as estações da memória musical e fez passagem à voz da sempre inesquecível Ângela. Com humildade, carinho, emoção incontida, Bebel falou da honra e alegria em estar abrindo show para uma de suas + preciosas Divas da canção nacional. 

E fez o que melhor sabe fazer, cantar. Com seu registro particularmente deslizando à projeção de voz e extensão de contralto, que passeia pelos agudos de nereida sopranina. Bebel Martins deixou um gosto de emoção particular no público que a ouviu defender a própria arte, enquanto defendia a escolha de ser artista e ser cantora, porque a natureza a fez e quis-lhe assim.

Parabéns, Bebel Martins. O show de Ângela Maria até que poderia ter sido tão bom o quanto foi. Mas com sua performance, de bem cantar, deixou um gosto de saudade que vai e volta e um desejo e depois uma vontade de querer +. Você, Bebel, é sim nossa Diva e canta porque sabe como se faz soar uma bela canção.

Por Bebel, por nós e pela canção brasileira, veio a hora de ouvir cantar Ângela Maria. Aquela senhorinha, de média estatura e seu elegante vestido em azul e corte imperial, chegou, acompanhada de seu grande partner, o violonista Ronaldo Rayol, e fez as loas e as vezes de repercutir as próprias memórias musicais, a sua história, e imprimir o que sempre lhe caiu bem, cantar e ser prazer e felicidade na força das canções interpretadas.

Bem humorada, falou do calor da cidade, da alegria de retornar a Teresina. E, como defendeu seu colega de cena e músico, o show segue meio informal. Ele a provocava da memória e dos mais diversos do repertório da intérprete e a cada dedilhar de violão surgia uma nova e revisitada canção do book musical angelamariano.

Os grande hits, Vida de Bailarina, Gente Humilde, Babalu, Cinderela, Tango pra Teresa e um rosário de pérolas cantado, desde a primeira música quando foi fazer um teste de cantora, no início da década de 1950, até suas tantas e + variações de grandes sucessos e grandes canções que compositores lhe encaminhavam para a virem transformar em hits fonográficos e paradas de popularidade no rádio nacional.

Ângela Maria, em sua tranquilidade e eficiência técnica de cantar, deixou que a voz leve, afinada  e livre passeasse pelo cancioneiro de sua predileção, preenchido de tantas emoções, em seus sessenta cinco anos de carreira e, sem sentar-se um minuto sequer, fez uma doação de artista que canta porque sabe da importância de seu público. 

A plateia repetiu suas canções, dividiu coro de segunda voz e cantou sozinha, a pedido da artista, a música Carinhoso, do velho Pixinguinha. Aos 86 anos, bem vividos, com muito + da metade da idade envolvidos com a profissão e palcos, a artista continua refinada, alegre, feliz em poder cantar e, especialmente, vivendo pra cantar e cantando pra bem viver.

(Ângela solicita que seu público cante Carinhoso/foto disp. mvl. Jorge Carlo)

As conversas divididas com Ronaldo Rayol, as brincadeiras e pilhérias trocadas, as provocações humoradas com a plateia, tudo fez + arte e cultura e show arraigado de felicidade compartilhada com o público do Projeto Seis&Meia. Um momento ímpar, inesquecível, como foi a sua primeira incursão pelo Projeto, em 2002.

Treze anos depois Ela retorna, com um furacão suavizado pela energia melódico-expressa na voz inconfundível de Ângela Maria. As notas vocalizadas e deslizadas pela caixa sonora, como canto da Nereida para encanto de seu público.

(Ronaldo Rayol e Ângela Maria, dobradinha feliz/foto disp. mvl. Jorge Carlo)

Qualquer pessoa daquela extraordinária plateia, da noite de 17 de novembro, deve ter consentido à sinergia de emoção ao ouvir uma cantora que venceu gerações e continua marcando calendário da canção desde 1950.

Ângela. Ângela angelae. Ângela dos anjos soprados por sua voz e técnica e amor e paixão de cantar com o que faz efeito de instrumento musical, sua aptidão vocal densificada nas afinações e afinidades da canção.

Um Seis&Meia para guardar nas melhores memórias de quem deteve, por um breve instante de maior felicidade, a presença e luz de arte traduzidas por Ângela Maria e Bebel Martins que ficharam profissão, em show do Projeto que resgata e aproxima o público de suas estrelas.

Ângela disse, entre outros mimos e carinhos, ao seu público, que esse Projeto deveria existir sempre para que ela pudesse voltar todo ano.

Seguramente, Ângela, a tua presença é doce, doce, doce, doce, doce, a tua presença! E, se puderes voltar, certamente teu público estará ativo e cativo a dividir contigo momentos de tão particulares emoções.

Ângela e Bebel presentearam, em novembro, um beijo de melodia sentimental ao público da cidade. Foi +!

Nenhum comentário:

Postar um comentário