terça-feira, 13 de outubro de 2015

Três em Uns

milagres de Lua, João e OST
por maneco nascimento

A noite era técnica, para gravação do DVD "Cantata Gonzaguiana", na agenda do Theatro 4 de Setembro, a partir das 20 horas, mas foi + que técnica, foi também estética, de artístico e de razão e emoção divididas de artistas para público e de público para artistas.

O feriado de 12 de outubro, na mensagem do Milagre de Nossa Senhora Aparecida festejado, foi também do milagre de talento, carisma, instrumentos azeitados e músicos virtuosos no passeio por arranjos, delicadamente tramados, para abrigar originalidade e força natural do cancioneiro popular do Rei do Baião, Luiz Gonzaga.

Os milagres realizados, João Cláudio, por si só e por nós o orgulho, deslizou com qualidade festejada pelo repertório luizgonzaguiano e trouxe consigo voz, amor, talento, carisma e qualificado trabalho de cantar o Lua, sem perder-se na vaidade das coisas fáceis. Na simplicidade e desejos e vontades, o artista se faz Luiz e respeita Januário, Santana, Gonzaga, Gonzaguinha e a canção brasileira que marca a história nacional da MPB.
(João Luiz Gonzaga Cláudio Moreno e OST/foto page Fábio Novo)

O segundo milagre, os arranjos e maestria, em afinar cifras fiéis de tradição e ruptura e transversal de erudito e popular para enleio de ouvidos que curtiram a emoção. Aurélio Melo garante a própria história e segue mantendo a batuta da OST, com competência caprichosa.

O terceiro vértice milagroso está em diverso de instrumentos afiados e seus selvagens urbanos, profissionais da música, que compõem, em orgulho traduzido aos instrumentais, a Orquestra Sinfônica de Teresina.

+ de quatro dezenas de músicos dividem pautas, cifras, melodias instrumentadas em arranjos suavizados à força da identidade e som tirados dos instrumentos de domínio de cada um (a) músico (a) que contém, está contido na beleza artística cunhada da profissão musical OST.

Essa trindade milagrosa desafia o poder da ciência na música que a faz dona das melodias expandidas e alia-se à divindade de Gonzaga para render misto de beleza musical, entre o céu e a terra da arte e cultura das composições em canção brasileira.

Um assomado público acorreu ao Theatro 4 de Setembro, na noite de 12 de outubro, uma segunda de feriadão nacional. A campanha de troca de alimento pelo ingresso não só rendeu milagre de multiplicação solidária, como não deu pra ninguém. Quem chegou primeiro levou seu ingresso, quem chegou atrasado não pode conferir a ação de gravação do DVD "Cantata Gonzaguiana", com João Cláudio Moreno e Orquestra Sinfônica de Teresina.

(público da Cantata Gonzaguiana/foto disp. móvel m. nascimento)

Com algumas pausas, à emenda técnica de captação do roteiro, originalmente, pensado, foi quase uma gravação de primeira. E João e Aurélio e OST e público dividiram esse espetáculo de privilegiados, de escolho democrático à troca de kilo de alimento por uma entrada.

João Cláudio contou causos, lembrou histórias, defendeu o que sabe fazer melhor, ser artista e contar seu tempo e hora de felicidade festejada com humor, inteligência de discurso, polifonia de discurso político e correto e desvelou-se em carisma natural.

E cantou como João Cláudio, como Luiz e deixou a mensagem de que para ser artista, não basta ser artista, mas amar o que faz e fazer da arte compromisso, prazer e alegria de viver sua arte. Esse é o nosso João Cláudio e não enverga.

A Sala ficou preenchida de música em virtuose de beleza. A OST, não dando para citar todos os músicos, alguns lembrados farão referência do coletivo luxuoso. Jeová, Gilson, Beto Boreno, Wanya Salles, Avelange Amorim, Tasso Aurélio, et al OST, são o que há de + prazeroso de ouvir, quando juntam sua profissão de fé artística aos compassos musicais, conspirados pelo maestro Aurélio Melo. Uma OST peso ouro.

Do repertório Gonzaguiano, qualquer melodia que ali se ouviu instrumentada, um doce deleite. E, à parte técnica de cena, luz que não se apaga, expande as luzes do coletivo musical. A cenografia, assinada por Avelar Amorim, gerou efeito lúdico, plástico, emblemático e identitário das raízes culturais nordestinas a não perder de vista a ave ilustrada que trinou os agrestes, presentes na memória social afetiva.

A cenografia se vai compondo à medida que o show em repertório se vai revelando. As bandeirinhas de festejos e quermesses, dos terreiros do sertão, são também às cores e movimento das pinceladas volpianas.

Os balões de São João, as nossas lanternas amarelas pendidas do céu do Theatro. As fitinhas de Bom Jesus da Lapa, de Nosso Senhor do Bonfim, Juazeiro e de outros Santos da devoção sertaneja brasis, também iconografam memórias sociais e balançam ao vento dos matizes nacionais.

Ao fundo, um painel de pinceladas densas e expressionistas ao quente à cor e estilo avelariano, retratam o Velho Lua, ave Assum Preto, ou Asa Branca, em seus gorjeios da raiz nacional.

O retrato de Gonzaga, pincelado por Avelar, suspenso em painel ao fundo da cena é ladeado por palhas secas de carnaúba, num perspectiva de profundidade lúdica do Rei plantado, entre palmeiras do sertão.

A cenografia é simples, mas composicional e limpa e, como disse Paulo de Tarso Libório, durante conversa que tivemos a respeito do cenário, "um simples ricamente pobre e um pobre ricamente simples". Avelar está de parabéns, foi música cenográfica para ilustrar cena da bela noite musical.

Noite inesquecível. De lavar ouvidos e preencher alma de felicidade artística. Parabéns à arte de Luiz, de João Cláudio, de Aurélio, da OST. 

A Cantata Gonzaguiana gerou milagres para Santos, estelares e mortais e ampliou beleza de natureza humana e artística.

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