domingo, 13 de setembro de 2015

Voz do agreste

Ave de prata
por maneco nascimento

Um sabiá sabia já que sempre é bom cantar. A asa branca pousou na cena musical e a joana de barro, da cor terral, de canto suave e denso trinado repercutiu a veia da canção.

A voz de ouro, da ave de prata, (em)canto solfejou melodias e força da canção brasileira que chegou e ficou marcando terras brasis, do Oiapoqui ao Chuí, passando pelas fronteiras agrestinas da Paraíba, Pernambuco, Ceará e + nordestes que passam também pelo Piauí, quando é tempo de Seis&Meia.

(essa luz que te alumeia é da cor do coração candeeiro da canção/fotos M. Montelo)

A Ave pousou no palco do Theatro 4 de Setembro, nesta sexta feira, 11, e armou sua vez, seu canto no campo de gerar milagre da voz, do canto, das velhas em novas emoções de cantar.

E deslizar pelas emoções do público cativo, fervoroso e fiel, segunda voz, ao repertório da Diva que cantou os prazeres da profissão de escolha à felicidade dividida com seus fãs.

(Do jeito que a gente gosta/"...eu quero ver a paia da cana voar."/fotos M. Montelo)

Elba Ramalho, a mesma energia, as mesmas pernas, a boa voz de cantar os velhos e renovados sucessos de repertório, que seu público  efeito canhão seguidor repete e reforça e canta em coro de inhambús, no campo de arroz parido e balouçando feito véu de ouro a saldar o sol da manhã.

Apenas uma mulher, uma voz e uma canção há contados + de 35 anos de maturada atenção musical, espalhada pelos palcos, ginásios, campos de atração e alegria de levar e deixar aos seus, melhores, maiores, e sempre sujeitos de boa recepção, o público seguidor da Ave do coração do agreste.

(na segunda pele, a plumagem da majestade o sabiá/fotos Marcos Montelo)

Elba! Elba! Gentil, feliz, alegremente entoando os amigos compositores, artistas criadores que facilitam soltar a voz de uma pessoa se entregando, como diz o Gonzaga filho, amigo do Pai que amigo da cantora que revigora o cancioneiro deste e daquele e doutros que estão na terra, nos pés, no chão, na memória da canção.

(as belas, as pernas, energéticas, Elcalinas/fotos Marcos Montelo)

Se sua felicidade irradiava prazer, seu público não tinha por mais onde extravasar o que fosse ali estar, entre os que conseguiram chegar, entrar e, em privilégio, participar daquela noite do Seis&Meia e rememorar o timbre, os registros, o vocal daquela paraibana, filha da Paraíba, Mulher Macho, Sim Senhor!

("Vem amor, que hoje eu sou, seu dengo..."/fotos M. Montelo)

Cantou, dialogou, chegou perto, sentou, dançou o miudinho do forró e, a + Velha e o Velho zambumbeiro, companheiro de estradas, entre os jovens músicos virtuosos que afinam instrumentos e rotam felicidade dividida com a Diva, essa Ave de Prata, que cansada de guerras, incansável, alcalina, traduz a mesma emoção afinada, refinada do pássaro que levantou voo para percorrer caminhos que sempre vão dar no sol da profissão de bem cantar.

(seu público, a outra voz da artista/ fotos M. Montelo)

Cumpriu repertório, abriu novo a pedidos do público e, delicada, educada, solidária com seus fãs, feliz de ser artista, ser estrela e ser mulher que canta o que a males espanta e gorjeia o que por aqui, ali e alhures só gorjeia o que de prazer dá cantar.

Grande show. Bela da noite. Vozes da terra, de casa, de ouvidos que esperam sentir sempre e de novo as falas melódicas que implicam alegria de ser feliz, porque o canto existe a pássaro, à ave, à prata filigramada de ouro da voz brasis que a juventude maturada em brisa sempre hein, canta!

Obrigado Elba, por esse prazer, esse estar na companhia de sua emoção de cantar.


Bônus:
O nosso Gonzaga Lu, não se faz de rogado, se faz de canção, de memória popular brasileira para Gonzagas, Luizes, Luas, Velhos que cantam sua terra, Januários da terra em que se planta e colhe histórias afetivas, tempos de emoção de quem sabe que arte aqui se plantando, tudo se dá em átomos expandidos, cultura de pertencimento, identidade empoderadas.
Gonzaga Lu, a atração local de memórias e afeições, na música de raiz, de pés no chão da serra, terreiros dos forrós, xotes, xaxados, baiões de dois, três ou outros amores em melodias nordestinas, fruto maduro da canção.

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