segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Lusofonias às magias

e ilusionismos de magos brasis
por maneco nascimento

O FestLuso encerrou as atividades de espetáculos, no Teatro do Boi, dia 30 de agosto, com a apresentação do espetáculo pernambucano, "Haru - a primavera do aprendiz". A encantadora peça fez sua entrada no mundo mágico de ilusionismo e truques, a partir das 18h30, a um público bastante expressivo e preso à riqueza do fantástico encenado.

A Rapha Santa Cruz Produções Artísticas, de Recife, Pe Brasil, recebeu seu público em cenário (Marcondes Lima) de mil e duas mágicas em sexta edição lusófona. Numa enorme tenda colorida e preenchida de elementos cenográficos que ambientam, com muita cuidado estético, a casa do mágico, se passa a narrativa entre o mestre e o aprendiz.

(magias e ilusionismos maestrais/fotos Silvio Barreto)

Empanada de tecidos coloridos, estampados diversos, entradas e saídas de fuga da cena, baús, tapetes, caixas mágicas, balcão de práxis às magias, lanternas amarelas (chinesas, naturalmente) e um universo detalhado de luzes, adereços e cores conferem o espaço sob o qual os mágicos geram disputas, lições e aprendizados ao despertar da primavera do aprendiz de magias.

Um espetáculo redondo e equilibrado em manifestação, de ator ilusionista e dramático, de enredar o público nas artes e ofício da construção da personagem direcionada à prática espetacular de truques, jogos de ilusão e fantástico mundo de mostrar e esconder efeitos ilusionistas.

O intérprete criador e diretor de ilusionismo, Rapha SantaCruz, na personagem do aprendiz, está no lugar certo, de entendimento, do conhecimento mágico, na hora certa. Humor econômico, mágicas expressivas e tranquilo zelo de ator/mágico que acomoda a conspiração de iludir e convencer na arte das mentiras delicadas.

(a partida do aprendiz/fotos Silvio Barreto)

O ator convidado, Sóstenes Vidal, que compõe o mago mestre trama, amplia silêncios expandidos no furacão calmo da construção da personagem, de espelhada ação nas Ásias contemplativas e, espiritualmente, centradas na sabedoria, respeito, domínio de tradições.
 (Sóstenes e Rapha, humor equilibrado/fotos Silvio Barreto)

 E também do humor que gira na postura rígida brincada, de definir hierarquia e pedagogia de aprendizado, na didática de transmissão de conhecimentos oralizados da cultura de identidade e pertencimentos sócio culturais. Como o mestre da trama, está um luxo de atuação.

(mestre ilusionista rígido humorado/fotos Silvio Barreto)

A concepção do espetáculo, de Rapha SantaCruz e Cristiane Galdino é clara, eficaz e dentro do universo conspirador que agiliza enredo e variações do plano dramático apresentado. A encenação e direção de arte, assinadas por Marcondes Lima, não devem falhas em qualquer momento do espetáculo.

Há um cuidado, na encenação, de aplicação detalhista, seja no desenrolar e manifestações das personagens, seja em ruídos que apresentam a chegada do aprendiz afobado, seja no mergulho dos silêncios dosados e oralizações, + estridentes no iniciante, e + concentradas de expressão e pragmáticos sonoros, arraigados de intenções e nuances das falas do mestre.

(lições de magia/fotos Silvio Barreto)

E a direção de arte, de Marcondes Lima, concorre à plástica refinada, uma caixinha chinesa com ricos detalhes de histórias, memórias e raízes de cultura a que está plantada a alegre narrativa encenada. A trilha sonora original (Marcelo Sena) é show de melodias sentimentais precioso e não poderia estar + apropriada ao que pede a história e refina o caldeirão de informações limpas.

O desenho de luz e operação, Eron Villar, metamorfoseia o já encantador universo apresentado e se integra plena aos sons e fúrias silenciosos que vêm de todo o conjunto da obra dramatizada. Os figurinos e maquiagem (Marcondes Lima), segunda pele apegada aos motivos e tradições e enchem os olhos pelos ajustes que configuram toda a plástica de matizes elementados na roupa,seja na maquiagem sóbria. De definidas identidade à pesquisa prospectada.

Não tem como não lembrar da direção de produção, Cristiane Galdino, que consegue reunir matéria visível que atomiza os efeitos visuais recepcionados, em todo o corpo estético do trabalho; a assistência de produção e gestão (Carla Navarro) e assistência de produção e contrarregra (Sílvio Barreto) que respondem pela dinâmica prática montada e resoluções da hora da encenação, respectivamente.

50 minutos de Circo/Teatro  livre que passam num piscar de olhos e deixa a recepção com alguma sensação de durar um pouquinho +. Uma excelente e mágica ação de teatro ilusionista e dramático a se desenvolver primeiro a vontade, depois o desejo.

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