sábado, 11 de abril de 2015

Tintas, ferro e barro

 em Artes visuais à recepção livre
 por maneco nascimento

Até dia 15 de abril, em Exposição na Galeria do Club dos Diários, no horário das 8h às 18h, a Expô Piauí de Artes Plásticas rende atenção e curiosidade. 

Numa curadoria de Carlos de Holanda, os serviços de arte pictórica à visitação pública reúnem um “pool” do diverso expressivo, criativo e técnico licenciado à pintura e escultura de grandes nomes das artes plásticas piauienses.

Uma iniciativa que ajunta o nome Expô Piauí e apresenta o subjetivo estético e o olhar particular ao mundo e às variações do ato criador de cada artista, traz ainda a reabertura da Galeria do Club dos Diários que ficou, durante algum tempo, sem esse “habituè” para a qual foi criada, dentro do Complexo Cultural.

Dessa feita, a Expô Piauí de Artes Plásticas detém o apoio do Governo do Estado/Fundac, Sedet e GRS Com. & Serviços, parcerias que possibilitam a fomentação da circulação da arte e ofício cultural que preenchem a praça criadora da cidade de Teresina.

45 obras labirintam o espaço da Galeria e enchem de cores e matizes intrínsecos aos traços e riscos de pincéis e de cinzelados anatômicos na reprodução da vida em esculturas de ferro e barro que “Parlam!”.

Entre os artistas expostos, Aécio Moura, com “O Domador de Cavalos”, aspectos interativos a la Tarsila revisitada; Jeovah Santos, com “Padroeira do Brasil”, as cores do primitivismo em fé popular; Francineto Neto, obra sem título. Natureza morta viaja sobre “mulas” rumo ao norte. Observado, do ponto de vista das ancas dos animais, as mercadorias seguem no lombo dos muares, em cestos de frutas nativas brasis das feiras.

Avelar Amorim, com obra sem título, abre à recepção um Jardim de Alice para espirais a sois de matizes às lagartas e centopeias felizes, em meio das flores. Francineto Neto, com sua segunda tela, na Exposição, apresenta obra sem título e repercute músicos populares, iconográficos do nordeste das cores, couros, chapéus, rendas e chitões em releitura ao traço do pincel em moderno e cubismos. Jeovah Santos apresenta um “Miguel Archanjo”, em cores quentes ao primitivismo técnico a tema de cultura religiosa popular, numa representação de domínio do bem sobre o “mal”.

Aécio Moura e seu “Mulheres Nuas”, simbiose de formas e olhos e seios e braços e corpos sinuosos do feminino semi-surreal de cores a corpos prospectados à presença real. Dacira Brandão apresenta a reprodução de “Instrumentos Musicais”, corpos de sopro (tuba) e cordas (cello) em dialogismo de recital musical. Também de Dacira, “Afeto e Conquista”, um ilustrativo simples de romance/exercício primário de casais enamorados em duas perspectivas de oclusão de apaixonados.

Josimar Araújo, em obra sem título, traz um traço geométrico em tons quentes e neutros nas geometrias de licenças e abstracionismos pictóricas; Naza, com “Cat’s”, gatos auto relevados, das variações dos quentes do vermelho, verde aos marrons terrosos. Charmosos felinos olham à janela o horizonte curioso. 
(Naza "Cat's"/fts: j. carlo)

Gilsie Memória, com obra sem título, em representação das irmãs xipófagas, siamesadas às expressões de mesmas formas ao direito e esquerdo da mulher, em nu, protegido pela própria anatomia. Fêmeas em nudez de sacro e profano revelados ao yin/yang.

A tela de Costa Filho, “Pescador”, o operário das redes ao ar, jogadas em fins de mergulho à cata dos peixes dos rios que separam Teresina em duas margens, a de carnaubais e a de outra flora nativa ribeirinha. Ainda de Costa Filho, “Natureza no Caju”, na cor e sabor do vermelho em par do fruto nativo. Gilsie Memória e a tela sem título, mulher em flor de lótus, e em pelos, medita distanciada da sedução. 

Rogério Albino, em tintas sóbrias para a obra “Mulher”. Cena romântica de dueto musical, mulher e violino, homem e flauta doce melodia. Rogério Albino, em “Mulher jogando sinuca”. Cena de bar romântico entre o pernicioso, permissivo econômico, o sensual e o perscrutar do olho masculino sobre a mulher que joga em lance de sedução. 
(rogério albino "Mulher"/fts.: jorge carlo)
(rogério albino "Mulher jogando sinuca"/fts.: j. carlo)

“Mulher”, de Herbert Veras Viana, perfil feminino empertigado e silencioso na economia da expressão. E, ainda do artista, “Velho”, expressões de tempo e vida colhidos em face do homem Velho, que oferece o pão a quem tenha fome.

A obra, sem título, de Luis Bezerra da Cruz, cultura popular de fé que planta e rega seus santos e suas plantas de medicina natural e esperança em fervores juvenis. 

Braga Tepi apresenta “Êmbulo”, escultura humana em anatomia mimetizada com o ferro e sucatas que retorcem suas vísceras esquerdas, expostas à roda da expiação do homem e seu corpo de metal. 
(braga tepi "Êmbulo"/fts.: j. carlo)

Outro artista das esculturas em metais e sucatas, Zé Rodrigues, traz “Don Quixote”, o ícone do homem e sua face romanesca de um dos + populares anti-heróis da literatura universal latino americana.
(zé rodrigues "Don Quixote"/fts.: j. carlo)

Tácito Ibiapina assina “Paisagem”, cozinha rural detalhada nas memórias afetivas da fazenda. Critério de cores terrais ilustra ambiente doméstico, com muita qualidade de representação do real memorizado. 
(tácito ibiapina "Paisagem"/fts.: j. carlo)

Naza, em sua segunda peça apresentada, “Floria Pather IV”, olhos de lince em relevo detalhado do rosto do felino, cores do marrom suavizado em mergulho no azul do lago que margeia o gato.
(naza "Floria Pather IV"/fts.: j. carlo)


Obra, sem título, de Luis Bezerra da Cruz, redimensiona fé e obra religiosa de fiéis que plantam e colhem vida e morte, entre o progresso de flores regado com lata d”água, que carrega marca de querosene jacaré. Entre o céu da fé e a realidade dos fiéis, sorte e esperança colhidas. 

Tácito Ibiapina, em “Paisagem II”, fachada de casa e interior vazado da cozinha rural, com peitoris e potes também curiados pelos pincéis que registram, ainda, quintais e cercas de talos de árvores terrosos.
(tácito ibiapina "Paisagem II"/fts.: j. carlo)

Expô Piauí das Artes Plásticas merece dois "posts", pois graça, beleza, estética concentrada e liberdades de expressões em tingidos e enleios de pinceis que reportam cultura pictórica. 

Segue  Tintas, ferro e barro - o Retorno.


Nenhum comentário:

Postar um comentário