domingo, 29 de março de 2015

Ato 27 Memória da Cena

Prosa e poesia em cena
por maneco nascimento

A tarde do Dia Internacional do Teatro e Dia Nacional do Circo começa ainda pela manhã. Com ensaios e preparativos para a entrega da Sala de Ensaios Camareira Rosalina, o teatro vinha se assomando e o universo conspirava para que não perdesse o fio da mora que inscreveu a cena de integração.













(Palmas à homenageada/ft: m. nascimento)

Descerrada a Placa da Sala de Ensaios Camareira Rosalina, depois da 11h, público apertado em concorrência para prestigiar a dona Rosa, homenageada em vida com uma Sala que leva seu nome. Sala esta que servirá a ensaios a teatro, dança e música. Era hora de se ver + um exercício de ator. Wilson Gomes, em Diário de uma Camareira, de Carlos B. Filho, direção de Cláudia Santos.

(sombras de memórias. Wilson Gomes em cena/ft: m. nascimento)

Wilson Gomes conseguiu prender a atenção da platéia, espremida na Sala, por + de meia hora. Empertigado, texto bem articulado e extrema dose dramática de contar as memórias da camareira aposentada foi o que se presenciou no teatro do ator que supera a deficiência auditiva e transforma em bem audíveis verdades a cena de memória afetiva e presença de palco convincente.

(Diário de uma Camareira, em Ato 27/ft: m. nascimento)

Inflexionar texto de homenagem para a homenageada, a sua frente, talvez tenha sido a melhor e maior emoção vivida por W. Gomes. Dona Rosa também deve ter curtido se ver na pele de um ator, na licença poética inspirada para carpintaria de palco. Foi um ato de emoção e carinho dramáticos memoráveis. Wilson Gomes se garante e garantiu brilho luxuoso na cena de abertura da Sala  de Ensaios Camareira Rosalina.

(camareiras frente à frente, teatro e vida real/ft: m. nascimento)

Das 13h às 15h, na Galeria de Artes do Club dos Diários, aconteceu a Oficina de Teatro e Fotografia, sob a produção de Gustavo Leal (NEXA PI). A exibição do Filme "Ex Memória Teresina", no Theatro 4 de Setembro, numa Realização da Ipê Produções Audiovisuais e Produção de Leide Sousa, não cumpriu a pauta das 15 horas. Problemas técnicos de finalização do filme adiaram sua exibição.

Seguiu a programação e, às 16h30, no Salão Nobre "Chico Pereira", a hora foi do Ciclo de Leituras Dramáticas, com a peça "O Pescador e o Rio", de Gomes Campos. Uma Realização do Coletivo Piauhy Estúdio das Artes. O Coletivo criou referência nessa práxis de teatro de leitores e público e colhe resultados inestimáveis. Adriano Abreu et al sabem do teatro que praticam e o fazem bem.

O Procênio do Theatro 4 de Setembro, a partir das 19 horas, foi palco da Posse da Nova Administração do Complexo Cultural Club dos Diários/Theatro 4 de Setembro.  Discursos e falas culturais se deram em palavras de artistas e representantes de autoridades. João Vasconcelos confirmou suas palavras de integração e agregação, contidas no Ato 27, em somar parceiros para construir cultura.


(solene Posse da nova Coordenação do Complexo CD/The4Set/ft: j. machado)

"Fernando Pessoa em Pessoa", a atração das 20h, no 4 de Setembro, aproximou teatro e poesia, lúdico e magias da cena para obra poética lusitana. A adaptação, de textos da literatura de Fernando Pessoa, direção e atuação, de Adalmir Miranda, concentraram as atenções da plateia.

 (Adalmir em Pessoa do Pessoa/ ft: cleyde fernando)

Espetáculo que, confessou o ator, teve estreia em uma sala do departamento de Artes da UFPI, completou vinte e sete anos, em cartaz. A produção do espetáculo “Fernando Pessoa em Pessoa” ao Dia Internacional do Teatro ficou ao cargo do SESC PI. A volta da peça aos palcos abrilhantou a noite com efeitos de memória do teatro piauiense revisitado,


( o Adeus poético/ft: cleyde fernando)

Adalmir Miranda conseguiu, após vinte sete anos, desde a primeira apresentação, manter uma aura boa de montagem que reúne dança, teatro, mímica, ritmo poético dimensionado à prosa e uma boa leitura para obra significativa e ímpar de uns Fernando Pessoa.

(O Pessoa em Adalmir/ft: cleyde fernando)

Miranda viaja no tempo poético e estético dramático e rememora a cena dentro da cena, metalinguiliza o poeta e sua vida licenciada na dramaturgia construída para narrar o homem, o velho, suas memórias, sonhos, visões e pesadelos de artista à frente de seu tempo que cria personagens, em negação à personagem que gera o próprio poeta e sua identidade.

(um porto de Adeus em memórias do mar/ft: cleyde fernando)

Uma aula, de estilo, emblemas, signos e siglas, aplicada à carpintaria cênica ao exercício do ator e à dialética da encenação. Há um Fernando em pessoa de Adalmir Miranda e um Miranda que visibiliza na pessoa poética e vozes sociais a pessoa de Pessoa. Um belo espetáculo.

(Adalmir, elenco e seus sobrinhos com a idade do espetáculo, 27 anos/ft: jorge machado)

A festa do Dia Internacional do Teatro e Dia Nacional do Circo fechou com chave de ouro o Ato 27 para gerar reprise. No Bar do Theatro 4 de Setembro, o coquetel oferecido ao público foi regado a Cole Porter, na voz de Rubens Lima, acompanhado de piano charmoso.
 (Doutor Rubens às vozes de Cole Porter/ft: m. nascimento)


E, para quem ainda quis show + popular, seguiu-se, após o requintado de Porter e Lima, uma Banda que Valia uma noite. Seu tempo foi no palco do Espaço Cultural “Osório Jr.” e a recomendação da atração veio da Fundac, parceira realizadora do Ato 27.

Como disse um colega: para inclusões e participações na diversidade artística segue-se o "mètier". O show de forró, com direito até a execução de um hit popular, acho que da muriçoca, esteve presente e confirmou o nome programado de Cláudio Sekef e Banda Vale Night.

Ato 27 Arte Intervenção Cultura Integração conspirou sons e fúria e deu às comemorações do Dia Internacional do Teatro e Dia Nacional do Circo um dia de festejos em maratona cultural, aos artistas, técnicos, público e demais profissionais culturais da cidade, uma festa inesquecível.
 
(Beijo sua mão. A camareira da cena beija a mão da camareira homenageada/ft: m. nascimento)

Evoé, Ato 27!

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