quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Assim nascemos...

E, renasceremos.
por maneco nascimento


Nascemos para morrer, princípio de mortalidade e morremos para renascer, evoluir, princípio da reencarnação. Parafraseando o poeta, tem gente chega para ficar, por um tempo, tem gente que vai para nunca + voltar, como a conhecemos, ou voltar em próximo estágio. 

Assim, somos nós aqui que por aqui estamos e guardamos expectativas de nalgum momento alcançar o imponderável.

Num piscar de olhos, uma janela novíssima se abre, enquanto algumas outras portas se fecham, ou entrefecham-se para serem reabertas assim que novas entradas forem possíveis e permitidas. 

Aos céus, ao desconhecido, aos campos do Senhor, ao infinito, às estrelas, ao limbo ou passagens de expiação, cada um abre especulações, certezas, fé e esperanças oralizadas ao longo da história da humanidade que se renova a cada ciclo e círculo de vida e morte.

De possibilidades de partida desta para melhor, ou quaisquer outros eufemismos que amenizem o rito de passagem da matéria ao imaterial, entre a terra e o céu que nos protege, carregamos a carga que a qualquer instante, porque ele existe, de súbito deixamos para cumprir a sentença e evoluir. Deixamos a velha casca gasta pelo tempo e, o espírito, livre, vai ao encontro do Senhor, ao tempo de luzes, à energia etérea que nos absorva ao primordial, princípio da filosofia cosmogônica. 

Neste último 7 de janeiro, uma senhorinha elegante, educada e dona de seu tempo e sua hora, deu o próprio salto à posteridade das memórias invisíveis. Aos 87 anos, bem vividos, a jornalista e escritora Maria Genoveva de Aguiar Moraes, de alcunha Genú Moraes, morreu nesta última quarta feira. 
(a eterna Genú Moraes/imagens divulgação)

Com dificuldades renais, já havia sido internada pela segunda vez, desde o natal de 2014. A segunda entrada em hospital da cidade teria sido no domingo, dia 4 de janeiro de 2015. Sofreu, segundo a família, uma parada cardíaca na manhã do dia 7, falecendo às 6h40. (fonte: http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/acesso 08.01.2015, às 11h30)

Genú Moraes, filha do ex- governador do estado, Eurípedes de Aguiar, transitava livremente pela vida social, política e cultural de Teresina.  Respeitada e paparicada por jornalistas, artistas e um mundo de admiradores, Genú defendia a profissão e as memórias da cidade, seu tempo de viver e sua carreira construída com coragem, apoio do pai e determinação de ser mulher em dias de domínios quase que estritamente masculinos.
Uma das primeiras mulheres a dirigir um automóvel, no Piauí, foi também muito atuante na profissão e rendeu, como jornalista, presidir o Sindicato dos Jornalistas do Maranhão, quando para lá se mudou com seu marido. Foi a primeira mulher a ocupar essa função, de ponta, no país. Revolucionária, otimista, bem humorada e cheia de boas histórias para contar, a jornalista Genú Moraes construiu a própria identidade e foi referência, "doelha a quem doelha".
O agitador cultural João Vasconcelos criou há alguns anos atrás, próximos, o espetáculo "Ela". Sua dramaturgia recebeu direção de coreografias do bailarino Valdemar Santos. O espetáculo que fazia uma homenagem às mulheres, incluiu, entre estas, a personalidade de Genú Moraes. A jornalista concedeu uma rica entrevista à produção do espetáculo de dança teatro e suas falas enriqueceram, sobremaneira, a montagem.
(cartaz de "Ela". arte de Tupy/acervo Cleide Fernando)
(mulheres em "Ela"/acervo C. Fernando)
A construção dramática, pensada para "Ela", abordava as conquistas e o papel feminino desde os primórdios de sobrevivência na evolução da humanidade, seja de Lucy (Etiópia), ou Luzia (área de Lagoa Santa e São Leopoldo, Região Metropolitana de Belo Horizonte) até seus sinais de avanços conquistados, a partir do início do século 20 aos dias da contemporaneidade.
(cena do espetáculo "Ela"/acervo Cleide Fernando)
(Cleide Fernando em "Ela", gentia/acervo C. Fernando)
Genú lembrou, na entrevista, do presente que ganhou de seu pai. Seu pai lhe deu um automóvel e disse que ela teria que aprender a dirigir. Foi matriculada e conquistou a carta de motorista e tornou-se uma das primeiras mulheres a dirigir um automóvel no Piauí. "Formidável!", seu jargão preferido e charmoso, acompanhou-a sempre que revisitava as memórias.
João Vasconcelos, responsável por aproximar artistas da personalidade da cidade, durante o processo do espetáculo "Ela", é um eterno apaixonado pela Genú Moraes e, sobre seu desaparecimento, testemunhou nas redes sociais, sua página de facebook,  "aquariana, à frente do seu tempo e sua história: é formidável! ela é pop. Uma página da história viva da cidade se apaga, para reacender luz noutra estação." (joão vasconcelos 07.01.15 há 15h/acesso 08.01.2015 às 11h35).
(mulheres em rompimento do casulo: "Ela"/acervo C. Fernando)
O ator e profissional da área da saúde pública do estado, Jorge Carlo, declarou: "Uma mulher muito além do seu tempo!" (jorge carlo, há 39m/acesso 08.01.2015 às 11h40)
E a bailarina e coreógrafa Cleide Fernando, que participou do elenco do espetáculo "Ela", disse: "Genu Morais,uma mulher elegante,inteligente e finadescanse em pazJoão Joao Vasconcelos temos que apresentar o espetáculo"ELA"mais uma vez em homenagem a essa figuraextraordinária de Teresina." (cleide fernando, 23h 07.01.2015/acesso 08.01.2015 às 12h21)
Paz e luz, Genú. Aos céus que nos espera, boa viagem! A redação do Jornal do Céu deve estar muito contente com a sua chegada. Sua chegada será formidável!

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