quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Registro de Humor

daqui e além fronteiras
por maneco nascimento

O 6º. Salão de Humor, promovido por uma empresa de negócios da saúde e organizado pelo cartunista Jota A., demonstra que também há saúde e injeção de atenção e investimento financeiro na área cultural e artística do humor arte visual.
(arte divulgação do Projeto do riso e humor com tema Eleições)

A Exposição do Salão, ano 2014, está aberta à exploração pública no Varandão da Casa da Cultura de Teresina até dia 04 de novembro. A abertura desse mapa do riso e do entretenimento deu-se no dia 7 de outubro e aguarda dentes irresistentes e risos de alegria porque rir ainda é uma ótima pedida.

Entre Menções Honrosas, premiados e o diverso humorado de participações locais, nacionais e estrangeiras, o riso tematizado às eleições trouxe criatividade, carisma composicional e muito pano às mangas de desenho plástico contextualizado à cultura de cada sítio, ou território representado no 6º. Salão Medplan de Humor! 2014.

Riso venal e inteligente está presente Ricardo Torres (Teresina – PI), com “Máquina dos desejos” que levou uma Menção Honrosa. Balõezinhos na fila dos sonhos. O idoso, com uma receita médica, projeta em seu balão de sonhos um hospital de ponta; a mãe, com dois filhos, sonha com a casa própria; o estudante adolescente sonha com a universidade; o burguês, com seu filho robusto, no colo, é o da cabeça da fila. Sonha com o Swise Bank. Todos estão enfileirados rumo à urna eletrônica.

Raimundo Waldez da C. Duarte (Belém – PA), e sua obra “Eleição”, também é de Menção Honrosa. O pobre ora para o santinho do Sarney, na parede, e Sarney ora para a foto da Justiça. Emrah Arikan (Ancara – Turquia) assina “Eleições”. Um caminho de tapete vermelho leva a uma escada, plataforma da urna. Eleitor recepcionado por “cartola”. Cada eleitor traz à mão um envelope que deposita na urna. Do outro lado da plataforma, outro “cartola” chuta o traseiro do eleitor escada abaixo.

Newton Dias Silva (Fortaleza – CE), “Voto de Cabresto”. Uma mão gigante segura o eleitor pelo tronco e leva-o até a urna eletrônica. Segura-o no ar e ordena: “VOTE!” e o eleitor, apavorado, diz: “SIM, SENHOR”. Detalhes, há duas baratas, ou besouros pretos, no chão e comentam: “ÉGUA!”.

Augusto Franke BIER (Porto Alegre – RS)  e seu “Povinho” apresentam dois executivos maduros (políticos) em conversa, frente à frente, bebem enquanto sentados em sofás. O + jovem que exibe um charuto no bico, diz em seu balãozinho “Esse povinho fica muito chato depois que elege a gente!”, o outro, + velho, responde: “é, fica pedindo educação, saúde, saneamento, segurança...”.

Josival da Fonseca Silva (Bayeux – PB) conta com “Os Palhaços”. Uma grande fila na sala, zona eleitoral, em curso ao voto. Representantes sociais de várias faixas etárias, classes sociais e profissões. Todos estão pintados com máscaras de palhaços e nariz vermelho.

Rogério Narciso da Silva (Teresina – PI) faz tema em “Midiado”. Uma geringonça tecnológica, xipofagada a vários tentáculos (antenas, câmeras fotográficas, microfones, jornais, teclados e computadores, caixas amplificadas, etc.). De um lado alguém, cidadão de paletó, fala ao microfone interligado à máquina. E, do outro lado, o eleitor preso por um plug, na nuca, vota.

Oguz Gurel (Stambul – Turquia) ironiza com “Caixa Preta das Eleições”. Uma queda de avião na floresta. Dois homens procuram nos destroços informações do acidente. Um encontra a caixa preta, entre uma moita. O outro chama a atenção do colega para uma urna de votos, estilo antiga, com cadeado. É a hora da escolha.

“Sem Título” é o assunto de Francisco Irani de Alencar, de São Paulo – SP. Na parede, uma fila de santinhos dos candidatos com o dizer acima da cabeceira da foto: “VOTE”. Quando o eleitor passa, um dos candidatos da foto abraça o eleitor com a mão esquerda, pela cintura,  e com a mão direita retira uma cédula de dinheiro do bolso traseiro do cidadão, este levanta as mãos em circunstâncias de assalto.

De Curitiba, Paraná, vem a criação de Dilmar José Kempner Junior, “A Criação de Adão”. Na réplica da obra de Michelangelo, Dilma é uma criatura com dentes avantajados de rata e o criador um Lula com rosto expressivamente de ratazana. O toque de Deus repassaria o DNA, da espécie, na semelhança divina à mortal.

Doru Axinte (Tulcea – Romênia) manda “Promessas”. Uma limusine na rua, o político abre a janela do carro quando passa por uma família pobre. A sua fala radiografa a família e a parte, da fala, que fica contida no balãozinho é colorida e idealmente arrumada, o restante do corpo das pessoas, envoltas pelo balãozinho, é natural, realista e maltrapilho.

De Beska, na Sérvia, saiu o premiado ao 1o. Lugar do Salão. Miro Stefanovic e seu tema "Eleições" sinalizam para uma aglomerado de pessoas na entrada de uma caixa de madeira, tendo na parte superior a boca da urna. Os eleitores entram por aquela entrada e na saída (porta em forma arqueada) saem transmutados em burros.
 (Primeiro Lugar do 6o. Salão M. de Humor! 2014/divulgação)

Rodrigo Wiedemann Chaves (Porto Alegre - RS), com o tema “Candidato” recebeu o Prêmio Internet. Uma fotografia, tamanho gigante, na parede. Um gato impertigado de paletó e o dizer, acima da cabeça, VOTE. Na rua, transeuntes circulam naturalmente em situações corriqueiras. São ratos, indo e vindo de algum lugar. Um operário panfletário, um casal em passeio, um jovem rato de terno deixa uma moeda no chapéu do mendigo, à esquina. O gatão, dissimulado, da foto, finge não perceber o movimento da vida dos ratinhos. Seu olhar vigia eleitores em potencial.
(Prêmio Internet - 6o. Salão M. de Humor! 2014/divulgação)

Sérgio Paulo Soares Santos (Boa Vista – RR) também denomina “Candidato”. No quadro acima, o político em palanque faz discurso. Ao fundo, sua foto gigante e, à frente, braços em punho dão apoio às falas. No segundo quadro, abaixo, o político entrega uma nota de dinheiro ao eleitor, convencendo-o a confirmar o voto.

De Montreal, no Canadá, chegou a peça de Seyedbehzad Ghafarizadeh que também levou uma Menção Honrosa para “Eleições”. Eleitores, representados por ovelhas, enfileiradas andam em duas patas rumo à urna. Enquanto a “eleitora” coloca o voto no invólucro eleitoral, um magarefe aponta, com dedo indicador esquerdo em riste, a boca da urna. E, com o dedo polegar direito aponta as facas, dispostas em painel preso à parede, acima da urna.

Samuel Rubens de Andrade (Recife – PE) e seu “Transporte de Votos” ficou com uma Menção Honrosa. Um caminhão pau de arara leva os eleitores na carroceria, vão eles em franca discussão alegre. O motorista os observa pela janela esquerda do transporte. Ao fundo do caminhão, na tábua da carroceria, se lê: “VOTE CONSCIENTE OU VOTE A PÉ!”

Mehdi Azizi (Arak – Irã) registra sua “Eleições” para um operário/militar em farda cor vermelha e faixas, em branco, nas mangas compridas, na altura do peito e nas pernas da calça (panturrilhas). Varre o lixo doméstico/industrial (talo de árvore com só uma folha verde, latas de refrigerantes, garrafa de champagne, restos de comida) para o buraco no piso em que trabalha. Caracteriza uma fresta da urna gigante sob os pés do operário. Do céu cai um pedaço de papel, em branco, com um “x” em vermelho marcado no centro do cédula de eleição. O voto cai em direção a boca da urna.

O quadro, um sol de rachar; um pé de mandacaru ao tempo e um gelágua sobre a terra rachada. Na base do gelágua, a urna eletrônica emblematizada com espaço para a foto do candidato e as teclas de operação do voto. O autor, Reginaldo Moreira do Monte, de Manaus – AM, para o tema “Água”.  

Elizabeth Alves de França e Silva (Recife – PE), com “Sem Título” apresenta o quadro de quatro cabines de urnas eleitorais, cada uma em um ponto da sala, no final do quadrante da encruzilhada. No centro da encruzilhada, o eleitor (cabra cega) está com o voto à mão. Das cabines vêm chamadas dos cabos eleitorais/candidatos. Cada um chama a atenção do eleitor cego com as armas que possuem. Um com microfone, outro com megafone, o terceiro com um tambor e o último usa o gogó.

Moisés de Macedo Coutinho (Mogi Guaçu – SP), com “Aperta o Verde”, ficou com o 2º. Lugar na premiação. Um “monstro”, Hulk, está na cabine de votação e os três mesários gritam, do ponto em que estão, em uníssono: “APERTA O VERDE!”. Hulk eleitor está enraivecido.

(Segundo Lugar do 6o. Salão M. de Humor! 2014/divulgação)

Ehsan Ganji (Kohgiluyeh – Irã) e seu “Eleições” nos dá uma narrativa de quatro homens que trazem, em cortejo, um voto gigante ao ombro. Choram. Em seu percurso final, uma fresta no chão (buraco da urna) para depositarem o “morto”.

Eder Santos (São Paulo – SP) deteve uma Menção Honrosa com “Eleições”. Uma urna eletrônica gigante esta sustentada por um graveto, preso por um barbante. Sob a urna arapuca uma dentadura sorridente. Do Belém, do Pará, Raimundo Waldez da C. Duarte chama “Eleição”. No primeiro quadro, cavaletes dispostos à rua, com a foto sorridente do candidato e o tema (Candidato). No segundo momento, uma mesa de gabinete, uma bandeira nacional enrolada no mastro doméstico, uma rica cadeira/poltrona atrás da mesa e sobre a mesa uma foto cavalete do candidato sorridente, com tema (Eleito).

De Kiev – Ucrânia, a peça “Sem Título”, de Vladimir Kazanevsky, enviou obra que, sobre um galho de árvore centenária há um ninho cheio de biquinhos famintos e, ao lado, no púlpito microfonado um pássaro engravatado discursa aos bicudos esfomeados.

Érica Junqueira Ayres (São Luis – MA) em seu “Sem Título” apresenta quadro em que de um lado estão homens de terno e gravatas, mulheres bem vestidas. Cada um oferece um “presente”: canudo de formatura, tevê digital 30 plgs, óculos, saco de dinheiro, dentadura. Do outro oposto, uma família, na porta de sua casinha simples da zona rural, está espantada com o assédio. Carrega o voto à mão. Ao fundo da propriedade, um cãozinho observa com a cara exposta e o corpo protegido pela parede da casa de seus donos. O homem contém, com a mão direita, a mulher. Pede cautela.

“Voto Pressão” vem de Belém do Pará, arte de Ubiratan Porto. A urna eletrônica é representada, do lado (esquerdo), na tela, uma foto de homem que usa paletó, está de óculos escuros, aparece ao eleitor no contraponto e, do lado direito da urna um cano de fuzil apontado. O votante, do lado de cá, usa chapéu a la gonzaguiano e usa roupas simples e remendadas. Seu dedo indicador direito aponta para o NÃO. A opção da esquerda da urna é para o SIM. Guarda uma temerosa dúvida.

“Selfie Político”, de Carlos Augusto R. Nascimento, de Belém do Pará, levou também uma Menção Honrosa. Na narrativa, a família “Retirantes”, reprodução de quadro de Portinari, está ao lado do político e, este, com um celular tira uma foto.  Em seu peito (paletó), lado esquerdo, o adesivo VOTE. Na famélica família, destaque à mãe que porta um cartão, à mão, BRASIL Bolsa Família.

O artista de Joinville, Santa Catarina, Paulo Sergio von Indelt, trouxe “Ratoeira para Eleitor”. A mesária indica a urna: “PODE VOTAR NAQUELA SALA”. O eleitor com o voto à mão, atento às informações da mesária. Ao fundo, na porta indicada, uma cabine eleitoral com urna e à frente da urna uma cadeira vermelha. Tudo sob um arco (porta) que dá acesso à entrada da Sala. + ao fundo da Sala (boca da urna) uma ratoeira armada, ou melhor a urna armada sobre a ratoeira.

“A Grama do Vizinho”, de Malo Rampazzo (Cotia – SP) registra um quadro em que, lado esquerdo há uma casa simples de alvenaria aparente, telhado de amianto e antena comum, de tevê, plantada no teto. Da porta da frente entreaberta se vê uma pequena tevê sobre um móvel. Na janela da casa o dono observa o movimento da rua.  A casa tem um cercadinho de madeira vazado e baixo. Na área do jardim um galo de terreiro, garrafas vazias de bebidas e outros objetos esquecidos ao chão. Na porteira do cercadinho, um velho tapete limpa-pés e na calçada o cãozinho dorme. A casa simula uma urna eletrônica, o homem na janela seria o candidato da foto em tela e ao lado da janela as teclas de votação. Todos os eleitores se dirigem ao casarão do vizinho que oferece um banquete no seu imenso jardim. O candidato, da casa suntuosa está, de braços abertos, na tela/janela do pavimento superior, recepcionando o público. Na parede da fachada, lado direito, as teclas da urna. Um eleitor vota, enquanto os outros aproveitam a festa.

Maurício Zamprogna, de Passo Fundo – RS, vem com a obra “Político Pinóquio”. Caminhões são carregados com toras de madeira e seguem em direção a um conglomerado de prédios (a cidade). Na floresta, os operários trabalham sem parar. Uma serra elétrica corta as toras de madeira que são colocadas nos caminhões. Na prancha da serra elétrica chega a ponta do nariz do político que não para de crescer. Ele discursa protegido por um púlpito microfonado.

De Deva – Romênia, Horia Crisan com seu quadro “Eleições” foi agraciado com uma Menção Honrosa. O tema, um série que apresenta escadarias em que homens sobem em fila indiana, encabeçada por um homem que leva uma bandeirinha azul. Os que o seguem empurram o ponta da fila. Na segunda escadaria, da série, o homem da ponta vai-se se transformando. A roupa azul vai-se grenalizando, ainda porta a bandeira azul e seus companheiros que o seguem também. Na plataforma da terceira escadaria, o homem da ponta da fila está de frente aos outros. Porta uma bandeirinha vermelha tremulando. Sua roupa já vermelha, com o pé esquerdo empurra a fila de homens, em azul, escadaria abaixo.

“Mudando a Própria Sorte” vem de Coelho Neto, no Maranhão, e recebe assinatura de Raimundo Rucke Santos Souza. Um carro preto à rua. Da janela aberta, braços empunham para fora uma urna eletrônica e, do lado de fora, na calçada, o eleitor/pedinte se surpreende com a esmola que a pessoa anônima do carro oferece.

J. Bosco, de Belém do Pará, apresenta seu “Ano Eleitoral”. Em estúdio de tevê, um político sentado numa poltrona, com riso matreiro, asas de anjo, rabo de demônio e auréola sobre a careca. Ao fundo, lê-se VOTE. No contraponto, o cinegrafista com cara de eleitor insatisfeito cumpre o papel de imprensa, filma o quadro.

“Eleições”, de Eder Santos, vem de São Paulo – SP. No primeiro plano (superior) o eleitor na cabine de votação diz: “AGORA É SÓ APERTAR O VERDE E...”. Na fachada da urna se lê JUSTIÇA ELEITORAL Cabina de Votação. No segundo momento, o eleitor está despencando de alçapão, pelo fundo da urna. E, no último momento, uma lata de lixo recheada de eleitores que já passaram pela cabine eleitoral.

“Alice no País das Maravilhas Eleitorais” é tema de Richardson Santos de Freitas, Belo Horizonte – MG. No primeiro quadro Alice é plena felicidade entre jardins, borboletas e casas lindas. O segundo quadro, espantada, olha para o céu escuro onde se lê: “Termina aqui o horário gratuito reservado aos partidos políticos”. No último quadro, Alice lava o chão do banheiro com um escovão.

Osmar Bortoleto Ritter Júnior, de Curitiba – PR, expôs “Informação é a base da boa decisão”. Na cabine eleitoral o eleitor, com viseira de burro, aperta a tecla do número de algum político. Na fachada da urna se lê Justiça Eleitoral Cabine de votação. Alisson Ortiz Affonso (Rio Grande – RS) apresenta “Eleições”. Robson Crusoé, na ilha, a espera de socorro. Do céu um helicóptero lança uma urna presa por uma corda.

Rodrigo César Rodrigues Godinho, de Piedade – SP, recebeu uma Menção Honrosa com “Kim Jong-Un”. Um eleitor recostado num poste de ferro estilizado, de iluminação a gás com lâmpada tulipada.  De longe, cheio de dúvidas, estica o braço e com um graveto à mão intenta tocar a urna eletrônica em sua tecla de votação. O homem asiático, elegantemente vestido em preto fechado. No céu, ao fundo esquerdo, no alto da cabeça do curioso, tremula uma flâmula em vermelho e azul, com uma estrela também em vermelho dentro de um círculo branco.

34 peças expostas. Sete Menções Honrosas; o 1o. Lugar (Beska - Sérvia);  Prêmio Internet (Porto Alegre - RS) e um 2º. Lugar (Mogi Guaçu - SP) finalizaram o resultado dentre os trabalhos concorrentes e premiados ao 6º. Salão Medplan de Humor! 2014. 

Uma agenda necessária ao riso e reflexão político-cultural de Brasil e alhures. Ria se quiser, mas espie essa boa atração.
Serviço:
Exposição: 6º. Salão Medplan de Humor! 2014
Organizador: Jota A.
Na Casa da Cultura
Seg. a sexta – 8h às 12h/ 14h – 18h
Sábado – 9h às 13h
Classificação Livre

Nenhum comentário:

Postar um comentário