sexta-feira, 15 de agosto de 2014

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Uma onda assim... 
por maneco nascimento

Amazônia legal? Legal desde a invenção do Brasil em suas entradas e bandeiras e forçosos deslocamentos da geografia de gentios. Ilegal, imoral e imprópria é a rede de desmatamento; tráfico de madeira e outras nativas matérias primas; corporativismo de negócios de madeireiras; grilagem e crimes de pistolagem; indústria criatória de gado e bancadas ruralistas eficazes e ágeis em manterem-se coronéis da terra brasis.

Mas isso é outra história, de geopolítica ambiental, que envolve o pulmão ainda verde, e altamente disputado, do mundo, com alguns territórios já necrosados por áridos campos a desertos do progresso.

Dentro desse carretel de brasilidades diversas, o Sesc inventou a Amazônia das Artes. Legal! O Piauí acaba sendo receptáculo de bons espetáculos de música, teatro, dança, cinema e instalações/exposições arte visuais.

Da nossa arte muito legal, muito pouco tem havido de penetração dela nos territórios dessa vasta amazônia que uma das empresas dos "S" legaliza às manifestações artístico culturais do norte do país para todo o restante do Brasil continental.

É das entradas e coloridos do matiz nacional diversos, a la bandeirinhas alfredovolpianas, que o Piauí entrou no circuito cultural do SescAmazôniadasArtes. E, na última quarta feira, 13 de agosto de 2014, foi aberta na cidade de Teresina a temporada de "trair e coçar, é só começar", a agenda do projeto que por aqui se dá de 13 a 27 de agosto, em diversos equipamentos culturais e logradouros públicos de Teresina .

O Theatro 4 de Setembro recebeu, na abertura do SescAmazôniadasArtes, a + carismática e empolgante Banda da terra do sol do equador. Os seis meninos da livre pool, das canções pop rock românticas, que pariu Validuaté pra inglês nenhum botar defeito. 
(Validuaté em grande noite/foto: Leandro Milú)

Em só sons de amores e paixões de negação, desdém, desejo nostálgico de (re)viver das relações preteridas pelo pulo do bicho homem (genérico), (des)cobridor de novas experiências, se conferiu as vozes de cavaquinho, pandeiros, guitarras, contrabaixo, bateria e outros "sounds" de expressão linguístico musical, entrosadas às falas da interpretação.

Uma onda assim...me carregou aonde quis a canção, válida até o recomeço de tudo que é sempre um bom prazer de novo ouvir. Uma Validuaté dona de si mesma e em sua confortável e arbitrada zona de emoção cantada e licenciada na poesia e lírica concreta moderna de aliar as falas do poeta, as vezes do compositor e a liberdade criativa de só querer ser. Mas o pior é que ela é.

A cenografia, um colorido de guarda chuvas abertos, verdes, azuis, amarelos, vermelhos, roxos, rosa, lilases, laranja, de ponta cabeças pendidos do céu do teatro a aparar a chuva musical. Outros fuxicam a dimensão fundo do palco. Nalgum momento choveu chuva pra fazer o mar de guarda chuvas falar de boca cheia.

Show com arquitetura de pé alto, descreveu um Manual de Instruções e em cantar foi sempre a palavra de ordem musical. Uma onda a caleidoscópio de imagens, ritmos, analogias e metáforas românticas(in)confundíveis na dialética de licença poética pop moderna rock de expressão. Um poeta, uma poesia, uma prosa musicada em focus concreto e interface lírica moderna de ingleses e latinos sem europeização imperial.

Um super público fiel lotou o 4 de Setembro e em eco quente das canções e sucessos felizes validuateanos repetiu os motes musicais e, em quase incansáveis súplicas pelos "velhos" sucessos da Banda, acabou recebendo o carinho de Thiago E que respondeu "Jajá vai rolar. Faremos todas", aquietou a plateia desejosa de todas as canções brasileiras dessa nova Banda da terra.

"Ela É"; "Eu só quero acabar com você", no ambíguo da boa dor de cotovelo; "Eu te considerava tanto", mágicas e indisfarçáveis falas de amores magoados, românticos pop distanciados em motivos composicionais da Banda que ama, desdenha o que não quer + nunca esquecer. "Uma onda assim me  carrega pra onde quer. Quisera eu fosse pra junto de ti (...)" (A Onda) que enleva suave o encontro do artista com seu público.

O auge dentro do grande show desvelado sempre foi como uma declaração de amor, "Eu preciso de você". Ponto "G" de popularidade revisitada. Um mar de vozes em coro simultaneava a voz do músico cantor compositor da gleba de presentes, revisitador, na canção, do músico cantor e compositor mineirinho de Belo Horizonte, Márcio Greyck, que inciou carreira em 1967 e alcançou grande sucesso na década de 1970, com "Impossível acreditar que perdi você", entre tantos bem sucedidos hits no cenário artístico.

Em algum momento, José Quaresma esclareceu a autoria da canção, dizendo quisera fosse ele o compositor. Validuaté revaloriza a bela música e, em intertextual poético e paráfrase em transversal do tempo de revisita, traz de Greyck "Por que, todo mundo precisa de alguém?/E eu preciso é de você./Para comigo andar/e para me entender/Eu preciso é de você/Pra continuar e tentar não me perder (...)"enquanto arrisca intervenção "[Eu só aceito a condição de ter você]/Pra comigo andar e para me entender/[Eu só aceito a condição de ter você]/Pra me acompanhar e pra não me perder..."

Uma das composições de Quaresma que destacou antes de interpretá-la e que, a la Márcio Greyck, soltou loas a "O Amor dos Outros". "A Lenda do Peixe Francês" outro belo e incorrigível apelo popular da Banda, em seu dialogismo com o poeta narrador na rotação da própria história enredada.

Os sambinhas "pop modern rock", infratores sonoros limpos, também fizeram as vezes. Visitou a Sala adoniranbarbosiana, sambas batuque urbanos e rock'n manguebeachtizados às próprias influências como as que influenciaram Leila Baby.

Houve um "descanso musical" para contação de histórias de professor. E, como acertivou Thiago E, era o momento stand up Validuaté, em que ele mesmo contou experiências afetivas e outros temas de bom humor característico distanciado, do auto apresentável como cavaquinhista, pandeirista e poeta, quando foi hora de nomear os componentes da Banda.

Hits românticos cáusticos, de ironias refinadas, ilustração de nostalgia do amor nunca esquecido. Rock's boleros pós modernos, sambatizados, entre outros ais, que o amor é grande amor. "Mas hoje o que me restam são os velhos retratos/Que adormecem pelas caixas de sapato/E só despertam pra me fazer lembrar que mais uma vez/Eu vou jantar sozinho/Como quem espera alguém que nunca está a caminho/Aproveito, ligo o rádio pra ouvir baixinho/Canções que falam do amor dos outros/Senti saudades de dançar bem devagar/E sentir o seu perfume ficar em mim/Vou sair, mesmo com o tempo ruim/Alguém nessa cidade deve me compreender", porque canta "O amor dos outros".

Sonoridades embaladas por rock's boleros do poeta aedo musical urbano, pós caos do velho mundo regurgitado. Carismáticos e apaixonantes rock's embalados de pop urgentes. Funk's melódicos reinventados e assinam gerações bifurcadas na batida melódica de agressividade apaixonante. Cantar, tocar e encantar, seja por "Alegria girar", ou em "última" atenção na moenda a rock's e melódicos setentões contemporaneizados e feitos nova canção.

"O amor é feito de relâmpagos/Arremessados no escuro/O amor é feito de relâmpagos/E de um clarão absurdo/O amor é um mar que não tem fim/E dentro do mar cabe tudo/O riso, a dor, um filme, amor, um balé, um jardim/Silêncio, um tambor, do soco à flor, o começo e o fim/O mar só fala de boca cheia e faz chover/(chove chuva, chove chuva, chove chuva)/Pra fazer um mar só falar de boca cheia e vai chover/E vai chover/O amor é feito de relâmpagos/Inventados na escuridão/O amor é feito de relâmpagos/Num barulho forte de um trovão (...)"


Porque a Banda Vale e dá até sempre ser e reitera que também ama em "Amorlâmpagos" licenciada de pura emoção em triunfo da analogia sem perder a razão e sensibilidade de atração e interação de sentimento e (des)ordem na composição. Validuaté é show!

Abriu com toda qualidade musical o evento para a Amazônia muito legal das artes que por aqui passa. Salvo a produção local do SESC, de perfil fake e closista, em grande número e pouco efeito pragmático de resolver eficazmente os problemas, o espetáculo foi mesmo a Banda, seu hit de identidade melódica e seu público febril. Nem o ruído na comunicação, para som pouco equalizado, e microfonias irritantes, desestabilizaram o brilho da Validuaté.
("Ela só quer ser...."/foto: L. Milú)

Uma noite imperativa de puro prazer para olhos e ouvidos direcionados ao som top pop romântico contumaz e de delicadezas poéticas e transversais maracatusatomizadas e jorgemautneanas festejadas. 

Validuaté, meeeerde!!!

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