domingo, 3 de agosto de 2014

Na voz das Sanfonas

Herdeiros de Mestre Lua
por maneco nascimento


A tarde de 1 de agosto foi invadida pelo Bando de Sanfoneiros que preencheu de luz e energia musical a Procissão das Sanfonas 2014. 
As ruas do Centro de  Teresina se encheram de alegria em vozes sanfonadas, em préstimos de homenagem a Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. 
Sanfoneiros, zabumbeiros, triangueiros e violeiros embalaram a tarde do centro da cidade, com as memórias musicais do cancioneiro gonzaguiano. 
A Procissão das Sanfonas segue o ritual de missa, a partir das 15 horas, bênção das sanfonas para, em seguida, o grupo de sanfoneiros sair, da Catedral de Nossa Senhora das Dores, enveredar ruas em xote, xaxado e baiões do Brasil de nordestes musicados. 
A caminhada pelo centro até o Museu do Piauí - Casa de Odilon  Nunes, local de soltar vozes no campo da dispersão da homenagem.
(6a. Procissão das Sanfonas/ imagem www.diariodopovo-pi.com.br)
Já em sua sexta edição, a Procissão das Sanfonas é uma realização da I Colônia Gonzaguiana do Brasil (Teresina - PI), que tem em um dos seus + entusiastas e herdeiros fiéis da tradição gonzaguiana, Wilson Seraine, um amor ímpar pela obra, vida, fortuna crítica e artística do velho e querido Lua, o nosso Luiz Gonzaga.
O evento atrai a atenção e participação de artistas, intelectuais, músicos, amantes do Rei do Baião e  os populares que vão sendo incorporados ao cortejo das honras em memória da voz do cotidiano e vida licenciada na poesia aos sertanejos. A homenagem se revigora ao aniversário de morte do Luiz Gonzaga.

A saudade, invenção brasileira, se mata no peito enquanto revigora a graça da lembrança que se guarda de Gonzagão, desaparecido há 25 anos. As músicas festejadas confirmam a alegria, bom humor e estética de preservação da memória social e das falas coletivas, imprimidas no eixo musical de Luiz Gonzaga e seus parceiros. A marca, de registro da memória nacional, que músicos, sanfoneiros da gleba brasis, enlevam é ao livro do riso e do nunca esquecimento.

Reunir no cortejo, sanfoneiros meninos, jovens, adultos e maduros, com dedos afinados nos acordes da sanfona, revigora a profissão de sanfoneiros, acordeonistas, revitaliza a história do artista, tema da Procissão. 

Entre os novos sanfoneiros, Davi Lima, Gabriel Gaspar, Vanessa Lobão e Artur Pereira de Sousa, de 96 anos. Este dividiu acordes, de oito baixos, com a nova geração de músicos que aciona continuidade da história e revigor da memória e práxis sanfonada da música gonzaguiana.

Patrimônio cultural brasileiro, Luiz Gonzaga, e sua arte, tem mantido a chama acesa da história e música festejadas. Aquele que não só é o Rei do Baião, mas o homem brasileiro, pernambucano de Exú, no agreste nordestino, que melhor cantou sua terra, sua gente, vida e costumes, a simplicidade e humor peculiares da cultura sertaneja, sua voz e pertencimento.

A Procissão das Sanfonas facilita a revisitação ao velho Lua e orgulha a quem sabe quem é Luiz Gonzaga, o nosso Rei do Sertão cantado. Na chegada da Procissão, na calçada do Museu do Piauí, os músicos e sanfoneiros de tradição cantaram Luiz, seus sucessos inesquecíveis de forrós, xotes, baiões e xaxado e deram ao público, que prestigiou o evento, uma alegria e prazer em dividir participação com os sanfoneiros que cantam e vivem o Lua.
O apelo de participação à Procissão é irrecusável. Trata-se de Gonzagão e os sanfoneiros piauienses; convidados de outras praças brasileiras, presentes; e a comunidade partícipe não poderiam não participar. Festejar o Mestre Lua, sua experiência doada na caminhada musical que empreendeu ao país, é prazer de qualquer nordestino. 
Preservar a cultura da música popular brasileira, a de língua viva do Nordeste, em que a sanfona é linguagem orgulhosa de ser presente, sempre, na manutenção das sonoridades consolidadas no fazer musical da velha sanfona, a de Luiz era branca, e que vinha acompanhada de um chapéu de couro, identidade do artista.
Na  lembrança de todos, Luiz Gonzaga sempre retorna. A sanfona, a voz do artista e a presença dos sanfoneiros confirmaram a do Mestre Lua, que riu a Teresina, pois sua voz da sanfona se garantiu, muito bem, na tarde de 1 de agosto, no gesto sócio cultural promovido pela I Colônia Gonzaguiana do Brasil e por um dos seus escudeiros + febris, Wilson Seraine.
Parabéns à Procissão das Sanfonas, essa festa é nossa e ninguém tasca!

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