sexta-feira, 18 de julho de 2014

Ator por Excelência

Renato Borghi
(imagem: conversadebotequimonline.blogspot.com)

Um dos atores de excelência, da cena nacional, estará em Teresina, dias 25, 26 e 27 de julho de 2014, às 20 horas, no Theatro 4 de Setembro. Dividirá palco com Eva Wilma, em "Azul Resplendor", para texto de Eduardo Adrianzén, o grande Renato Borghi. A Direção do espetáculo é do próprio Borghi e de Elcio Nogueira Seixas. 

No enredo dramático de Adrianzén, a metalinguagem do autor peruano aproximou amigos e gerações do teatro brasileiro, exercitando metateatro. Eva Wilma, Renato Borghi, Guilherme Weber, Luciana Borghi, Débora Veneziani e Felipe Guerra são todo "Azul Resplendor". 
(arte divulgação)

Blanca Estela (Eva Wilma), por decisão própria, resolveu, há 30 anos, afastar-se dos palcos. Tito Tápia (Renato Borghi) visita a grande dama do teatro, confessa seu amor recolhido pela atriz e propõe que Blanca retorne aos palcos e protagonize a diva da obra de autoria dele. 

Ele, um inexpressivo ator, com pequenas "pontas" no teatro e na televisão, passou a vida cuidando da mãe adoentada. Com o desaparecimento da doente, uma herança para gastar e um texto seu, criado em homenagem à mãe, Tito convence Blanca à proposta de retorno ao grande teatro de sua vida. Mas a diva impõe, para seu retorno, a condição de que um diretor de peso assine sua volta triunfal. 

É nesse contexto de dramas e comédia que Renato Borghi acumula atuação e direção na temporada de "Azul Resplendor" que chega a Teresina nesse finzinho de julho. E Renato sabe ser Borghi e seu teatro não passa batido. Integra força inflexiva e projeção ímpar à memória e história do teatro brasileiro.
(imagem: vamoz.com.br)

Ator e autor. Um dos principais integrantes do Teatro Oficina, intérprete vigoroso de papéis marcantes, nos quais sabe introjetar com equilíbrio irreverência e sarcasmo, num estilo todo particular. Sua história particular se confunde com sua grande arte do fingimento, porque o ator se fez arte e ato em toda sua vida.
"Embora carioca, vive em São Paulo, formando-se em direito em 1960, ocasião em que integra o movimento a oficina, grupo amador ligado ao Centro Acadêmico 11 de Agosto. Estréia profissionalmente em 1958, no Rio de Janeiro, na montagem de Sergio Cardoso Chá e Simpatia, de Robert Anderson. Em 1959, em São Paulo, participa de A Incubadeira, de José Celso Martinez Corrêa, e, logo a seguir, de A Engrenagem, de Jean-Paul Sartre, direção de José Celso e Augusto Boal. Em 1961, torna-se um dos sócios do Teatro Oficina, onde desempenha ativo papel na condução dos rumos artísticos do empreendimento. Depois de A Vida Impressa em Dólar, de Clifford Odetts, em 1961, torna-se aluno de Eugênio Kusnet, alicerçando conhecimentos de interpretação(...)"(www.itaucultural.org.br/enciclopédia Itaú cultural teatro)
(imagem: colunistas.ig.com.br)

Dirigido por Zé Celso Martinez Corrêa, atuou em "Todo Anjo É Terrível", de Ketti Frings, e  em "Quatro Num Quarto", de Valentin Kataev, com direção de Maurice Vaneau, espetáculos produzidos pelo Oficina, no ano de 1962. Em "Pequenos Burgueses", de Máximo Gorki, encenada por Zé Celso, Renato Borghi vive seu primeiro grande sucesso, na pele de Piotr. Recebeu um Molière, o ano era 1963.
Em "Andorra", texto de Max Frisch, no ano de 1964, Borghi deu vida a personagem Andri, em que triunfa novamente e repete Prêmio. O incêndio que destrói o Teatro Oficina, em 1966, motiva o corpus da Sala de espetáculos às sucessivas remontagens de peças do repertório da companhia, mantém a chama da cena acesa, imbuído a recuperar-se das cinzas, feito fênix, e dá a Renato o diverso de oportunidades de papéis e experimentações em múltiplo de linguagens.
1967 é quando consagra-se vivendo o Abelardo I, no clássico da irreverência e manifesto tropicalista à pena da lei antropofágica de Zé Celso Martinez Corrêa, em "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade. Leva o Prêmio Molière e o da Associação Paulista de Críticos Teatrais - APCT, como Melhor Ator. 
Ainda dirigido por Zé Celso, atuou em "Galileu Galilei", de Bertolt Brecht, 1968. E ao lado de Othon Bastos exercita uma dramaturgia expressionista e cheia de fúria e desregramento. O ano era 1969 e Borghi alcança a potencialização do ator em exercício de vigor e generosidade nas desnorteantes proposições de cena de Martinez, para texto de Brecht, em "Na Selva das Cidades".
Como um administrador de arte e do ofício, Borghi convida e recebe o Grupo Lobos e o Living Theatre que, juntos com o Oficina, reformulado em sua estrutura, já em 1970, intercambiam novas estéticas aproximadas. Integra uma longa excursão teatro adentro, denominada Salto para o Salto, e percorre o país em remontagens de sucessos do grupo, resultando na criação coletiva "Gracias Señor", que se apresenta, em 1972, no Rio e São Paulo, e enfrenta problemas com a censura. 

Ainda em 1972, Zé Celso Martinez dirige "As Três Irmãs", de Anton Tchekhov. Em meio da temporada e ao fim de uma sessão, Renato comunica ao público que está deixando o grupo. Deixa o Oficina, definitivamente.
Em projetos de novas investidas no campo de Salas de espetáculos, com sua mulher, Esther Góes, participa da encenação de "Frank V", de Dürrenmatt, dirigida por Fernando Peixoto, em 1973. Maurício e Beatriz Segall queriam reanimar o Theatro São Pedro. 

Em seguida, com Esther Góes, funda o Teatro Vivo e realizam "O Que Mantém um Homem Vivo?", numa colagem de textos e canções de Brecht e direção de Borghi e José Antônio de Souza. Associado a Miriam Mehler, dirige, em 1975, "Absurda Pessoa", para texto de Alan Ayckboun.
Integra os elencos de "Castro Alves Pede Passagem", texto e direção de Gianfracesco Guarnieri, de 1971, e "Um Grito Parado no Ar", de 1973, também de Guarnieri, direção de Fernando Peixoto. Peças viabilizadas por Othon Bastos Produções Artísticas. 

Atua em diversos espetáculos-resistência, "Murro em Ponta de Faca", de Augusto Boal, direção de Paulo José, 1978; de Chico Buarque e Ruy Guerra, "Calabar", 1980 e "Pegue e Não Pague", de Dario Fo, encenada por Guarnieri, em 1982.
Como "Édipo Rei", de Sófocles, dirigido por Marcio Aurélio, recebe o Prêmio de Melhor Ator de 1982, pela Associação Paulista de Críticos de Artes - APCA. Dividia a cena com a companheira dos tempos do Oficina, Ítala Nandi, na voz da rainha Jocasta. Com o diretor Gianni Ratto atuou em "Com a Pulga Atrás da Orelha", de Georges Feydeau, 1984, e "O Amante de Madame Vidal", de Louis Verneuil, 1988. 

Escreveu com João Elíseo Fonseca o musical "A Estrela Dalva", estrelada por Marília Pêra, em 1987. Nesse mesmo ano, em São Paulo, seu texto "Lobo de Ray-Ban" é lançado. Sua vasta vivência nos bastidores do meio teatral é mote para crise de um casal de atores. José Possi Neto dirige o espetáculo na cena de Christiane Torloni e Raul Cortez. Borghi recebe os Prêmios Molière, Mambembe, APCA e Apetesp, de Melhor Autor. 

Recebe, em 1989, o Prêmio da Apetesp pelo texto"Decifra-me ou Devoro-te". A peça foi encenada por Roberto Lage. Em "Rancor", de Otávio Frias Filho, atua ao lado de Sérgio Mamberti e Bete Coelho. A mesma Bete dirigi-o em "Pentesiléias", com texto de Daniela Thomas, em 1994. O texto, inspirado em Heinrich von Kleist.

Funda o Teatro Promíscuo, em 1995, com o ator e diretor Élcio Nogueira e realizam as montagens de "Senhora do Camarim", texto de Borghi, criado nesse ano; "Édipo de Tabas", de Sófocles e Sêneca, em 1996; "Tio Vânia", de Anton Tchekhov, 1998; "A Vida de Galileu Galilei", de Bertolt Brecht, com direção de Cibele Forjaz, 1998. Com Tônia Carrero compartilha a cena em "Jardim das Cerejeiras", de Anton Tchekhov, em 2000.
(imagem: robertosetton.com.br)
(imagem: favodemellone.com.br)

[Em 2002 organiza e atua na Mostra de Dramaturgia Contemporânea do Teatro Popular do Sesi - TPS, ao lado de Élcio Nogueira, Luah Guimarães e Débora Duboc, apresentando 15 peças curtas, panorama dos dramaturgos paulistas da década de 1990, em que se destaca em Três Cigarros e a Última Lasanha, de Fernando Bonassi e Victor Navas, com direção de Débora Dubois.
Sobre suas virtudes como intérprete, na consagradora criação de Abelardo I de O Rei da Vela, salienta o estudioso Armando Sérgio da Silva: "Renato, por sua vez, no seu desempenho incorporou muitas características do político paulista Ademar de Barros, mas como era uma personagem dentro do circo, ele foi buscar inspiração no velho palhaço mais conhecido do grande público, Abelardo Barbosa, o 'Chacrinha'. É sabido o fato de que Renato passou semanas assistindo a programas de TV, revistas, chanchadas brasileiras, para compor sua personagem. Daí resultando a crítica feita por Luiza Barreto Leite sobre seu trabalho: Renato Borghi está absoluto. diverte-se, divertindo a platéia, com o rasgar das próprias entranhas, com o expor das próprias vísceras, com o prazer sádico que só Oswald em pessoa teria empregado"] (www.itaucultural.org.br/enciclopédia Itaú cultural teatro)
(imagem: aplausobrasil.com.br)

(imagem: televisão.uol.com.br)

[Renato Borghi (Rio de Janeiro1939) é um ator brasileiro, diretor e autor teatral. Iniciou sua carreira na companhia de Sérgio Cardoso. Fundou o Teatro Oficina juntamente com Zé Celso Martinez Corrêa, e assim, revolucionou o teatro brasileiro nos anos 60 com o Tropicalismo, a contracultura e o teatro de resistência. É considerado um dos maiores atores brasileiros vivo. Fundou nos anos 90 o grupo teatral Teatro Promíscuo com o ator/diretor Elcio Nogueira Seixas. O grupo vem acumulando sucessos e propondo novas pesquisas e linguagens teatrais.
Protagonizou O Rei da Vela de Oswald de Andrade sob direção de Zé Celso Martinez Corrêa no Teatro Oficina e também no cinema, proibido pela censura. No filme Lost Zweig interpretou Getúlio Vargas. Na minissérie Mad Maria foi Rui Barbosa.

Na televisão teve passagem por:

No cinema assinalou atuações em:

  • 1990 Corpo em Delito
  • 1992 Sua Excelência, o Candidato - Orlando
  • 1994 A Causa Secreta 
  • 1997 A Grande Noitada - Bêbado
  • 2002 Lost Zweig - Getúlio Vargas
  • 2003 O Vestido - Seu Pequeno
  • 2004 Cabra-cega
  • 2006 Os Desafinados - Cônsul Carlos José
  • 2009 Estado Senil (curta-metragem)] (www.wikipedia.com.br)

  • Fontes de pesquisa:
  •  Notas - SILVA, Armando Sérgio da. Oficina: do teatro ao te-ato. São Paulo: Perspectiva, 1981. p. 150-151 IN  (www.itaucultural.org.br/enciclopédia Itaú cultural teatro/Atualizado em 25/05/2010)
  • (www.wikipedia.com.br/a enciclopédia livre)

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