quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

É escritor

Conte um conto
por maneco nascimento

O ator, diretor de teatro e arte educador, Eduardo Prazeres, é também autor e como toda boa prosa começa pelo começo, ele enveredou por um livro de contos, “Balada Suburbana”, lançado em 2009, através da Lei de Incentivo Municipal A. Tito Filho.

E, como defendeu o autor, “Balada Suburbana” trata-se da reunião de vinte contos selecionados entre os primeiros escritos e os mais recentes. As histórias mesclam enredos da periferia e temas fantásticos. “Algumas situações e personagens foram colhidas diretamente da vida e da experiência pessoal do escritor”, consta na orelha do livro.

Em 2010, recebi de punho do autor, o livro autografado e guardei-o na lista de espera às leituras. Nesse 2013, Eduardo Prazeres lançou nova obra, dessa vez seu primeiro romance. O lançamento aconteceu dia 22 de novembro de 2013, na Casa da Cultura de Teresina.

“Crispim e a Sétima Virgem” está no mercado e precisava eu correr atrás do prejuízo. Lancei mão, na estante, do “Balada Suburbana” para que só então, no futuro urgente, mergulhe em seu romance.

De “Balada Suburbana” muitas e boas surpresas na escrita. Temas comuns ao imaginário popular e verdades de subúrbios com suas peculiaridades e humanidades que transformam a verossimilhança em realidades cotidianas, aplicadas ao recurso ficcional de veio de escrever para efeito de recepção convincente.

Não sabia ainda de que maneira conseguiria formular em texto as minhas emoções e a minha imaginação. Queria contar histórias, verter meus sentimentos (os bons e os péssimos). Queria ser escritor. Mas não sabia por onde nem como começar. Não sabia se era hora de começar. Não sabia se poderia identificar a hora de começar. Não sabia se devia começar. Sim, as dúvidas eram muitas e terríveis. No entanto, mesmo nesse período, uma coisa já era absolutamente clara para mim – eu queria ser um escritor popular.” (prefácio)

As dúvidas e conflitos de escritor de primeiras viagens perdem-se no concreto do preto no branco. Das palavras feito forma de abrir curiosidade, entreter, atrair atenção de não perder o próximo enredo e manter os olhos do leitor nas páginas construídas pelo artista da contação e narrativas literárias.

Eduardo cumpre bem o papel e desempenha a máxima de que o conflito gera a mudança e a mudança abre novas perspectivas de conflitos a serem desvendados. Como autor de contos fica à vontade para reinventar histórias e recontar lendas urbanas. 

Traquinagens de crianças, malandragens do jeitinho brasileiro, metamorfose, solidariedade filial, “abdução” de poeta, poema perdido, lendas e memórias afetivas no cotidiano infantil, o carona no desespero, Dom Juan das vendas, o maníaco do bairro, hecatombe, vingança, adultério e crime passional, bipolaridade constatada.

E o conto que leva o título do livro para enredo e impacto do final imprevisível. “Balada Suburbana”, reúne crime, paixão doentia, incesto e frieza de vingança premeditada. Uma surpresa guardada se espalha em violência contra a mulher e é reiterada na coda do conto.

Conta uns contos e conta pontos de ascendência na arte de criar convencimento pela ação ficcional inteligente. Prazeres acerta as pontas como contista, em franca ascensão de quem muito desejou e começou a colher a própria história.
(escritor Eduardo Prazeres/divulgação)

Como contista pegou gosto, imagine o que não terá avançado como romancista. Mas isto será assunto para outro momento, quando chegar a vez e a hora de “Crispim e a Sétima Virgem” ser desvendado por meu contato imediato com a obra. 

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