sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Tintas de Jorge Amado e Carybé

Batismo nas tintas
por maneco nascimento       
  
A Casa da Cultura de Teresina (Praça Saraiva/Rui Barbosa 348, Centro) está com nova Exposição aberta, desde o dia 16 de outubro e segue até 8 de novembro de 2013, na Galeria de Artes Lucílio Albuquerque, segundo pavimento da Residência do Barão.
(olhar de Carybé e Jorge entre boêmia, músicos e santo/divulgação)

O Compadre de Ogun – Serigrafias de Carybé” nos possibilita o prazer de ver peças maravilhosas do grande Carybé, o argentino + baiano que a terra de Todos os Santos já forjou no calor das oficinas antropológicas da Bahia de São Salvador. 31 peças em que se impõe a narrativa de um batizado do filho de um filho de Ogun.
(A Bahia de Carybé e Jorge Amado/divulgação)

Com humor natural e rico de detalhes cotidianos, a verve de um dos maiores autores brasileiros, Jorge Amado e sua grande Bahia, se estabelece nas cores vivas e quentes que extraem qualidade dos pincéis de Carybé. Batizar o filho de relação fortuita dos becos baianos e das paixões reais é mote do conto inserido na obra jorgeamadiana “Os Pastores da Noite”, ilustrada, entre outras, pelo artista plástico.

O enredo literário, retratado na arte pictórica carybene, tira muito riso guardado na curiosidade do olheiro da Exposição. O filho do negro Massu precisa ser batizado. Todos os preparativos são avançados. Entre o gratificante humor de Jorge, está o fato de que Ogun se escolhe para ser padrinho do bebê e precisará de um cavalo(filho de santo) para representá-lo na igreja. Exu, enciumado, cria estratégias para tomar o lugar de Ogun. Quase consegue, mas a redenção vem pelo próprio Ogun que, já na igreja, toma seu lugar na croa do filho de santo e o batizado se realiza.

O sincretismo natural baiano, com que o terreiro e a igreja estão intrinsecamente ligados, é da pena de Jorge Amado, embaixador da cultura e sociedade de sua gleba. O padre que celebra o batizado é também filho de Ogun e é através dele que o santo expulsa Exu da pele do padrinho da criança. Assume o cavalo e então tudo acaba bem. Tudo isso poderia ser só literatura, mas essa letra de licença poética ganha as cores de Carybé na licença dos pincéis para aquarelas.

Ao se deter nos detalhes do artista plástico, se pode perceber não só os movimentos de anatomia e vida pulsante em suas aquarelas e o dia a dia das gentes da Bahia, mas estão lá muito presentes e representativos os santos protagonistas do conto “O Compadre de Ogun”. A Bahia dos terreiros, das mães e filho(a)s de santo, as incorporações e os rituais da afro descendência e religiosidade tão nossa e rica de fé do “profano” ao sincrético de Deus brasileiro.

O Compadre de Ogun – Serigrafias de Carybéé altamente recomendável. Autêntica, original, poderosamente artística, + Brasil impossível e há Jorge e Carybé não só numa amizade estética, mas de vida cultural e artística construída nas ladeiras, becos, memórias sociais da terra de coronéis, cacau, candomblé, acarajé, vatapá, capoeira, a pesca e o mar, os mercados e escambos sociais, a cor brasileira e fé na natureza de todas as crenças e verdade professada na arte e na crônica social das vidas simples e ricas desse caudal de natureza brasis.
 
(A Bahia de todas as cores e pincéis caribene/divulgação)

Exposição “O Compadre de Ogun – Serigrafias de Carybé” até dia 8 de novembro, na CCT – Residência do Barão. No horário de 8h às 18h, de segunda a sexta feira, e das 9h às 13h, aos sábados, você pode conferir essa beleza de tradição e ruptura artísticas nas cores de Jorge Amado e Carybé.

Expediente:

Visitas orientadas às escolas, por monitores capacitados. Para maiores informações, nos telefones 3230 9910/3230 9907. Ou no da Casa da Cultura, 3215 7849.

(arte da Exposição/divulgação)

Não deixe de ver esse pedacinho do Brasil, na Bahia que está no Piauí. Você já foi à Casa da Cultura? Então vá.

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