quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Sol Sanguíneo prosa e poesia dramáticas

SOL SANGUÍNEO é boa pedida
por maneco nascimento

O espetáculo Sol Sanguíneo continua com carreira vigorosa para poemas, poeta, licenças, dramaturgias e atos de cena experimentados. Montagem do Grupo Indigentes de Teatro, Sol Sanguíneo é baseado em obra homônima do poeta maranhense, da terra, nascido e piauiense de nossa adoção, Salgado Maranhão.

A peça tem a defesa de Vitorino Rodrigues, enquanto dá vida às personagens da poesia de Salgado e o desenho de dramaturgia de Maneco Nascimento. Monólogo que traz à cena um homem contemporâneo que carrega incrustado na pele as memórias de "moendas de açúcar e súplicas", "demandas de açoites e séculos". 

Numa aproximada leitura de Navio Negreiro, este homem de hoje, sendo preto, branco, pardo, índio - é sobretudo pobre e é mutilado nas condições mínimas de uma vida digna e igualitária na sociedade”, garante Vitorino Rodrigues. 

(o homem de Sol Sanguíneo/fotos acervo do GInsT)

Recentemente, o espetáculo esteve no 3º. Festival Nacional de Teatro de Pontos de Cultura e Grupos Independentes – Prêmio Francisco Pellé, no período de 18 a 22 de setembro de 2013, ocorrido na cidade de Floriano. O evento contemplou espetáculos de todo o Brasil nas categorias Teatro de Rua, Teatro Infantil, Teatro Adulto e Monólogos. 

O Festival patrocinado pela Prefeitura de Floriano, Governo do Estado do Piauí, através da Fundac e pela Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural, por meio do Ministério da Cultura – MINC. Criou vida cultural aos pulmões de Floriano e reuniu 18 estados brasileiros e dividiu ato cênico ao Teatro Maria Bonita e Espaço Alternativo da mesma Casa de espetáculos. E + apresentações ocorridas no espaço Beira Rio (calçada do Maria Bonita) e no Espaço Cultural Teatro Cidade Cenográfica.

A premiação do 3º. Festival Nacional de Teatro de Pontos de Cultura e Grupos Independentes, na Princesinha do Sul, agraciou com prêmio os melhores do ano de 2013.

(Idem)

Sol Sanguíneo foi contemplado com o Prêmio de Melhor Direção que somou ao histórico de outras indicações e prêmios já conquistados pela licença poética que se iniciou a partir da liberação dos direitos de montagem, possibilitada por Salgado Maranhão. 

Há dois anos na estrada de palcos e festivais, a estrela do Sol, de Salgado e do Vitorino, tem aquecido poesia, drama e linguagens transversais, à cena brasileira, através do sal da terra, sol, pedras, solo rachado, das aves e pássaros, luas e mares e cais e rios e curvas e cores e pele e gravidez das palavras, infinitas paisagens estampadas das memórias e histórias do homem brasileiro, com afetos ao primordial.

(a contadora de histórias de S. Sanguíneo/fotos acervo GInsT)

Sol Sanguíneo, com Vitorino Rodrigues é a boa pedida da contadora de histórias ao herói das causas naturais tão presentes nos cotidianos brasileiros e no berço afetivo do eu poético que declara “minha terra é minha pele”.

Voltar ao desolado abrigo
da terra
chã.
Voltar aos limítrofes
da palavra (larva fulminante
e alarde) que assiste
da despensa
ao rapto da existência.
Voltar ao solo atávico
onde os loucos
riem-se
à sombra da neblina
.” (sol sanguíneo)

Do cais rasurado de esperas
velam noites a terçar
atabaques.

Minha terra é minha pele.

vieram o sol –
e o azeviche
conjugado à carne;
e vieram moendas de açúcar
e súplica;
e vieram demandas de açoite
e séculos
a desatar fonemas
à fervura.
 (sol sanguíneo)

De ti não há sequer
um álbum de família:

retratos da infância
nos campos de arroz e gergelim.

Talvez reste em pensamento
pedaços de tua voz

no vento
como impressões digitais
num rio.

II
No dia em que o azul
roubou teus olhos
e o silencio rival rasgou
teu nome,
cotovias cantaram no teu rastro.
No dia em que a manhã
cerrou teus olhos.
 (mater)

Tento esculpir a Litania
dos pássaros
e as palavras mordem
a inocência. Aferram-se
ao que é de pedra
e perda.

insights de insânia
e súplica; volúpias insolúveis
acossam-me a página
em branco
qual bandido bárbaro
ou mar revolto
a rasgar a calha
do poema.
 (fero)

De Sol Sanguíneo para Sol Sanguíneo, Salgado e Vitorino dão, sem sombra de dúvidas, luzes a dramaturgia brasileira ao teatro vivo.
  • Poemas (Maranhão, Salgado. SOL SANGÜÍNEO. Rio de Janeiro: Imago, 2002. ISBN 85-312-0828-9.)

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