quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Tigres, onças e gatos maracajás

Tigres , onças e gatos maracajás
 por maneco nascimento


Maputo – Moçambique - brindou a Semana da Lusofonia com seu teatro humorado, de dramaturgia prática e de uma simplicidade de apresentação que inteligencia, sem esforço, uma cena de concretude de domínio ao palco.

“Há Tigres no Congo?” se ambienta em cenografia comum, de escritório, como ilustrativo útil para o que realmente importa na dramaturgia de cena e nas falas sociais contidas ao diálogo travado entre as duas personagens que constroem um texto de comédia para futura montagem.

Com Produção de Manuela Soeiro, Direcção e Adaptação de Graça Silva, a peça moçambicana, do Grupo de Teatro Mutumbela Gogo, de Maputo, desempenha um enredo de 50 minutos, com uma leveza de comunicação e naturalidade de encenar seu teatro de forma carismática que não há como não se envolver com o enredo.

A encenação numa busca de encontrar o texto ideal, a uma nova encenação , colhe um metateatro que se desenrola com humor perspicaz e centrado em escolhas, aparentemente fáceis, mas definidas por estratégias inteligentes de coesão e coerência dramáticas à construção do teatro que idealizam transformar em história.

Diálogos indiretos para comunicação direta da carpintaria do texto, que finge não ser ideia construtivista da cena, enquanto constroem no paralelo a discussão séria acerca da AIDS, confundindo-se ficção e realidade, de maneira risível, para não criar drama sobre assunto já bastante sério na vida real.
(Há Tigres no Congo?, pensa ele./divulgação)

De forma dinâmica, os actores Adelino Branquinho e Jorge Vaz desenrolam, com competência de atuação, a história real da cena enquanto maquinam na construção da história de ficção. Uma sacada esperta da dramaturgia textual, falar de riscos e contágio pelo HIV sem criar ação pedagógica de saúde, nem didática de teatro institucional.
(Não há tigres no Congo. Na cena rugem o actores/divulgação)

Só teatro como qualquer um que sabemos fazer, mas com um adicional de tratar da SIDA, numa brincadeira séria e teatral, habituada num encontro cotidiano de trabalho entre dois amigos.

O traquejo dos actores e a liberdade em que foram inseridos, da trama inteligente que mapeia o exercício do fingimento, os faz dominadores da savana para tigres, onças e gatos pintados maracajás.

Há tigres no Congo, sim. Têm listras largas e de cor ouro criativo. Há também artistas perspicazes e concentrados na cena elaborada de assinatura maputiana.

Eles demarcam o território de lusofonia ampliada e deixam seu rastro de confortável entendimento e amor incondicional ao fazer teatral. Rugem Moçambique para além dos rudimentos da cena vaidosa e devoram a assistência com esforço felino de lamber a cria para efeito de reflexão social e arte que discuta o coletivo à cena e além da cena.


“Há Tigres no Congo?”. Com certeza há e trazem no peso das pegadas, que marcam terra dramática, o nome de Grupo de Teatro Mutumbela Gogo, de Maputo no Moçambique. Rugem teatro qualificado.

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