quarta-feira, 31 de julho de 2013

Pincéis de Lady ChaterLiz

Pincéis de Lady ChaterLiz
por maneco nascimento




Numa parceria de cultura e sensibilidade estética comungada, o Instituto LIZ MEDEIROS e a Casa da Cultura de Teresina – CCT abrem uma homenagem à maga dos pincéis ágeis, das cores quentes, rostos sublimes e cotidianos familiares, memórias infantis e epifanias de fé e oração plásticas, rebuscadas no matiz da obra revelada. Elizabeth da Silva Medeiros, a nossa querida Lizmedeiros, legou `à cidade e ao estado, terra da artista plástica, um memorial pictórico invejável e desejado por qualquer colecionador, ou amante das telas e efeitos artístico-visuais.

“Faces de Lizmedeiros” com curadoria de Gabriel Archanjo e Marina Medeiros abrem seus serviços em 1º. de agosto, às 19h 30 e fica em cartaz, na Casa da Cultura, até dia 16, data de aniversário da cidade. A grande exposição guarda muitas homenagens e revivificação da memória da artista. Os 55 anos de vida que se comemoraria em 2013 e também os 10 anos de seu desaparecimento aos olhos mortais.

A Exposição dedicada à sociedade piauiense compartilha a memória pictórica, de “Lady ChaterLiz”, em suas faces de expressão que perpassa pela prática de estudante de Belas Artes, no Rio de Janeiro dos anos de 1981 a 1985 e as incursões pela serigrafia, gravura, ilustração, pintura em tecido até suas últimas impressões, quando retorna a Teresina.

(Faces de Lizmedeiros/fotos: Francisco Gilásio)

Suas tintas sua lei, sua pena pincéis ardorosos em fé científica de transpor sentimentos e espírito para estéticas do diverso em que oprocesso criativo, quando desencadeado, ultrapassava os limites de telas. Sua obra é marcada por traços soltos, cores vivas, formas multivariadas, marcantes, buscando o cotidiano da vida, da fantasia e brincadeiras, sempre em movimento, o qual transparece o intenso calor e a plenitude da vida. (Gabriel Archanjo e Marina Medeiros)

“Faces de Lizmedeiros”, uma retrospectiva ilustrada da produção artística desde a iniciação acadêmica, os primeiros estudos a lápis, carvão, aquarelas, nanquim, óleo, serigrafias, e gravuras. Às gravuras, requintadas de detalhes, recebeu lição da mestra Thereza Miranda. Aluna e monitora do professor Dionísio Del Santo, desenvolveu, na serigrafia, a técnica de sobreposição das cores e imagens nas telas, confundidas com monotipias. Foi premiada e reconhecida na escola de Belas Artes e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.(divulgação)

(Exposição Faces de Lizmedeiros/fotos: Francisco Gilásio)

Natural de Teresina, rebentou a menina à cidade verde em 29 de janeiro de 1958. Descobriu, desde cedo, uma atração irrevogável pelo universo da arte das tintas e pincéis. Facilitou a pintura e o artesanato nos bairros, em escuta do despertar às comunidades o exercício artístico. Teresina foi terra de sua infância e adolescência. Em 1977 quis ser dentista, mas desistiu da odontologia e foi atrás da sua estrada de tijolos amarelos, formando-se em Belas Artes no Rio de Janeiro, no ano de 1985. Nesse mesmo ano foi escolhida como artista revelação, enquanto aluna de professores renomados como Aluíso Carvão, Thereza Miranda e Dionísio Del Santo, no Museu de Arte Moderna – MAM.

(fantasias e brincadeiras infantis de Lizmedeiros/fotos: Francisco Gilásio)

Como ilustradora de mancheia que sempre foi, executou diversos projetos, entre eles o Jornal acadêmico Unha de Gato, da UFPI. Com sua singularidade recheada de leveza e destreza das cores, especialmente quando abrigava temáticas infantis, (des)fez mistérios e magias pictóricas. Para o livro infantil “O Tatu Garimpeiro”, de Carlos Queiroz Teles (Editora FTD, São Paulo – SP, 1992), desenvolveu uma ilustração de significações plásticas de liberdades raras e com esse trabalho recebeu o “Prêmio Jabuti”, na categoria Produção Editorial Melhor Obra em Coleção. Seus pincéis respondiam muito bem ao seu bom humor, alegria de viver e livre pensar criador.

(memórias das brincadeiras em LIzmedeiros/fotos: Francisco Gilásio)

Em comemoração aos 19 anos da Casa da Cultura de Teresina e dentro dos 161 anos da cidade, entre as várias atividades planejadas para mês de aniversário, a coordenadora da CCT, Jôsy Brito, dedica especial atenção à Exposição "Faces de Lizmedeiros", um diferencial de cultura e arte voltado à homenagem e memória pictórica de Lizmedeiros.

Expediente:
“Faces de Lizmedeiros”
De 1 a 16 de agosto. 
Abertura às 19h 30 do dia 1º. de agosto 
Horário de visitação: 2ª. A 6ª. Feira – 8h às 17h/Sábado – 8h às 13h.
Casa da Cultura. Praça Saraiva. Centro. Teresina – PI

sábado, 27 de julho de 2013

Divinos!

Divinos!
por maneco nascimento

Entre abril e julho o céu dos artistas ficou + rico e recheado de talentos inestimáveis. Em abril uma das grandes damas do teatro brasileiro e telenovelas partiu para as estrelas. Em julho um grande ator também alçou voo rumo ao imponderável. Foram reencontrar amigos de cena, colegas de profissão e rememorar a árdua batalha da vida de artista que o Brasil possibilita aos seus divinos.

Atriz da geração do teatro brasileiro do TBC, da década de 40, a paulista Cleyde Yáconis não só registrou seu nome no livro da dramaturgia nacional, como acumulou o privilégio de ser irmã de uma das maiores intérpretes do teatro nacional.
Cleyde Becker Iaconis (nome artístico: Cleyde Yáconis ; Pirassununga, 14 de novembro de 1923  — São Paulo, 15 de abril de2013) 1 foi uma atriz brasileira.
Iniciou sua carreira no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) ao lado da irmã, a atriz Cacilda Becker. Tem um dos repertórios teatrais mais variados e ilustres da dramaturgia nacional. Para Cleyde, sempre foi normal a escalação para interpretar personagens de mais idade que a sua própria, talvez devido à sua voz de contralto e suas feições graves.
Participou ativamente em produções de teatro e televisão, mas em cinema atuou muito pouco em mais de meio século de carreira. Seu último papel na TV foi a divertida Dona Brígida Gouveia, na novela Passione, de Sílvio de Abreu, exibida pela Rede Globo. Dentre seus trabalhos na televisão, destacam-se Mulheres de Areia, Os Inocentes, Gaivotas, Ninho da Serpente, Rainha da Sucata, Vamp e Torre de Babel.
Em 29 de setembro de 2009, o antigo Teatro Cosipa Cultura passou a chamar-se Teatro Cleyde Yáconis, em homenagem à atriz que protagonizou a primeira peça montada na casa – O Caminho para Meca.(www.wikipédia.com.br/acesso: 27.07.2013 às 22h 52)
A grande maioria do povo brasileiro, sem acesso à cultura do teatro, só mantém contato com grandes artistas da cena através da televisão, essa invenção que foi responsável pelo maior celeiro de talentos migrados da radionovela e dos palcos à caixinha mágica de ilusões e dramas. Cacilda Becker sofreu um AVC (06.05.1969), durante a apresentação de “Esperando Godot”, de Samuel Becket. Atuava ao lado do marido Walmor Chagas. Morreu em 14 de junho de 1969, aos 48 anos.
O destino deu + tempo ao brasileiro para que pudesse conviver com o talento da irmã, Cleyde Yáconis, através da tevê. Esta dedicou grandes momentos, ao telespectador, com seu “timing” de atriz classuda em inflexões textuais degustadas. Um “feeling” para digerir textos e personagens que irretocáveis.
Deixou à memória da teledramaturgia o deleite de exemplos de construção da personagem entre vigorosos, diversos e carismáticos para um bom apreciador de artista de teatro. Trazia para o estúdio frio o calor do palco, adaptado ao “metier” híbrido da novela de tevê. Suas velhinhas, de últimas incursões na telinha, entre graciosas e empertigadas, mantinham a lembrança saudável com contemporâneas suas, no dedilhar do texto articulado, como Elza Gomes, Norma Geraldy, Carmem Silva, Laura Cardoso, Eva Todor, entre outras divinas.
(querida Cleyde Yáconis/divulgação)

"Morreu em 15 de abril de 2013 no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Onde se encontrava internada desde outubro de 2012. O corpo da atriz foi enterrado por volta das 17h30, da terça-feira dia 16 de abril de 2013 no Cemitério de Cajamar no município de Cajamar no estado de São Paulo.” (www.wikipédia.com.br/acesso: 27.07.2013 às 22h52)

Aos 89 anos num bonde chamado destino Cleyde partiu ao outro plano, foi brilhar no teatro da luz. Três meses depois, nesse julho, 15, foi a vez do paraibano Sebastião Vasconcelos, que iniciou carreia no teatro de Recife, deixar as terras dos comuns e migrar à imortalidade sideral.
(Sebastião Vasconcelos/divulgação)

“Sebastião Vasconcelos é natural da Paraíba, mas iniciou sua carreira em teatro no Recife, sendo um dos principais fundadores do teatro universitário da cidade. Em 1955 o ator se mudou para o Rio de Janeiro e em alguns anos já se tornava um ator de teatro premiado pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais. Daí para a tv foi um pulo e ao lado de atores como Tônia Carrero e Paulo Autran estreava em produções da extinta TV TUPI.

Também passou uma breve temporada na extinta TV RIO, onde fez o papel de Luís Jerônimo naquela que seria a primeira versão da obra de Ribeiro Couto para a tv, a novela CABOCLA. Anos mais tarde o ator viveria o sofrido Felício na terceira versão da novela em 2003.” (possocontarcontigo.blogspot.com/2013/05/por Daniel Pilotto 13 de maio de 2013)

Ator de construções fortes, tônus de muralhas de rudezas ou gravidade composicional (Zé Esteves – Tieta do Agreste [1989], de Aguinaldo Silva, baseado na obra de Jorge Amado ou Tio Abdul Rachid – O Clone [2001], de Glória Perez) e delicadezas no deslizar das palavras ao sensibilizar as falas das personagens, com acuidade amorosa de crédito da profissão e maturidade estética cunhada no teatro e repercutida na tevê (João do Piano – Felicidade [1991/92], de Manoel Carlos ou Floriano Araújo, pai das gêmeas Ruth e Raquel, em Mulheres de Areia [1993], de Ivani Ribeiro.
(grande Sebastião Vasconcelos/divulgação) 

Cenas antológicas de refinada interpretação davam sinais destacáveis do talento desse paraibano, ator fato. Cenas marcantes, a recordar, a de Zé Esteves, o personagem avarento e ganancioso pai de Tieta, quando descobre que o dinheiro que guardava por anos dentro do colchão já havia se desvalorizado, ou quando ele arrasta a filha pelos cabelos ao descobrir que ela “não é + de nada”. Numa das novelas de protagonistas Helenas, há também uma cena impagável.

Na novela FELICIDADE, de Manoel Carlos, baseada em contos do escritor Aníbal Machado. Do conto adaptado à trama, O PIANO, Sebastião Vasconcelos é João do piano “(...) um aposentado que vive com a família num pequeno apartamento, sua filha está de casamento marcado (...) decidem que seu velho piano, companheiro de anos de vida precisa desocupar o quarto onde está. O personagem passa por uma verdadeira peregrinação que vai das tentativas frustradas de venda do objeto até o final trágico, (...) como um verdadeiro Cristo, arrasta nas costas o piano pelas ruas de Copacabana até o mar, morrendo afogado na tentativa de afundá-lo nas ondas.” (possocontarcontigo.blogspot.com/2013/05/por Daniel Pilotto 13 de maio de 2013)

Entre tantas, esta é uma personagem, construída por Vasconcelos, que se tornou antológica no histórico de sua carreira. Sua interpretação é comovente, de uma intensidade tão viva, que a ficção reinventada desfaz a linha divisória entre o real e a realidade criativa.

Sua passagem deixou saudades teatrais. Morreu na noite desta segunda-feira (15), aos 86 anos, o ator Sebastião Vasconcelos, que estava internado no Hospital Israelita Albert Sabin (HIAS), na Tijuca, no Rio de Janeiro com pneumonia, enfisema pulmonar e Mal de Parkinson, doença da qual sofria desde 2002. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, Sebastião faleceu às 20h10, vítima de um choque séptico e de parada cardiorrespiratória.(caras.uol.com.br/especial/tv/post/morre-o-ator-sebastiao-vasconcelos.../Publicado em 16 de julho de 2013 às 11:30)

 A memória nacional nos povoa com grandes artistas e sua arte de encantar e fingir ao convencimento do grande público. Assim como qualquer mortal nascem, destinam sua escolha e depois desaparecem porque da natureza humana.

 “Sebastião Vasconcelos Costa (Pocinhos, 21 de maio de 1927  — Rio de Janeiro, 15 de julho de 2013) foi um ator brasileiro.
Morreu em 15 de julho de 2013, de parada cardiorrespiratória1 , e seu corpo foi cremado dois dias depois, no Cemitério do Caju no Rio de Janeiro em cerimônia restrita a familiares e amigos.(wwrw.wikipédia.com.br/acesso: 27.07.2013 às 22h56)
Cleyde Yáconis e Sebastião Vasconcelos em seus tempos de Divinos doaram  seu melhor à memória e história nacionais e são parte confirmada da construção no teatro e teledramaturgia  brasileiros.                                                                                     



A culpa é da calçada?

A culpa é da calçada?

por maneco nascimento

 De quem é a culpa, é da calçada, da pedra, da falta da pedra portuguesa, ou desta estar fora do lugar? Não. "Pára o mundo que eu quero descer...” (Raulzito) O buraco é + embaixo e olha que quanto maior é o orçamento, parece maior a possibilidade de uma senhora de idade, em seus 87 anos, sofrer um constrangedor tombo.

 A atriz Beatriz Segall foi vítima de uma dessas calçadas urbanas em cidades de maravilhas turísticas ou não, mas que derrubam as desavisadas pessoas que têm autoconfiança de que não precisam revisar o chão em que estarão pisando.


“Beatriz Segall, 87, pretende aproveitar que é uma pessoa conhecida para conscientizar as pessoas sobre o problema das calçadas no Rio de Janeiro. Em entrevista ao ‘Hoje em Dia’ (Record), a atriz apareceu com os hematomas bem mais espalhados pelo rosto. ‘Isso não está acontecendo só comigo. Acontece com várias pessoas em todas as cidades, mas nem todos têm oportunidade de chamar atenção para esse fato’, explicou a atriz. Um funcionário de um condomínio em frente ao lugar onde Beatriz caiu disse que há menos de quinze dias um senhor idoso tropeçou nas mesmas pedras e caiu, batendo a cabeça em uma tampa de bueiro.”  (http://f5.folha.uol.com.br/celebridades/.../Publicada em 26/07/2013 - 15h49)
 
(Beatriz Segall/fotos: arquivo pessoal)

A atriz ao se deslocar de São Paulo ao Rio de Janeiro para assistir a um espetáculo de teatro, que envolvia amigos de profissão, acabou levando um tombo feio quando se encaminhava à casa de espetáculos. 

A calçada com as pedras portuguesas soltas fica em frente a um restaurante. Há a justificativa, da prefeitura do Rio de Janeiro, de que a empresa teria sido notificada, mais de uma vez. De sorte é que parece que alguém finge que alerta e outrem finge que se preocupa, mas é o contribuinte quem leva sempre a pior.

“A notícia da queda da atriz Beatriz Segall em uma calçada na Gávea, no último domingo (21), chamou a atenção para o mau estado de conservação da pavimentação na zona sul da cidade. A reportagem do Balanço Geral percorreu os bairros de Ipanema, Gávea e Leblon e encontrou diversos trechos onde há desnivelamento do piso e falhas em pedras portuguesas, que representam risco aos pedestres. A aposentada Denise Teixeira, moradora de Copacabana, na zona sul, contou que sofreu graves ferimentos ao cair em uma calçada do bairro no ano passado. Ela precisou usar um colete para a coluna, já que lesionou o pescoço. (www.94fmdourados.com.br/26/07/2013 às 09h37)
 (Beatriz Segall/fotos: arquivo pessoal)
Segundo notícias divulgadas, na imprensa de um modo geral, a atriz havia pensado em processar o município, mas mudou de ideia após receber um pedido de desculpas do prefeito carioca e a promessa de que serão resolvidos os problemas da calçada assassina. 

Não seria melhor resolver logo a chaga aberta nas calçadas esburacadas da cidade, local de bairros turísticos e receptores de grandes eventos? Sendo risco certo para os visitantes, ou moradores locais que bancam os custos administrativos do município, então imagine também o que não passariam os ricos estrangeiros que vêm deixar seu contributo turístico.
 
(B. Segall/fotos: arquivo pessoal)
Beatriz Segall, de 87 anos, cogitou processar a prefeitura após sofrer o acidente, mas desistiu depois de receber um telefonema do prefeito Eduardo Paes, que pediu desculpas e se comprometeu a cuidar do assunto. De acordo com a Secretaria de Conservação e Serviços, uma vistoria foi feita no lugar onde a atriz caiu, na praça Santos Dummont, e foram identificados trechos danificados. Os proprietários responsáveis por aqueles locais foram notificados a realizar reparos em até cinco dias.” (www.94fmdourados.com.br/26/07/2013 às 09h37)
Quando se imagina que as cidades envelhecem, naturalmente, mas precisam encontrar sensibilidade dos administradores para mantê-las em condições eficientes de trânsito ao pedestre, é um ponto. 

Então quando as pessoas também envelhecem e ficam sob a ameaça de acidentes e tombos enquanto se deslocam pelas calçadas mal conservadas, aí já é uma temeridade. Dois pontos, a velhice natural das pessoas e a caduquice das obrigações do serviço público oficial em manter as calçadas em condições de uso e deslocamento pelo pedestre.  

“‘As pessoas são absurdamente inconscientes das suas responsabilidades’, se indignou a atriz. ‘A obrigação de consertar a calçada é do estabelecimento, ou do condomínio, da casa, que fica no local. Mas é obrigação da prefeitura mandar consertar e cobrar -- não só cobrar a multa, mas também o resultado’, concluiu.”
 
(B. Segall/fotos: arquivo pessoal)

O desabafo da velha senhora encontra-se com a denúncia de outra idosa, moradora da cidade maravilhosa e também vítima das calçadas cariocas — Levei pontos, tomei antiflamatório, machuquei a boca. Não vi diferença nenhuma de um ano para cá. Está tudo igual. Idosos caem e pode ser fatal.
Dona Denise Teixeira, aposentada, moradora de Copacabana, a charmosa zona sul, vítima de uma acidente ano passado, deixou pra lá o que agora volta à tona. O senhor idoso que caiu há menos de quinze dias atrás, antes do acidente da atriz, também deixou pra lá o ocorrido e foi curar os hematomas e agradecer a Deus por ter sobrevivido e bem. A célebre atriz virou notícia, ou melhor, por ser notícia não passaria despercebida em circunstância tão infeliz a idosos e a famosos.
As pedras soltas das administrações públicas, os caminhos esburacados dos mapas de gerência de serviços públicos que envolvem estado e empresas, o negócio do finjo que cobro e finge você que se preocupa, o estado de negligência e marcas de corrosiva corrupção, entre outros desvios de conduta administrativos, acabam por forçarem o cidadão a vigiar o caminho, sem pedras postas, para não incorrer na própria desgraça em vista da falha pública oficial.
As ruas e passeios esburacados não são privilégios só do Rio de Janeiro. Aliás, caminhos a pedestres estão cada vez + exíguos a quem precisa andar a pé em trechos de centros urbanos. Quando não disputa a rua com os carros e motos porque as calçadas viraram estacionamento ou estão erosadas e tornam-se um convite à morte por acidente pedestre, o contribuinte tem que aprender a vigília do caminho das pedras soltas, ou já sem sua presença. E driblar o destino da queda.

Em Teresina também se tem locais que são ameaça certa ao transeunte. Sem celebridades passeando por nossas calçadas para que um acidente vire notícia, resta contar com a sorte e esperar que nossos idosos e nosotros estejamos sempre protegidos pelos santos de devoção, ou então se viva para incorrer na armadilha criada ao pedestre, a exemplo do ocorrido com a atriz brasileira.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

25 de julho

25 de julho

por maneco nascimento
 
As sociedades definem seus próprios padrões de comportamento e, pelo diverso das vezes, manipula as situações que melhor acomodem interesses. Assim surgiram os processos inquisitórios, da igreja de São Pedro, de caça e queima às “bruxas”, de perseguição aos defensores do heliocentrismo, do antropocentrismo, da teoria da evolução, da liberdade da mulher que, na  quebra do paradigma cultural religioso, tivesse escolhido a não aceitação da fé, fosse judaica, cristã ou muçulmana e alhures, que impunha a submissão do gênero feminino.

Por sorte é que as sociedades não sobrevivem, eternamente, sem que sejam naturalmente reclamadas mudanças. Revoluções sociais acompanham seu próprio contexto e mudam, a seu turno, a forma de pensar e agir dos sujeitos componentes sociais.
 
(política e enfrentamento/fotos: divulgação)

Do avanço das cavernas ao + atual perfil de liberdade sócio cultural, as civilizações deram pedal primeiro ao homem, cabeça da cadeia de sexismo “iluminista” e, só depois, à mulher que vinha abocanhando, pelas beiradas, a fatia do bolo do conhecimento e participação ativa até conquistar a própria opinião e espaço de maior sobrevivência e cognição em sua geografia do pensamento.

 (coletivo enfrentador/fotos: divulgação)

Liberdade de expressão, do voto, sexual, da escolha do casamento, do divórcio, do aborto, da orientação sexual, de queimar o sutiã, do uso da minissaia e do biquine, de escolher a profissão e a cor da própria felicidade. Mas se algumas sociedades puderam evoluir +, outras ainda engatinham na busca de direitos humanos e naturais a qualquer ser humano.

 Se há desníveis em sociedades ditas + evoluídas, que dirá noutras inundadas na diversidade de problemas que passam por economias pouco evoluídas, educação e saúde encolhidas. Com divisões desiguais de direitos e bens à sobrevivência digna. Em mundos opressores parece sempre existir a gradação de oprimidos que, às vezes, perpassa pelo gênero também.
(coletivo enfrentador/fotos: divulgação)
 “Quando os homens são oprimidos é tragédia  Quando as mulheres são oprimidas é tradição.Lição traduzida pela pensadora Letty Cottin Pogredin acerca das diferenças sociais criadas entre tratamento dado a homens e mulheres nas sociedades forjadas. Os direitos humanos internacionais estabeleceram o Dia Internacional da Mulher - 8 de março – para que nunca se esqueça do incidente infame, data em que um grupo de operárias foram trancadas e sujeitas a morrerem em incêndio numa fábrica de Nova Iorque.
Mas se boas conquistas fizeram a diferença na proteção de direitos individuais e coletivos ao gênero feminino, alguns continentes ainda mantinham postura diferenciada à mulher. A mulher negra, envolta nesse roldão de prepotência de sociedades desiguais confirmada, também engrossou estatísticas que a deixava à margem social de vida digna, numa radiografia de representação negativa no mundo latino americano e caribenho. Se as sociedades não cedem muito, o direito internacional abre precedentes para que as proteções sociais se estabeleçam.
(a força da mulher/fotos: divulgação)

O Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha foi criado em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, em Santo Domingos, República Dominicana. Estipulou-se que este dia seria o marco internacional da luta e da resistência da mulher negra. Desde então, sociedade civil e governo têm atuado para consolidar e dar visibilidade a esta data, tendo em conta a condição de opressão de gênero e racial/étnica em que vivem estas mulheres, explícita em muitas situações cotidianas.” (http://lproweb.procempa.com.br/acesso 25.07.2013 às 23h 50)

As conquistas coletivas só ganham força quando estabelecidas estratégias  de sobrevivência e equidade de direitos reclamados que alcancem reais mudanças sociais e ampliem a educação modificadora dos costumes e comportamentos na coletividade.
(signos e siglas de luta/fotos: divulgação) 

Em julho de 1992, mulheres negras de 70 países participaram do 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, em Santo Domingo, na República Dominicana. O último dia do evento, 25 de julho, foi marcado como o "Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe", para celebrar e refletir sobre o papel das mulheres negras nestes continentes. Mulheres que, mesmo donas de trajetórias diferentes, em diferentes realidades, compartilham batalhas pela própria sobrevivência, de suas famílias e de suas comunidades. Nesta peleja dificultada pelo racismo, elas ainda enfrentam o sexismo presente em inúmeras situações cotidianas e, a partir destas lutas, buscam transformar as sociedades em que vivem. A criatividade para driblar diferentes formas de opressão nos remete à memória as guerreiras que, desde a escravidão, têm que recriar formas de resistência.” (http://www.coisasdesocorro.net/25.07.2013 às 23h55)














(a beleza da raça/fotos: divulgação)

Estabelecer objetivos na comemoração de 25 de julho seria ampliar e fortalecer as organizações de mulheres negras à constituição de estratégias que insiram temáticas, discussões que efetivem ações de enfrentamento do racismo, sexismo, discriminação, preconceito e demais desigualdades raciais e sociais ainda muito presentes em nossos dias.

Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe é dia de se reiterar em nosso cotidiano movimentação construtivista e facilitadora da visibilidade à luta, às ações, promoção, valorização e debate sobre a identidade da mulher negra na apreensão natural e política de seu pertencimento sócio étnico.






quinta-feira, 25 de julho de 2013

Memórias e urbanidades


 Memórias e urbanidades
por maneco nascimento

à margem do rio, terra vermelha – noite açafrão
aceito o convite proposto pelo céu
um caminho de constelações acesas Meu corpo,
vaga-lume das estrelas 
uma embarcação à deriva
à procura dos mistérios envoltos nas cercanias do capinzal
A noite adensa provocações e convites
embalo das águas, sobe-e-desce das canoas
cricrilar dos grilos
 (à margem do rio, terra vermelha - noite açafrão/rodrigomleite)

Um poeta vibrando juventude no risco das palavras e no jogo das semânticas e sintaxes premeditadas. Do traço urbano radiografado nos sinais de trânsito, nas periferias geográficas e humanas, nos tempos de existir e de ser transeunte coptado pela pena do poeta, essa é a licença em poesia de mleite.

Também as memórias rurais e campesinas ganham frescor que poderiam intertextualizar Manoel de Barros, sem a pretensão de repetir o mestre da poesia, mas repercutir os próprios efeitos de brincar com as palavras e cogitar torquatianas prosa e poesia “avangard”, ou lirismo e libertação de Manuel Bandeira e Drummond e sertão joãoguimarãesroseano nas cercanias da aldeia e raiz como verdadeira arte, vaticinada por Galdí.

baldio entre brumas, 
namoro os aspectos fugidios
assombros vaporosos atrás de arbustos
assobios de seres estranhos imaginários
ninfas vulneráveis zanzando névoa Eu selvagem,
córrego de signo esfomeado pela quinta
sofrendo com alheia beleza da terceira
margem – onde as galhas ferem meu curso 
semiárido de quebradiça 
pele-agreste
 (nenhuma sereia serena/rodrigomleite)

(1° flyer (16.07.13/imagem colhida de atmosferacerrado.blogspot.com)

Serei sereia das imagens míticas, ou do imaginário popular, ou ainda nereidas urbanas impingindo loas e cantos de atração nos atracadouros de passagem dos caminhoneiros do Balão da Taboleta, onde o atraído detém-se ao tempo de convivências fugidias e furtivas com musas e ninfas esqueléticas que povoam as esquinas das periferias da cidade que ninguém enxerga, ou finge que não vê.

Assim é anti herói o heróico construtor das frases e orações metrificadas em versos e reversos da humanidade fora do eixo dos bem vestidos e das convenções da cidade limpa. Na cidade frita, rodrigomleite é sensibilidade declarada, poeta aguando a videira em flor e sem pressa de colher o fruto para aguardar que tonéis lhe devolvam vinho assentado.

(autor rodrigomleite/imagem colhida do perfil de página atmosferacerrado.blogspot.com)

É poesia livre, inteligente, delicada para razão e sensibilidades apuradas. É fato. E poesia que gera deleite pela obra de mleite. Simples, porque caminho de arte desprovida de gorduras e sem forçação de barra para compor sua canção de crônica poética. Não compõe intenção para código de barras, só a código linguístico de expressão para antropologias ampliadas.

A cidade frita, de rodrigomleite, se muito se representa é porque tem força criativa, estética de linguagem própria, estilo conceitual de homem particular hdobadiano, sua letra e sua lei de fazer poético que espelhe o coletivo em reflexão.

Retém nas letras flexibizadas memórias e urbanidades que o retira do lugar comum e nem o quer operário da construção beletrista, talvez um operário em construção que vinicie outras intenções e extensões do poético em contemporâneo exercício da criação.

Expediente:

atmosfera cerrado - sul experiências 
poema: nenhuma sereia serena / rodrigo m leite
visite: atmosferacerrado.blogspot.com.br


+ versão.pdf do livro A Cidade Frita

visite: amusaesquecida.blogspot.com.br