quinta-feira, 21 de março de 2013

Veludo azul


Veludo azul
por maneco nascimento

Nesse último dia 20 de março, enquanto o Rio chorava seus mortos soterrados pelas chuvas de verão, nas encostas cariocas e fluminenses, a cidade maravilhosa também foi pega de surpresa pela morte imberbe de Emílio Vitalino Santiago, uma das + prazerosas vozes brasileiras. 

O veludo azul nasceu, como qualquer cidadão desta terra chamada Brasil, em solo que “gente é pra brilhar, não pra morrer de fome” (Gente/Caetano Veloso). Salvo, os rumos que a sorte estabelece ao cidadão brasileiro, Emílio Santiago, nome de guerra, tem seu histórico de nascimento em 6 de dezembro de 1946, no Rio de Janeiro.

De voz inconfundível, esse artista, antes de escolher ser cantor, formou-se em Direito, para atender desejo dos pais, mas sua verve estava mesmo era na boa e velha MPB. Começou nos Festivais universitários, naqueles efervescentes anos da década de 1970, também período de formação acadêmica. 

Das primeiras “brincadeiras de cantar”, amadoramente, partiu para novas iniciativas. Cantou no programa de calouros de Flávio Cavalcanti, na extinta TV Tupi e, em franco processo de amadurecimento artístico, desempenhou sua voz como crooner na orquestra de Ed Lincoln, além de afinação de talento em boates e casas de espetáculos noturnas.

A partir de 1973 grava o primeiro compacto pela Polydor, com abertura para divulgação do trabalho em rádios e televisão. O primeiro Long Play (LP) foi lançado pela CID, em 1975, com

(...) canções esquecidas de Ivan Lins, João Donato, Jorge Benjor, Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito, Marcos e Paulo Sérgio Valle, dentre outros. Transferiu-se no ano seguinte para a Philips/Polygram, permanecendo neste selo até 1984, pelo qual lançou dez álbuns – todos com pouca repercussão. Foi escolhido com melhor intérprete no Festival dos Festivais, da Rede Globo em 1985, com a canção Elis Elis (...)” (www.wikipedia.com.br/acesso: 21.03.2013 às 16h10)

Para quem acompanhou aquele vozeirão, defendendo uma canção num dos festivais emblemáticos, em novo momento, na televisão brasileira, sabe de que memória musical se está falando. Sua voz e sua performance já definiam o nosso pássaro azulão, com seus trinados e variações melódicas à música que chegava pelo canal de comunicação de massa aonde o povo estava, como espectador. 

(Emílio Santiago/imagem: colhida da wikipédia)

O sucesso veio na verdade em 1988, quando lançou o LP Aquarela Brasileira, pela Som Livre, um projeto especial de sete volumes dedicado exclusivamente ao repertório da música brasileira; o projeto ultrapassou a marca de quatro milhões de cópias vendidas. Nesta época, lançou também outros projetos especiais, como um tributo ao cantor Dick Farney (Perdido de amor, 1995) ou regravando clássicos do bolero hispânico (Dias de luna, 1996).” (Idem)

Aos 66 anos de idade, Emílio Santiago deixou os palcos da vida para brilhar nas estrelas. Acometido de AVC (Acidente Vascular Cerebral), o artista foi internado no Hospital Samaritano, em Botafogo, dia 7 de março.

(...) ficou internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do mesmo hospital, desde então. De acordo com o hospital, no dia 20 de março, Emílio morreu às 6h30 da manhã, aos 66 anos. Ele teve complicação no quadro clínico de AVC (Acidente Vascular Cerebral) isquêmico – quando falta circulação de sangue no cérebro.” (Idem)

Emílio cantou a nação brasileira e representou voz de ouro nessa contemporaneidade que já prenunciava novíssimas mídias, novos estilos e manifestações do diverso criativo das novas ondas e penetrações de sons e batidas bem para outros mundos e periferias com sua sonoridade própria, de identidades e pertencimento, que o defendido ao tempo de consagração do Veludo azul. Parte em momento que, dizem os propagadores de notícias, estaria decretada a morte da MPB.

Para artista de afinação e gogó único, estará entre os seus, no céu das celebridades, e poderá dividir palhinhas com os grandes compositores do nosso melhor esteio musical. Cante Emílio lá, porque memória e história haveremos de cantar cá, em repercussão de sua voz viajando no espaço em anos luz de emoção festejada.

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