sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulher é tudo e tanto.


Mulher é tudo e tanto.
por maneco nascimento

Ressucita-me/para que a partir de hoje/A família se transforme./E o pai/Seja pelo menos o universo/E a mãe/ seja no mínimo a Terra.” (O Amor/Caetano Veloso e Ney Costa Santos para poema de Maiakovski)

A terra mãe, útero de toda as gentes, é também território do bicho chamado homem e da mulher, terra prometida aos filhos da maternidade. Na busca de seu tempo e sua história, a mulher rompeu fronteiras, abriu porteiras, quebrou barreiras, conquistou o direito natural de livre arbítrio, de pensamento e das próprias escolhas. Assinou a identidade do ser mulher, de ser mulher e ser + Ela mesma.

Carlotas, Leopoldinas, Teresas, Anitas, Jovitas, Zuzus, Coras, Clarices, Cecílias, Rachels, Nélidas, Hildas, Anas, Zilkas, Elkes, Hebes, Ofélias, Zélias, Clementinas, Menininhas, Jovelinas, Zezés, Lígias, Pagús, Tarsilas, Vidas, Normas, Leilas, Carlas, Fernandas, Zicas, Ruths, Léas, Marílias, Bibis, Evas, Elzas, Idas, Cacildas, Elizeths, Claras, Elis, Marias, Mírians, Dircinas, Glórias, Reginas, Déboras, Dinahs, Janetes, Ivanis, Adélias, Marinas, Heloisas, Dilmas, Elisas, stelae reginae seculum.

Não te peço toda presença, te peço licença para dizer que não há mundo sem mulher. Poderia haver um modo estranho, obscuro, meio morto, meio solto no mundo sem estribeiras, sem o encanto, sem o espanto da paixão que pega pelo pé e doma o coração do homem, esse sim, bicho esquisito, contrariando Rita, a Lee, porque a do Chico levou o sorriso do amante, o violão, o disco de Noel. Este último, poeta do Morro, boêmio e apaixonado pela mulher, sempre cortejada e amada em licenças poéticas.

 “Eu possa dizer do amor que tive/que não seja imortal posto que é chama/mas que seja infinito enquanto dure.” (Soneto da Fidelidade/Vinícius de MoraesO poetinha e sua declaração universada de fidelidade à mulher amada. 

Erasmo Carlos quebra o mito da mulher sexo frágil e diz, em poesia depoimental, queeu que faço parte da rotina de uma delas, sei que a força está com Elas (....)” (Mulher/Erasmo Carlos). Rita diz que Ela “(...) é um bicho esquisito, todo mês sangra (...)”, mas sagra também a natureza da renovação genética e fertilizadora do(a)s poetas que lhe rendem poesia e outras loas.

 Paratodos e paratantos é mãe, mulher, irmã, confidente, companheira, amante, jardineira fiel da horta escolhida, educadora, amiga do peito e quando o poeta confessa que O meu pai era paulista, meu avô pernambucano, o meu bisavô mineiro, meu tataravô baiano (...)” (Paratodos/ Chico Buarque) também revela, nas entrelinhas antropológicas que não há gênero masculino que não tenha tido uma amiga do peito, mesmo que ama de leite, sangue da mulher.

 E, aos que ainda prefiram desacreditar na força dessa Vida que é a mulher, é tudo e tanto, aprendam a cuidar e entender sem traumas, nem tramas, que Ela é também gênero equilibrado, balança do equilíbrio ao outro, o masculino. Interface das relações estritas, estreitas, estáveis ou estradas livres de se reconhecer pelo próprio pertencimento e identidade.

Com maçã, ou sem serpente, para anjos e decaídos, simplesmente mulher. Falha, frágil, dócil, agressiva, ativa, (des)armada, ciência, cultura, biologia, ecologia, terra e mar, céu e outras plagas de Dante e Elisa.

(Mãe Terra/foto: canttim.com/imagens belíssimas da terra)

Mulher, como qualquer uma no quebra cabeça da humanidade constituída. Nem toda santa, nem sempre pura. Em sendo só mulher, já se basta.

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