sábado, 16 de fevereiro de 2013

Cultura e Memória


Cultura e Memória
por maneco nascimento
Cultura e memória se confirma com história dinâmica e diária. Vivência e dedicação, ao veio artístico, só tem quem já carrega consigo o gene da criação e produção que assinale liberdade, identidade e pertencimento social. A cidade de Teresina e o estado do Piauí estão cheios de genes da cepa do ato criador que repercute a memória social local.
Quer um exemplo nesse celeiro piauiense, João Nonon de Moura Fontes Ibiapina que nasceu no município de Picos, sul do Piauí, em 14 de junho de 1921. Estudando em Teresina, formou-se pela Faculdade de Direito do Piauí e exerceu a magistratura durante anos.

(imagem do acervo da Fundação Quixote/Salipi)
Foi professor, diretor de colégio, publicou periódicos. Nonon para a família e Fontes Ibiapina para a literatura, seu lugar de expressão à arte da escrita. Membro da Academia Piauiense de Letras. Escreveu  de mancheia livros de contos, romances, folclore, teatro, além de poesias e ensaios. Contou histórias e registrou momentos. Em seus livros, um forte e rico regionalismo de preservação da cultura piauiense. O escritor faleceu em abril de 1986, na cidade de Parnaíba.
De Fontes Ibiapina, é sempre bom que se diga, “(...) é de uma família de artistas. Seu primo Leão Sombra do Norte Fontes e seu sobrinho Tácito Ibiapina, que moram em Brasília, são bons artistas: o primeiro é poeta e teatrólogo; o segundo, pintor. Dos que moram em Picos, Mundica Fontes e Antônio de Moura Ibiapina (Pebinha), respectivamente sobrinha e irmão de Nonon, também dão-se às artes, ela como teatróloga e pintora; ele, na área da poesia popular(...)” (www.usinadeletras.com.br) 
Também, que nunca se esqueça, que o autor piauiense (...) João Nonon de Moura Fontes Ibiapina, nome de registro, tornava-se muito grande para um escritor (...) ao publicar seu primeiro livro, Nonon passa a assinar-se apenas FONTES IBIAPINA. Nascido em Picos, na zona rural, no lugar chamado "Vaca Morta", a 14 de junho de 1921, filho de Pedro de Moura Ibiapina e Raimunda Fontes de Moura, fez o primário em sua terra natal e o secundário em Teresina, bacharelando-se em Direito, em 1954, pela velha Faculdade da Praça Demóstenes Avelino. Ainda como estudante dedicou-se por algum tempo ao jornalismo. Findo o seu curso de Direito, entra logo para a magistratura, sendo juiz em várias comarcas do Piauí, a última em Parnaíba, onde publicava semanalmente artigos de crítica nos jornais, exercia o magistério, participava de toda a vida intelectual da cidade, e como tal ajudou a fundar a Academia Parnaibana de Letras e foi um dos seus presidentes.” (Idem) 
Criador expressivo gerou obras, em Contos, “Chão de Meu Deus”, 1958 – 2ª ed. 1965; “Brocotós”, 1961; “Pedra Bruta”, 1964; “Congresso de Duendes”, 1969; “Destinos de Contratempos”, 1974; “Quero, Posso e Mando”, 1976; “Eleições de Sempre e Até Quando”, 1985*.
 Aos Romances, “Sambaíba”, 1963; “Palha de Arroz”, 1968; “Tombador”, 1971; “Nas Terras do Arabutã”, 1984; “Curral de Assombrações”, 1985; “Vida Gemida em Sambambaia”, 1985*. Crônicas inspiradas, Mentiras Grossas do Zé Rotinho”, 1977; “Lorotas e Pabulagens de Zé Rotinho”, s/d de publicação. No folclore, propriamente, Paremiologia Nordestina”, 1975; “Passarela de Marmotas”, 1975. Sem faltar à literatura dramática, escreveu ao teatro “O Casório da Pafunsa”, 1982. 

Magistrado eficiente deixou, enquanto artista, também à memória literária piauiense uma verve rica de valoração da identidade e reinvenção da cultura e história à ficção rural.

Segundo consta de uma das folhas iniciais de “Curral de Assombrações”, deixou escritas e organizadas outras tantas obras, mas inéditas, as quais enumeramos: “Pecado é o que Cai do Cacho” – romance; 
“Amor Roxo”, “Mentiras de Verdades”, “Onde a Velha Mediu de Cócoras”, “Onde o Filho Chora e a Mãe não Ouve” e “Nas Capembas Rajadas” - contos; 
“Gente da Gente”, “Desfile de Malucos”, “Mentiras ou Não, o Povo Conta”, “Crendices e Superstições do Piauí”, “Terreiro de Fazenda”, “Ponta de Terreiro” e “Almas Penadas” – folclore. 
Anunciava também “Augusto dos Anjos” – ensaio e “Brasileirismos do Piauí” – dicionário.” (Idem) 

Fontes Ibiapina recebeu da Crítica merecidas opiniões, a ver, entre outras:

“'A orientação regionalista de sua obra, em lugar de ficar soterrada pela avalanche da exploração temática, se sobressai graças ao tratamento fluente dado pelo Autor aos liames da narrativa. Fontes Ibiapina não derrapa para o folclorismo documental nem ascende para as cumeadas de um tratamento meramente noticioso. Não, o Autor de Brocotós, muito embora aborde um tema esgotado, um filão literário estéril para os mais novos e inexperientes, consegue com rara habilidade dar soluções inesperadas ao problema. É um livro cujo contexto visa superar os limites sufocantes do lugar comum, um escrito para permanecer.' 
Euzébio Oliveira." (Idem)

E também, “'A pesquisa folclórica tem dado a Fontes Ibiapina o material necessário para o desenvolvimento de sua ficção. Em sendo telúrica, bem piauiense, a sua obra não deixa de ter uma dimensão universal, naquela encruzilhada em que o homem é o personagem e a sua situação social e individual o foco mesmo do interesse literário. Quer contando os seus próprios casos, ou reinventando o anedotário local, a linguagem de Fontes Ibiapina é das mais simples e saborosas.' Assis Brasil" (Idem)

Seu acervo literário foi doado à Prefeitura de Teresina/Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves e é mantido na Biblioteca Municipal “Fontes Ibiapina”(que o homenageia), no Complexo Cultural do Matadouro – Teatro do Boi. Local de pesquisa, leitura, de aptidão natural à curiosidade de consulentes, pesquisadores e amantes da boa literatura nacional, de gênesis piauiense.

Esse é o nosso Nonon. Fontes irreprimíveis de criação e recuperação da memória cultural e literatura festejada a uma boa leitura. Cultura e memória ao alcance do garimpador de literatura por excelência.
(imagem do acervo da Fundação Quixote/Salipi)

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