sábado, 22 de dezembro de 2012

Thelma, Reston saudades.


 Thelma, Reston saudades. 
por maneco nascimento

Yin é o inverno, a estação das mulheres, a casa e a sombra. Seu símbolo é a porta, o fechado, o escondido que amadurece na obscuridade. Yang é a luz, os trabalhos agrícolas, a caça e a pesca, o ar livre, o tempo dos homens, aberto. Calor e frio, luz e obscuridade, ‘tempo de plenitude e tempo de decrepitude: tempo masculino e tempo feminino – um aspecto de dragão e um aspecto de serpente –, tal é a vida’”. (O Ritmo IN Paz, Octavio. O Arco e a Lira. Tradução de Olga Savary. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. 368 p. [Coleção Logos])

Ao tratar de ritmo, Octavio Paz articula que nossa cultura (ocidental) está impregnada de ritmos ternários. Aponta que a lógica e a religião, a política e a medicina parecem se reger por dois elementos que se fundem e se absorvem em uma unidade: pai, mãe, filho, tese, antítese, síntese; comédia, drama, tragédia, inferno, purgatório, céu (...) memória, vontade, entendimento (...)” (Idem)

Não se está fora do tempo, somos o próprio tempo, diz Octavio. “O tempo não está fora de nós, nem é algo que passa à frente de nossos olhos como os ponteiros do relógio: nós somos o tempo, e não são os anos mas nós que passamos. O tempo possui uma direção, um sentido, porque ele nada mais é que nós mesmos.” (Idem) 

A partir da informação que se nos apresenta o escritor e ensaísta mexicano, se percebe a dualidade que nos presentifica. Que se está sujeito para nascer e viver esse dual que é a própria vida e seu dinamismo. Também não se perde o entendimento que, em outro tempo do tempo próprio, se é alçado a um último estágio dessa travessia de mortais. É fato. 

Pela estação das mulheres, ou tempo dos homens, abertos às vicissitudes, tempo e ritmos da vida ternários se vence em passos céleres à sobrevivência, ou se rende palco à dinâmica da comédia, do drama, da tragédia à cena viva. O palco da vida sempre prepara dramaturgia à ribalta e ao “blecaute”.

A atriz Thelma Reston, após brilhar por 73 anos, evolui ao palco das estrelas do plano metafísico. “SÃO PAULO, SP, 20 de dezembro (Folhapress) - Morreu hoje a atriz Thelma Reston, aos 73 anos, de causa ainda não divulgada. Nascida em Piracanjuba (GO), em 6 de julho de 1939, Thelma Reston teve uma longa carreira na televisão, no cinema e no teatro, na maior parte em papeis cômicos. Com mais de 40 filmes e mais de 30 peças em seu currículo, seu último trabalho na TV foi em "Aquele Beijo" em 2011, da TV Globo.” (www.jornalacidade.com.br/ Quinta, 20 de Dezembro de 2012 - 15h57)

(atriz Thelma Reston/foto: Frederico Rozario/TV Globo)

Despojada em sua requintada inflexão cômica para textos inteligentes de roteiristas, ou dramaturgos, Thelma dava um sabor histriônico a qualquer fala saída de sua boca. Deslizava pelas personagens televisivas com uma destreza e despojamento que só a arte do ator/atriz realiza a quem se abriga na profissão de fingidor. Também marcou papéis dramáticos, no cinema, com classe do domínio da cena. 

Entre seus papéis mais marcantes está o da Gorda no filme "Os Sete Gatinhos" (1980), de Neville d'Almeida. Baseada no livro de Rodrigues, a obra cinematográfica conta a história de um casal que tem cinco filhas, das quais quatro se prostituem para bancarem o enxoval da caçula, que é a única virgem. Reston contracenava com Lima Duarte, Regina Casé e Antonio Fagundes.Sua estreia na Rede Globo foi em 1975, na primeira versão de "Gabriela".
Com breves passagens pela extinta TV Manchete e pela Bandeirantes, Thelma atuou em dezenas de novelas, minisséries e humorísticos, entre eles "Brilhante" (1981), "O Primo Basílio" (1988), "Pedra sobre Pedra" (1992), "Engraçadinha" (1995), "Os Maias" (2001), "Senhora do Destino" (2004), "Negócio da China" (2008) e "Toma Lá Dá Cá
" (2009). (www.jornalacidade.com.br/ Quinta, 20 de Dezembro de 2012 - 15h57)

Seguindo o ritmo da vida e da morte, naturalmente, em tempo intrinsecamente dentro de nós mesmos, completa-se o curso e ritmo da existência. Em sermos o tempo, se passa pelos anos e, em tempo, se converge a ritos e ciclos de evolução na arte, na vida e na transcendência a novo foco de luz.

Thelma em cumprimento da missão do próprio tempo subiu aos seus que a aguardavam e deixa aos amigos, admiradores, colegas de profissão e família da arte e da vida uma saudade apertada, mas em ritmo do tempo de quem fica. Não sem antes marcar página do borderô da cena do teatro nacional.

Ela tinha pouco mais de 20 anos quando fez o primeiro trabalho com um autor nacional. E costumava dizer que, por acaso, foi com Nelson Rodrigues. Era 1960, e Thelma Reston estreava “A falecida”, primeira de uma série de peças que fizeram dela uma atriz rodrigueana. Ainda nos anos 1960, Thelma atuou em “Bonitinha, mas ordinária”, ao lado de Tereza Rachel. Em 1965, subiu ao palco do Teatro Municipal para encenar “Vestido de noiva”, dirigida por Sérgio Cardoso. Dois anos depois, integrou o elenco de “Álbum de família” e estreou “Os sete gatinhos”. Seu estilo escrachado a levou ao teatro besteirol com peças como “Pedra, a Tragédia” (1986). Na TV, fez novelas como “Gabriela”(1975). A mais recente: “Aquele beijo” (2011). (www.passeiaki.com/Extraído de: interjornal.notícias 31 horas atrás)

Do traço genético e artístico cultural deixa dois filhos, na continuidade de seu tempo transferido à herança da arte de se representar. “Aos 75 anos, Thelma morreu na madrugada de anteontem. Deixa dois filhos, o músico Luciano Reston e o ator Renato Reston. Estava internada desde terça- feira no Hospital São Lucas, no Rio. Tratava-se de câncer.” (www.passeiaki.com/Extraído de: interjornal.notícias 31 horas atrás)

Thelma, Reston saudades. Do riso escrachado, do talento coroado e rodrigueano e das deixas ao riso e ao entretenimento. Novo ritmo em novo tempo a aguarda e a manterá em + luz ao palco de luminares com quem dividiu cena, em algum tempo de sua carreira, na passagem pela Terra do teatro.

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