sábado, 15 de dezembro de 2012

Cena escolar


 Cena escolar
por maneco nascimento

Com uma hora de atraso e uma ameaça de chuva que não se confirmou, estreou dias 13 e 14 de dezembro de 2012, no Adro da Igreja de São Benedito, às 20h e alguns minutos, o projeto ao exercício da cena aberta com escolandos, a partir de original da literatura universal, a montagem de “A Pequena vendedora de fósforos”, adaptação de Siro Siris e produção executiva de João Vasconcelos.

Numa iniciativa do ProJovem e apoio logístico da Semtcas, PMT, Ministério do Desenvolvimento Social - MDS e Governo Federal, aluno(a)s da rede pública oficial tiveram seus quinze minutos de fama. Desenho dramatúrgico que envolveu coral, teatro e movimento de dança, percussão e um solo cantado para a música “Jesus Cristo”, de Roberto Carlos, preencheram a cena iniciática de meninos e meninas, em atuação, no Adro e escadarias da São Benedito, desempenhando exercício livre de fingir de convencer.

Descontando o atraso de início, no primeiro dia, 13, que desgastou o público e enfraqueceu a expectativa, bem como a variável do ânimo de adolescentes “pisando” pela primeira vez em um palco, a céu aberto, + os atropelos de operação de som e vácuos de passagem de uma cena à outra, “A Pequena vendedora de fósforos”, de Siro Siris, quebrou a barreira da educação formal e deu ganho à LDB que aponta o norte da transversalização da arte e cultura no construtivismo cidadão.

Experiência praticada, resultado aceito pelo público correspondente ao convite de estar na temporada de dois dias, 13 & 14, no Adro da Igreja de São Benedito. A dramaturgia alinhou o grupo de canto coral, para as tradicionais músicas natalinas, em transcurso com a dramatização da pequena menina que precisa vender fósforo, no dia de natal, e não sofrer violência física do próprio pai.

Os imberbes e iniciados na arte de representar, naturalmente estiveram pouco à vontade. Teatro a céu aberto exige um rigor de disciplina, ouvido de lince e olhos de camaleão. Os escolandos fizeram sua parte com as licenças de ”erros” e intranqüilidades que permeariam a novidade de encenar. Dentro do esquema ensaiado deram seu +. Alguns com alguma atenção vigiada pelo interesse em acertar, outros em pressa de passar pela obrigação assumida.

A organização de figurinos serviu ao conjunto armado e, dentro do matiz semântico do enredo natalino, serviram ao propósito. A dublagem da própria voz, no pré-gravado da história, foi uma das maiores dificuldades em sincronizar ação e perfil das personagens apresentadas pelo(a)s adolescentes, embora não seja muito fácil, para iniciante, jogar-se na afinação de dublagem e ainda acionar marcas dramáticas. Essa parte da dramaturgia pareceu a + frágil, mas entendível.

O espetáculo ganha margem de apoteose no final. Um adolescente interpreta “Jesus Cristo”, numa releitura ao “soul” e “swing pop”, acompanhado por três dezenas de adolescentes e seus instrumentos percussivos, sob a orientação do vaqueiro Jeová. Realiza um gostinho bom, de “gran finale”, em compensação aos riscos de atropelos e vivaz imaturidade de quase todo o resto da dramatização.

A aluna, que interpreta a pequena trabalhadora, tem um tempo natural de querer acertar, talvez o projeto a evento oficial e público, conjurado pela pressa de demonstração de resultados, tenha diminuído o tempo de melhor apreensão ao exercício do fingimento da nova atriz.

“A Pequena vendedora de fósforos”, do ProJovem Adolescente, não se esvazia no demérito. Um coletivo que envolveu 120 aluno(a)s, em coragem e determinação à encenação vista, já abre precedente de interesse oficial a bem cultural e artístico. Teatro escolar e de evento que amplia o qualitativo estudantil e aponta sinal à cultura de identidade social e reflexão crítica sobre o papel formador do cidadão em seu meio.

Parabéns à iniciativa do ProJovem a ato iniciático de escolandos que vivenciaram a arte de fingir, em convencimento do público atento.

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