quinta-feira, 13 de setembro de 2012

FestDança - Abertura


 FestDança – Abertura
por maneco nascimento

Aberta, oficialmente, a temporada de dança em Teresina. A partir das 18 horas do dia 12 do corrido mês, à porta do Theatro 4 de Setembro, um show de orquestra de salão, com a Jazz Band, sob a coordenação de Vitalino Luz e sua grupe de “crooner” a belas vozes. Já quando as 19 horas chegaram era hora da parte oficiosa e artística de palco.

Na abertura oficial, uma homenagem ao saudoso Helly Batista, que nos deixou precocemente este ano. Uma pequena bailarina fez uma elegia ao artista e embaixador da dança no Piauí, ofereceu flores e deu-nos a confirmação de que é sempre bom lembrar os velhos amigos. Na sequência, as falas de Marcelo Leonardo, a apresentação da equipe de trabalho que coordena o Festival e dos convidados, ministrantes de oficinas e jurados.

Na parte cultural prática, a apresentação de “Enamorados”, com o Balé da Cidade de Teresina, coreografia de Ricardo Sheir. Novo momento do BCT e resultado muito representativo dessa nova geração que compõe esse corpo de baile da cidade.

Enamorados”, por parecer tratar-se de temática que varia pelo universo de qualquer homem ou mulher, traz em seu bojo de imagens e desenhos para dramáticos e estéticos efeitos, uma natural forma de enleio manifestado, pelo viés do movimento moderno e contemporâneo de releitura da fórmula clássica. 

Consegue, essa montagem de “Enamorados”, prender a atenção de quem se dispõe a ver dançar, mesmo que em extensa variação do mesmo tema, quase pedagógico. A luz e a música direcionada completam a dinâmica projetada ao corpus da Cia. de dança.

("Enamorados", do BCT/foto: Victor Gabriel)

O último momento da noite, uma conversa franca sobre dança, provocada por um grupo de bailarinos, coreógrafos, ex-bailarinos e atualmente instrutores de dança, donos de academias e representantes da nova dança alardeada. 

No paredão de expiação, na ordem da esquerda para a direita do ponto de vista do público,Henry Camargo, Érika Novachi, Toshie Kobayashi, Marisa Piveta, Marcelo Leonardo, Luzia Amélia, Mariana e Helly Jr., e, para início de conversa, houve uma breve autoapresentação dos componentes do paredão.

Cada um, a seu tempo, deu testemunho de sua experiência em dança e de participações em festivais, competitivos. Piveta, Toshie, Érika e Henry, vindos de cidades distintas, defenderam seu trabalho e confirmaram envolvimento direto e contribuições para este tipo de perfil competitivo de dança.

Entre as falas técnicas e artísticas, sinais de entendimento e defesa do que precisa ser defendido. “Festival é para se aprender com as experiências.” (Érika Novachi). Com quem chegou primeiro, com os iniciantes, com os + mais desenvoltos, com as críticas de jurados, com observações e anotações apresentadas por critérios técnicos, apontou a bailarina/coreógrafa com vivência, de escolha pelo jazz, embora com formação inicial no clássico.

Também falou, ao ser inquirida, sobre quais seriam seus critérios de avaliação de concorrentes. Finalizou dizendo que a dança tem que ser orgânica e não mecânica. E isso passa pelo entendimento do coreógrafo(a) ao facilitar a composição, ao bailarino(a), do objeto selecionado à dança.

Piveta e Toshie, também destacaram critérios técnicos e de respostas a certames de competição e definiram, em certeza própria de suas experiências, que as competições têm função de destaque a quem esteja melhor preparado. Marcelo Leonardo defendeu pontos de vista de aproximação com os artistas da cidade e com o grupo de discussão da área de dança.

Também fortaleceu o discurso da política de parcerias e da necessidade premente, de qualquer artista, em sair desse ciclo cômodo de espera só do bônus público. Defendeu ser bom ouvinte de quem o procura e que espera sugestões que venham contribuir à ampliação do fazer cultural da cidade.

Luzia Amélia, em correção a uma fala de um dos convidados, disse que a dança tem + de quinhentos anos, referindo-se ao calendário de invasão européia. A meu ver, a discussão não parecia ser sobre dança primitiva, ou dança do hoje. As discussões, pelo menos para mim que não danço nem samba, eram acerca de festivais competitivos e de linguagens já reelaboradas a partir de técnicas acadêmicas.

Alguns arroubos de liberdade de expressão e outras provocações com aparência, ainda, de complexo da melancolia de decaídos. Mas, de saldo positivo, levantou Ivoneide Ribeiro, foi o fato de ter-se aberto discussão sobre rumos de dança dentro de evento oficial. De negativo, apontou não ter havido profundidade na discussão de pauta, que seria formação em dança.

Quem forma, como forma, o que informa e como seria o futuro de quem está sendo coptado à dança, me pareceu ser uma discussão que não evoluiu muito, até porque quem provocou o encontro, acabou sendo vetor de desvio da função primeira. + vaidade, ouvido mouco, desrespeito às falas alheias e despreparo de desenvolver a própria pauta, foi o que se presenciou.

O encontro só não dançou, para ficar na linguagem, porque as reuniões, para tratar da dança local, ocorrem com boa regularidade. De quinze a quinze dias, novo encontro e boas conversas sobre dança. Não necessárias, pareceu, estarem atreladas a eventos oficiais com azeite próprio.

Inserida no FestDança, a conversa foi + uma oportunidade de encontrar quem se preocupa com dança. Com maturidade de aprender a aprender, construtivismo de primeira, talvez o movimento se fortaleça fora da expressão robertocarliana: todos estão surdos!

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