sexta-feira, 8 de junho de 2012

Dialética de "Macacos"


Dialética de “Macacos”
por maneco nascimento
 (cartaz Macacos me mordam - A Comédia/arte: paulo moura, irmão de criação)

O Grupo Harém de Teatro estreou no Dirceu Arcoverde, dia 06 de junho de 2012, às 20 horas, dentro do Projeto Temporadas Populares do Teatro Municipal João Paulo II, a sua + nova aquisição do riso, entretenimento, cultura e arte e dialética da dramaturgia contemporânea. O nome da rosa perolada, Macacos me mordam – A Comédia, com direção e dramaturgia de Arimatan Martins.

Com um elenco da pesada, contido no núcleo “duro” da agremiação, tem-se um pouco + de cinqüenta minutos de boas risadas, humor inteligente e construção sociocultural para linguística variável entre o coloquial da linguagem e a dialética deMacacosque, no salto da própria história, reinventam e repercutem memórias risíveis acerca da odisséia dos futuros e seus efeitos mass média.
 (macacos Igor Medeiros, Emanuel de Andrade e Francisco Pellé/foto: Margô Leite)

Desde a estréia, o espetáculo ganhou a roupagem natural de organicidade de entendimento e interpretação já desenhada ao laboratório de montagem e, agora, aplica o doce deleite de prazeres premeditados. A aula de prática demonstrativa, das aptidões das macacas de laboratório, surte efeitos muito agradáveis.

Kiko Moreira, da experiência confinada de comer banana com garfo e faca até o solo da músicaDiamonds Are a Girl's Best Friend (em português, "diamantes são os melhores amigos de uma mulher"), reproduz a macaca Marilyn Monroe no filme Os Homens preferem as Loiras, de 1953, com uma deliciosa malícia e acento de humor da dramaturgia gerada. Sua macaca Lorelei Lee é um luxo!

Fernando Freitas com sua macaca abusada que aprendeu a descascar e degustar a banana, à base de experimentos de indução e dedução, perde a pele primitiva, mas não perde a identidade: “My name is Liza Minelli!”.

Um delírio concentrado do ator à personagem macaca que desaponta a regra da ciência em nome da arte e canta e dança delícias musicais de Cabaret, musical filme de 1972, dirigido por Bob Fosse, em que Liza Minelli levou o Oscar de Melhor Atriz, nesse mesmo ano. A macaca Liza Minelli, de Fernando Freitas, uma virtuose do ator, dançarino e coreógrafo que se distende para seu melhor em cena.

Francisco de Castro desliza entre o aprendizado do ridículo das personagens macacas e deixa de ser “linda” quando a encenação exige. E, sem perder a construção da própria história na cena local, consegue nessa nova montagem hareniana, mesmo em desconforto da pele de macaco (a)s primitivo (a)s representado (a)s, tirar ótimo ganho e amadurecimento, desde que a estréia se distanciou.

Seu Macaká (macaco lendário Cabeça de Cuia) muito empertigado. A Macaca Eva, que inteligentemente, morde o fruto do pecado, desce da árvore e ganha a sapiência das novas tecnologias, marca Aple, um desfrute da dramaturgia do encenador à dramaturgia do ator.

Sua hora de ser “boniiiita! vem como a pequena notável, sua macaca Carmem Miranda, “micando” a músicaDisseram Que Eu Voltei Americanizada” (de Luis Peixoto e Vicente Paiva). Dá uma graça de memória reproduzida à macaca portuguesa + brasileira que existe.

Francisco Pellé, do macaco primitivo, evoluindo para o macaco Morou e ao Macapai, preterido pelo Macafilho, no histórico salto da humanidade macaca ao pensamento da nova sociedade (Lenda do Cabeça de Cuia revisitada), uma performance já toda afinada com o conjunto.

O diálogo entre o Macaco Morou e o Macaco Sacou é uma graça. O seu Macaca de auditório compõe todo o humor venal e característico da geografia e das savanas do Grupo, bem como seu macaco Batman, um quadrinho da leve e divertida picardia hareniana.

Emanuel de Andrade muito + à vontade nas suas construções dramáticas. Seu Macaco Sacou e o Macaco Robin estão assentados à dramaturgia. O Macaco de laboratório também detém interesse de público e completa o coletivo de Macacos que mordem o próprio rabo e riem de si mesmo, como atesta Aristóteles. Também assina a cenografia e adereços, sem descompensar o enredo histriônico.

Arimatan Martins, o macaco Sapiens sapiens, às vezes de C. Darwin, vai costurando a dramaturgia composta à própria paleta e desenrolando o novelo de Ariadne para evoluções dramáticas e conceituais à dialética do teatro de vida e obra sociocultural perspicazes. Inflexiona seu discurso com método do mínimo e grande econômico com verbo regurgitado para alimento do público.É bem, compõe.” (Chico Pereira da Silva)

O espetáculo mantém-se em temporadas populares no Teatro Municipal João Paulo II, nas três últimas quartas feira de junho, 13, 20 e 27, sempre às 20 horas. Quem não viu não sabe o que está perdendo. Quem já viu, vale a pena, com certeza, rir de novo.

Quando todos pensavam que não haveria mais evolução...”, o Harém reinventou a sua roda da fortuna criativa. Esses Macacos mordem e mostram os dentes de riso inteligente.

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