quarta-feira, 30 de maio de 2012

O Ceará, hein!


O Ceará, hein!
por maneco nascimento

Entre 11 de abril e 30 de maio de 2012, o Ceará brindou Teresina com revigor artístico de estética elaborada para agradar até aos troianos, povo do lado esquerdo do berço do teatro ocidental. A ver:

Bertolt Brecht, para exceções e regras, apareceu com qualidade de exibição a partir de uma obra sua: “A Exceção e a Regra”. A montagem do Grupo cearense “Teatro Máquina” foi vista no palco do Theatro 4 de Setembro, às 20h, com entrada Franca, (...) A peça, ‘O Cantil’, de pesquisa experimental sobre texto original brechtiniano, concorre ao Brasil em projeto de Circulação Nordeste, por cinco capitais durante o mês de abril. Em Teresina, por onde começou a circulação, a temporada se finaliza para os dias 11 e 12 do corrente(...)” (www.vooz.com.br/blogdomaneco: Máquina Teatral/ Atualizada em 12/04/2012 às 17h11)

Na última terça feira, dia 15 de maio de 2012, às 20h, O Theatro 4 de Setembro em parceria com a Escola de Dança do Estado “ Lenir Argento” apresentaram ao público da cidade a Paracuru Cia. de Dança e seu “Luz”, (...) De uma estética, aparentemente de margem a femininos universos, o “Luz” vai-se delineando para sorte de relações de prazeres e torturas entre homem e mulher, homem e homem, mulher e homem, mulher e mulher, assimetria de paixões de gêneros e humanidades em reflexões de corpos, falas e oralidades à razão e sensibilidades.” (www.vooz.com.br/blogdomaneco: Assimetria de Gêneros/ Atualizada em 16/05/2012 às 17h00)

E, nesse finzinho de maio, em dias 29 e 30, às 16h e 20h, também no Theatro 4 de Setembro, a temporada aberta de bons resultados cearenses fecham o mês com o Projeto da Escola de Artes e Ofícios Vidança.
(acervo fotográfico: Vidança Cia. de Dança do Ceará)

E olha que o visto em cena elenca respostas de um projeto social da Vidança Cia. de Dança do Ceará, na estrada desde 1981, tendo como carpinteira da dramaturgia social e cênica a educadora/coreógrafa Anália Timbó.

Como um prêmio, em 2010 aprovamos junto ao MINC, através da Lei Rouanet um projeto de circulação para cidades do Nordeste e saímos em cirandas a dançar em teatros, praças e espaços públicos, criando tempos e espaços novos de fazer arte.” (Circulando/material de divulgação da Vidança)

No palco uma virtuose de juventude que em beleza dança. Crianças, adolescentes e jovens dividem a cena com graciosidade, prazer e orgulho de se representar.

(acervo fotográfico: Vidança Cia. de Dança do Ceará)

Os corpos em energia distendida embalam-se aos sons dos silêncios anatômicos e barulhos reverberados do ato criador para pesquisa de maracatus, bois e capoeira e gingas ribeirinhas, tudo regenciado ao sabor do sal e brisa das marés, geografia social d’alguns intérpretes.

Imagens do homem (genérico) metamorfoseado de rastejante, saltitante esgueiro em terreno praiano, a quase simbiose do primitivismo da criação do mamífero, saído da água para postar-se sobre os pés e disputar limites de seleção da nova espécie transmutada.


(acervo fotográfico: Vidança Cia. de Dança do Ceará)


Em “Catumacã – guerra bonita”, oralidades corporais em contenção e expansão expressionistas da história contada. Beleza plástica de figurinos e maquilagem completa o enredo desenhado e protegido por luz esteticamente organizada. A luz, aliás, permeia todos os espetáculos do repertório apresentado com uma qualidade necessária a motivos cênicos elaborados.

A música ora de pesquisa direcional, ora instrumentalizada pelo grupo percussivo da Cia. preenche de vida, em confronto atômico para novos feixes, a energia material e imaterial do objeto estudado.

Tambatuque do Vidança”, uma virtuose sonora orquestrada por meninos e meninas que exalam alegria dos instrumentos dominados à facilitação musical. Assim como as performances paraTerreiros de Sol e Lua”, “Quintal de Mangue”, “Visagens do Desejo – a alma afoita de Maria Amélia”.

O que têm em comuns essas composições de pesquisa na cultura popular de apropriação e identidade repercutida à linguagem da dança? A dobradinha mantida entre Anália Timbó e Ângela Linhares na construção da geografia dramática geral dos resultados ao coletivo.

(acervo fotográfico: Vidança Cia. de Dança do Ceará)

Direção, concepção, pesquisa de linguagem, dramaturgia e coreografias parecem conviver bem para dividir ato de criação entre as duas profissionais.

Os figurinos assinados por Anália Timbó detêm cuidadoso olhar que transita entre o utilitário de identidade regional e a estética de aproximação criativa ao elemento de pesquisa arraigado na cultura sócio-histórica das gentes representadas, com seu gingado, ritmos coletivizados na memória de sertão e mar.

Compõem o quadro de facilitação dessa técnica do clássico, reelaborando-se em gestos e emblemas do popular com vigor de novas propostas e ação de propósitos, os coreógrafos Elisilene Mesquita, Marcos Bento, Ramirez Menezes, Socorro Timbó, Vanda Januário, Maria Paula Costa Rêgo, Emerson Dias.

Anália Timbó também assina cenários e adereços (Quintal de Mangue) e adereços (Visagens do Desejo). Adereços de Zé Beto (Catumacã – guerra bonita). Há ainda a música de Heckel Tavares (Catumacã – guerra bonita) e a Percussão de Descartes Gadelha (Catumacã – guerra bonita).

Um conjunto de inspirações feito arte e cultura de privilégio ao público. O Vidança e seu coletivo de cena corporal escrevem a própria história e determinam o artista em sua hora de Ser e Fazer.

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