sexta-feira, 13 de abril de 2012

Batalha da espera


Batalha da espera
por maneco nascimento

Dia 13 de março, um mês atrás, atores de Teresina deslocaram-se a Campo Maior para cumprimento da liturgia de representação do espetáculo dramático em mímesis ao evento da Batalha, em solo piauiense, de adesão à causa da independência brasileira. 

 (arte da batalha "heróis do jenipapo"/releitura de márcio brito a partir de obra "Operários" - 1933 - de Tarsila do Amaral)

Assim foi registrado este espetáculo, em texto de 14 de março de 2012, intitulado A Batalha Renovada: 

No último dia 13 de março de 2012, lá pelos campos do município de Campo Maior, a partir das 19 horas, deu-se + uma edição do espetáculo a céu aberto, a Batalha ‘Heróis do Jenipapo’. Espetáculo com vida para já quinze edições, nesse ano em que a luta de foices e facões contra canhões do império completou 189 anos, houve uma repaginada para novo olhar.” (A Batalha Renovada/Leia-se/manekonascimento.blogspot.com)

 Hoje, dia 13 de abril de 2012, completam-se 30 dias desde que o espetáculo foi apresentado, a céu aberto, no espaço do Monumento Heróis do Jenipapo para um público de autoridades, estudantes e populares do entorno. 

Os relatos foram de que tudo esteve maravilhoso. Houve deputado (a)s comovido (a)s e até quem chorasse. Nos momentos finais da apresentação, quando ocorre efetivamente a batalha cênica, caiu uma chuva e lavou o drama representado.

O que poderia ser célere, para fechar o ciclo da cena apresentada, o pagamento do cachê dos artistas envolvidos, está por finalizar vontade política do contratante. O governo do estado e seu secretário de finanças ainda não demonstraram sensibilidade de cumprir sua parte no acordo que envolve artistas prestadores do serviço e o solicitante do trabalho do profissional de teatro.

O ideal seria o toma lá, dá cá. Serviço realizado, pagamento concluído. As justificativas do setor financeiro da FUNDAC são de que os empenhos estariam concluídos e enviados para aquela secretaria de finanças estadual e aguardam o sinal da caneta oficiosa para efetuar a conclusão do acordo tácito de serviço.

Parece que “esqueceram de nós”, os atores que desprenderam resultado que insufla o ego do político na hora planejada. Agora começa a nova batalha que seja a da espera, a das desculpas que elastecem os prazos, a de que quando houver dinheiro “a gente paga vocês”.

“A Batalha ‘Heróis do Jenipapo’, ano 2012, cumpriu seu papel de espetáculo para auferir zelo em cerimônias alusivas à memória dos heróis do Jenipapo e, como diria, em linguagem de teatro, vingou horrores, pelo menos a dramaturgia de cena e performance dos atores (...)” (Idem)

(arte da batalha "heróis do jenipapo"/releitura de márcio brito a partir de obra "Operários" - 1933 - de Tarsila do Amaral)

O circo já foi realizado e recebeu aplauso orgulhoso, agora seria a vez do artista representar o “palhaço” das idas ao corredor do serviço público atrás de seu dinheiro. Onde está o dinheiro, o guapo encolheu? Senhor deus das finanças estaduais nos apóie, salve nosso pão. Artista também se planeja ao retorno do serviço prestado.

“Quem poderá nos socorrer?” A Presidente da FUNDAC, ou só nossa coragem de não achar tão natural essa demora toda, do estado, em quitar compromisso com o artista cumpridor de sua parte. O dever do contratante do serviço não é para ser eficaz e justo, na medida do trabalho honrado pelo contratado.

Que o estado não nos faça achar que a ele é facultado o direito de se comportar com se nos prestasse favor a ser solucionado quando possível. A Batalha da espera enfraquece a crença no serviço público e oficial que parece tratar o artista como primo pobre.


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