sábado, 10 de março de 2012

Provocação de Identidade


Provocação de Identidade
por maneco nascimento

No último dia 09 de março de 2012, a partir das 14 horas, no Auditório do CCE/UFPI houve o privilégio oportuno de que eu acompanhasse a apresentação de Defesa de Tese de Mestrado na área da Educação.

A proponente da defesa, a estudante e freira Elizete Dias da Silva, trouxe um tema instigante, a partir da experiência própria em abordagem missionário-religiosa no povoado Cancela, zona rural de Teresina.

O trabalho de defesa, “Povo Bom de Cancela Comunidade Afrodescendente: o que a escola tem com isso?”, teve recepção, para efeito avaliativo de trabalho de pesquisa científica, dos profissionais da UFPI, a Prof. Dr. Solimar Oliveira Lima (CCHL - História), a Profa. Dra. Ana Beatriz Sousa Gomes (CCE – Pedagogia) e o Prof. João Evangelista (CCE – Pedagogia).

O orientador da pesquisadora, o Prof. Ph. Dr. Francis Musa Boakari. O Mestre-Orientador, Boakari, abriu o ritual acadêmico agradecendo a mesa composta e, apresentando sua orientanda, falou sobre celebração.

Celebração de conquistas e também de reconhecimento das experiências do povo negro acolhido à pesquisa, em que se aprenderia coisas sobre afrodescendência.
Uma celebração, um desafio proposto em que o grupo da banca examinadora deveria conhecer o trabalho de Elizete, receber a proposição, avaliar e também fazer críticas.

E pontuou, “Nesse processo a Academia progride e conseguimos melhorar como gente”, pois para o cientista convivemos “num país onde não é fácil ser gente. Esse é o desafio.” O discurso de Boakari desenvolveu boas falas, concentradas nas convivências interrelacionais raciais brasileiras.

A ascendente a Mestre, Elizete Dias, iniciou suas falas pedindo saudação ao pessoal, presente, de Cancela, do São João, também do bairro Santa Teresa, Beco das Irmãs e comunidade de Coroatá. No seu discurso de entrada ao trabalho, efetivamente, disse buscar o estudo de uma coisa que não tinha estudado ainda e resolveu direcionar-se à comunidade Cancela.

Elizete acenou que o assunto de investigação seria sobre concepções étnicorraciais dos moradores e moradoras da comunidade Cancela e, então, passou a apontar pontos levantados em pesquisa para respostas ao objeto estudado. Os pontos, “Negros ou Afrodescendente?”, “Identidade” e “Quilombo”.

Apresentou a comunidade estudada em fotos e festas populares e religiosas e localizou-a, geograficamente, entre a comunidade Caminho Novo e Santa Teresa e, demograficamente, para uma população de 404 habitantes, moradores de 124 casas, a começar às margens da PI que liga Teresina ao município de José de Freitas.

A pesquisadora Elizete Dias da Silva historicizou sua experiência como religiosa na comunidade Santa Teresa e de como se sentiu provocada a desenvolver o tema da pesquisa a partir de circunstâncias, depoimentos e deparo com situações de preconceito e discriminação para com o povo de Cancela, que mantém convivência institucional com o povoado Santa Teresa, a partir da escola, igreja, mobilização social e política, etc.

Suas conclusões finais ao trabalho apontam o Brasil como racista, em que a comunidade, foco de recorte, tem que conviver com o “deixa pra lá” quando o assunto é discriminação e preconceito, também dentro da escola. Os depoimentos colhidos deram margem para conhecer as defesas e ou obscurecimento da afrodescendência e apontam a falta de infraestrutura e políticas públicas que abracem efetivamente Cancela.

O Professor Doutor, Solimar Oliveira Lima, abriu os serviços da banca examinadora e parabenizou a mestranda pela coragem e ousadia de tratar tema tão diferenciado e de viés provocador aos moldes da academia conservadora e acrescentounós pesquisadores não temos mais tempo e nem paciência com certos pudores existentes na academia”.

Elogiou a construção da pesquisa e acrescentou sugestões de modificações, ou inclusão de informações para reforço e melhor clareza sob o ponto de vista histórico, acadêmico e metodológico. Ana Beatriz S. Gomes e João Evangelista acrescentaram observações irrefutáveis de caráter científico e basilar a trabalho acadêmico dessa escala ascendente de pesquisa.

Os três examinadores receberam respostas às inquirições e observações técnicas provocadas, em que a postulante a mestrado comprometeu-se, “na medida do possívelrealizar as modificações necessárias ao arredondamento técnico do trabalho à Tese de Mestrado em Educação.

Na platéia, entre convidados, professores e colaboradores, amigos, simpatizantes, familiares e curiosos acadêmicos, uma Casa cheia e orgulhosa de + um laboratório em fins de conclusão da experiência manipulada.

A banca examinadora e o Mestre Orientador recolheram-se em sala secretar para, em seguida, apresentar aos ouvintes a consideração de aprovo à Dissertação de Mestrado de Elizete Dias da Silva.

A tornada Mestre em Educação, pela UFPI, agradeceu a Deus, aos familiares e a todos que participaram de sua conquista e disse que as pessoas são redondamente dinâmicas” e às vezes “não se enquadram no esquema planejado religiosamente ao discorrer sobre percursos e percalços que têm que driblar, mas que acabam concluindo projetos na adversidade.

Para mim, interessado na pesquisaPovo Bom de Cancela Comunidade Afrodescendente: o que a escola tem com isso?”, recepcionei algo que quase fugiu da minha expectativa curiosa.

Mas, como em apresentação, com estratégias regulares e tempo de função ritualística, tem-se que apreender as justificativas dadas ao objeto esmiuçado, recolhi minha resistência por não privar de acesso a todo o trabalho que só é de acolho dos examinadores.

De sobra, fica uma leve impressão que Elizete Dias da Silva me pareceu de uma petulância religiosa e de uma humildade acadêmico-científica, quando o "ideal" à mostra de resultado, em academia, deveria ter-se proposto à "petulância" acadêmico-científica e a + humildade religiosa.

Sem fogueiras à ciência, de uma parte, nem à religião, de outra, mas na academia  parece que se lida com o fato e objeto de olhar científico, mesmo para enxergar qualquer matiz antropológico religioso.

Provocação de identidade deve ser do cerne humano irrestrito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário