quinta-feira, 29 de março de 2012

Dia do "Petúnias"

Dia do “Petúnias”
por maneco nascimento

O Grupo “As Petúnias de Teatro” foi a melhor agenda, no bairro Dirceu Arcoverde, em data de comemorações ao Dia Internacional do Teatro. Enquanto a cidade dividia-se em espaços de ocupação às festas do teatro e do circo, o Teatro Municipal João Paulo II recebia o espetáculo “O Macaco Malandro”, dirigido por Marina Marques.


O bem humorado espetáculo, para público infantil, marcou em seu histórico de atuação a participação no dia mundial de manifestação artística das cênicas, no horário das 18 horas, no Teatro João Paulo II.

O público que compareceu teve uma boa impressão e divertiu-se com a história do macaco que, numa de “Pedro Malasartes”, passa a perna na raposa e no lobo, domados pela ingenuidade.

Difícil não rir, nem envolver-se na trama do macaco juiz que ilude os dois colegas da selva e, numa estratégia de toda esperteza, vai engabelando-os até devorar todo um pedaço de queijo achado e disputado pelos predadores naturais, envolvidos em enredo fabular.

As fábulas, em suas características estilísticas e de narrativas morais desempenham papel de crítica, reflexão e transferência comportamental humana à pele de animais, como estratégias de, ao atrair o público infantil ao fato contado, também fazê-lo compreender os meandros da malícia da natureza humana, mesmo em vozes e vidas de outros bichos.


É assim a dramaturgia textual de “O Macaco Malandro”, mas é também a dramaturgia de cena e condução das personagens em palco, possibilitadas por Marina Marques, que muito enriquecem o teatro infantil piauiense e abrem possibilidades não só de lançar novos atores ao mercado da cena amadora local, como confirmar uma nova geração do fazer teatral em Teresina.

Há, na montagem, uma sintonia divertida, concentrada e característica ao teatro infantil. Equilibrada, sem exageros nem apelos fáceis para excitar crianças e fazer parecer que as está conquistando.

O público infantil, nesse espetáculo, se concentra na história, participa, ri na hora certa e intervém dando sua contribuição na quebra da quarta parede.

Os figurinos e máscaras dos bichos têm inteligência de apropriação de cores, efeitos e liberdades criativas direcionadas ao universo infantil. Concorrem em grande acerto.

O cenário simples de cipós pendidos e um tronco que, em determinado momento, transmuta-se para trono do juiz em seu tribunal de espertezas, é muito eficaz.


A árvore que anda (Ary Veras) e faz-se às vezes de contrarregra; amiga; sombra dos bichos e apartadora das brigas entre eles, favorece um ar de muita graça à personagem que fala pelo corpo. Mesmo porque árvore não fala, mas esta anda e tem desenvoltura entre atabalhoada, de propósito, e de humor para pantomimas, ou revezes de “inanimados” com muita vida e alegria incontida na economia desesperada da cena vista.

O triângulo de bichos está muito à vontade. A raposa, de Cristina Pillar, e o lobo, de Eliziânio Pedro, mantêm uma dobradinha eficiente quer seja em entradas interventivas pela platéia, quer seja no miolo da trama preparada, pela dramaturgia, para enganá-los.

O macaco, de Juremir Rios, que já traz na rubrica do título do espetáculo a marca característica à personagem, é de uma naturalidade malandra e sutilmente apegada a signos e linguagem à leitura própria do universo infantil planejado.

Marina Marques, diretora da peça e que assina também os figurinos, e Lorena Campelo, criadora de adereços e operadora do som do espetáculo, estão de parabéns, ampliados a elenco e resultado. Não há qualquer ruído que desabone a comunicação criada entre teatro e público durante a vida encenada de “O Macaco Malandro”.

Salvo qualquer montagem infantil que ainda esteja por surgir, nesse momento, dos espetáculos vistos, esse é talvez um dos melhores resultados para crianças que a cidade dispõe.

O Grupo As Petúnias de Teatro está em seu melhor dia de resultado encenado e o Dia Internacional de Teatro esteve em sua melhor hora, durante a apresentação de “O Macaco Malandro”.

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