sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Você abusou...


Você abusou...
por maneco nascimento

Você abusou, tirou partido de mim, abusou/Você abusou/Tirou partido de mim, abusou/Tirou partido de mim, abusou/Tirou partido de mim, abusou (...)(Você abusou/Toquinho)

O Portal Vooz publicou matéria, hoje, com a manchete: “Família de Fernanda Lages irá processar sambista que criou marchinha sobre a estudante” e no desdobramento “Uma marchinha divulgada na quinta-feira (16) está gerando polêmica nas redes sociais e até mesmo fora dela. A marchinha que faz alusão ao caso Fernanda Lages, foi criada pelo carnavalesco José Marques (Zemarx).” (www.vooz.com.br/publicado em 17/02/2012, às 15h16)

Após a publicação no facebook e percebendo a repercussão negativa de sua postagem, José Marques retirou a postagem do dia (16/02) e publicou a marchinha, modificada, nesta sexta-feira(17). José Marques substituiu o nome de Fernanda, por “Maria” e disse ainda que qualquer semelhança era mera coincidência.” (Idem)

Podia, o compositor/sambista, passar um carnaval, se não em brancas nuvens, pelo menos em esparsos dias de sol e chuva, mas com alegria de brinquedos momescos. Mexer com assuntos de fórum íntimo, “não pega nem bem, né?”

Em trocadilho para a ótima música, sambinha bossa nova, sem desrespeitar o autor, nem seu tema gostoso de ouvir cantado, diria eu: você tirou partido do que não devia, abusou e me perdoem se insisto nesse tema, mas se não sabe fazer poema ou canção sobre amor e paz, que fale de outra coisa que não seja algo que nunca terá domínio, seus versos perdem-se da aritmética, pouca estética e tamanha “ingenuidade” em indisfarçada pele de cordeiro. Você abusou...

O portal ainda divulga na matéria as duas versões compartilhadas da “marchinha” de carnaval, em que há uma súbita substituição do nome da estudante por o de uma Maria. Joga-a na vala comum e ainda transforma as Marias em estudante descuidada e sem educação ambiental, haja vista ir a um prédio em construção fazer necessidades fisiológicas.

A “marchinha”, de sambista local, desfila na contramão da história. Naturalmente gerou indignação às pessoas + inteligentemente sensíveis. Chifre nunca nasce em cabeça de burro, mas pode ser plantado e criar essa realidade.

Na marchinha, a quem tiver olhar + atento, verá que sendo Maria, ou outro nome qualquer o acinte é de margem do descuido da ética, ou arroubo de vaidade que sobrepõe-se entre o respeito e a dívida de silêncio devido aos mortos.

Não diria que uma intertextualidade com a composição “Mônica”, de Ângelo Ro Ro, porque esta tem função social de denúncia e crítica embasada. Aquela, um ímpeto de criar novidade que fez do giro um giral caído sobre seu criador. Male sorte!

Qualquer iniciativa dessa natureza seria agravante, agressiva gratuita e de denúncia vazia, porque não cabível a tema de carnaval. Não como chacota, com discurso embutido para manter o assunto vivo. Não se mexe com mortos para destratá-los. Perdeu o humor que nunca aprendeu a desempenhar.

Quisesse brincar, numa falsa distância da coincidência, falasse da comunidade e de suas próprias mazelas. Deixasse os mortos descansarem em paz. O risco de se viver sempre criando “espécies” na mídia, é que uma hora elas vêm morder o calcanhar de seu criador.

A mesa está posta, de resto é comer e beber o amargo do joio cultivado.

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