segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Cem anos...

Cem anos...
por maneco nascimento

“(...) O tempo de saber que alguns erros caíram, e a raiz/da vida ficou mais forte e os naufrágios/não cortaram essa ligação subterrânea entre homens e coisas:/Que os objetos continuam, e a trepidação incessante/não desfigurou o rosto dos homens;/que somos todos irmãos, insisto (...)” (“Os últimos dias” in A Rosa do Povo/ Carlos Drummond de Andrade, 29ª. Ed. – Rio de Janeiro: Record, 2005)


(C. A. D. no calçadão de Copacabana/acervo foto: http://www.algumapoesia.com.br/ -"Drummond: 100 Anos - 1902 - 2002")

Que o “Sentimento do mundo” (1940) me tenha tornado, mesmo que mal leitor, mas apaixonado pelo Drummond e sua poesia franca, política, se lírica, prática e cheia de buscas, meticulosamente à procura da poesia para penetrar(...) surdamente no reino das palavras./ Lá os poemas que esperam ser escritos./Estão paralisados, mas não há desespero,/há calma e frescura na superfície intata./Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário (... )" (“Procura da Poesia” in A Rosa do Povo/ Carlos Drummond de Andrade, 29ª. Ed. – Rio de Janeiro: Record, 2005)
E todas as palavras recheadas de memórias de Itabira, ou de dias e noites cariocas e de histórias reais que perpassam a alma alerta do poeta de olhos abertos ao mundo das coisas e das criaturas que ocupam as horas, as ruas, os sinais e sons e barulhos que substituem os sinos das cidades e suas simples vidas de província.
“(...) Uma parte de mim sofre, outra pede amor,/outra viaja, outra discute, uma última trabalha, sou todas as comunicações, como posso ser triste? (...) (“Os últimos dias” in A Rosa do Povo/ Carlos Drummond de Andrade, 29ª. Ed. – Rio de Janeiro: Record, 2005)
Sua tranqüilidade de bom observador e atento aos movimentos do mundo, ser poema e crítica e arte e denúncia “(...) Meus olhos são pequenos para ver/a distância da Casa na Alemanha/a uma ponte na Rússia, onde retratos/cartas, dedos de pé bóiam em sangue (...) Meus olhos são pequenos para ver/a fila de judeus de roupa negra,/de barba negra, prontos a seguir/para perto do muro – e o muro é branco (...)”(...)(“Visão 1944” in A Rosa do Povo/ Carlos Drummond de Andrade, 29ª. Ed. – Rio de Janeiro: Record, 2005)
E ganha raios de franca extensão aos leitores, amantes, apaixonados, pesquisadores, teóricos e modernos senhores da pena e letra poética e, dessa visão dos mundos em todo o derredor das gentes brotam das tintas em negro sobre o branco papelConsideração do Poema” em que “Não rimarei a palavra sono/com a incorrespondente palavra outono (...)”.
E ainda “A Flor e a Náusea” em que os dias da vida moderna estarrecem-se em poesia “(...) Uma flor nasceu na rua!/Passem de longe, bondes, ônibus, rios de aço do tráfego./Uma flor ainda desbotada/ilude a polícia, rompe o asfalto./Façam completo silêncio, paralisem os negócios,/garanto que uma flor nasceu (...)” e nos comove, incomoda e radiografa toda a ternura do poeta em disfarçada ironia do  outro em um.
E não bastassem as belas crônicas produzidas ao longo de vida rara de homem e suas horas de gente simples, mas incorporado às memórias, à história e ao mundo real do novo velho homem das cidades retratadas, sua prosa poética nos abraça ao Caso do Vestido”, “(...) Minhas filhas, é o vestido/de uma dona que passou (...) Minhas filhas, eis que ouço/vosso pai subindo a escada (...)”
E a “Morte do Leiteiro”, crítico-social a sangue frio “(...) Há pouco leite no país,/é preciso entregá-lo cedo./Há muita sede no país,/é preciso entregá-lo cedo./Há no país uma legenda,/que ladrão se mata com tiro (...) mas o leiteiro/estatelado, ao relento,/perdeu a pressa que tinha (...) duas cores se procuram,/suavemente se tocam,/amorosamente se enlaçam,formando um terceiro tom/a que chamamos de aurora.
C. D. A sentado a espiar o mundo/acervo foto: http://www.algumapoesia.com.br/ -"Drummond: 100 Anos - 1902 - 2002")
O Bom e grave Carlos que nascido sem saber, ainda, que gauche “(...) um anjo torto/desses que vivem à sombra, disse:/- Vai, Carlos, ser gauche na vida” e assim o belo Drummond em “Eu versus Mundo” assina identidade assimétrica para “(...) Eu maior que o Mundo/Eu menor que o Mundo/Eu igual ao Mundo.”
Meu amor Carlos Drummond de Andrade escreveu sobre esperanças, flor, sentimentos de paz e dos horrores da grande guerra, vidas e desaparecimentos, poesia e orquídea antieuclidiana e “Carta a Stalingrado”, “Telegrama de Moscou”, e + nos demonstrou queMas viveremos” para novas rosas e povos tantos germinados de “Alguma poesia” e todo o mundo grande e pequeno drummondiano.
Poetas e homens, mundos de Raimundos e Andrades. Releituras do gauchisme brotaram de Torquatoquando eu nasci/um anjo louco muito louco/veio ler a minha mão (...) eis que esse anjo me disse/apertando minha mão/com um sorriso entre dentes/vai bicho desafinar/o coro dos contentes (...)” : Let’s Play That, e de Chico, “Quando eu nasci veio um anjo safado/o chato dum querubim/E decretou que eu tava predestinado/A ser errado assim/Já de saída a minha estrada entortou/Mas vou até o fim ...): Até o Fim.
Para a Rosa do Povo (1945) sentenciou: “Algumas ilusões feneceram, mas o sentimento moral é o mesmo – e está dito o necessário.” Carlos Drummond de Andrade.

sábado, 29 de outubro de 2011

Bem-me-quer, mal...

Bem- me- quer, mal...
por maneco nascimento
Alguns meses atrás, o noticiário nacional trouxe contumaz notícia sobre operação da polícia do Rio de Janeiro. Dessa vez envolvia o desaparecimento de uma criança, + uma entre as tantas que sofrem delitos oficiais nas franjas dos grandes centros urbanos brasileiros.
O menino Juan Moraes, de apenas 11 anos, morador da comunidade Danon, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, sofreu ação de queima de arquivo incidental, 20 de junho de 2011, após estar em área reimosa de operação policial, proximidade do beco onde teria ocorrido o assassinato de suposto traficante, Igor de Souza Santos.


(manifestação em Copacabana: Ong Rio pela Paz/foto: Bruno Boppe - Futura Press)

Sete é o número de policiais militares, lotados no 20º. BPM (Mesquita) que estavam na área de “conflito”. Quatro estão presos por terem envolvimento direto no incidente de morte e desaparecimento de cadáver de Juan e de disparos contra seu irmão W. Uma vizinha da criança e também moradora da comunidade Danon, em entrevista ao Jornal Nacional, assegurou que:
"Primeiro eles mataram o bandido, logo após o 'Juanzinho' saiu correndo, eles mataram o Juan e correram atrás do irmão do Juan. O que aconteceu, eles mataram o Juan, esconderam debaixo do sofá e trinta minutos depois eles pegaram o Juan e jogaram dentro da viatura. No dia seguinte eles vieram e queimaram o sofá para não ter provas", afirmou a testemunha. (“RJ: termina reconstituição da morte de Juan em Nova Iguaçu”, 09 de julho de 2011, 05h07, atualizado 18h31. Terra/O DIA online)
Na troca de tiros entre polícia e traficantes da Baixada Fluminense, em junho, o menino foi morto e depois o corpo jogado para perecer, de novo, em área longe do convívio dos parentes e amigos. A ossada de Juan foi achada, depois de investigações e cobrança social. Também sofreu contradições de identificação do corpo, confundido com o de uma menina pelo serviço do posto regional do IML – Instituto Médico Legal, de Nova Iguaçu.
(área de reconstituição da morte de Juan, em Danon/Nova Iguaçu//foto: Jeferson Ribeiro - Futura Press)
 A história de junho volta à tona porque o corpo teve que ser exumado para novos exames, de DNA, que debelassem todas as dúvidas sobre o cadáver. Depois de dias de espera para resultados de justiça forense, a ciência venceu. Os exames de tipagem genética por DNA, cadavérico e antropológico, solicitados por advogado de defesa de um dos PMs, fecharam todos os círculos de dúvidas.
(polícia em local da reconstituição da morte de Juan/acervo: NeroPhotoSnapViewer.File9)
A menina encontrada é mesmo o menino Juan, localizado próximo a ponte sobre o rio Botas. No último dia 28 de outubro de 2011, sexta feira, depois de um mês, pode a criança descansar, pelo menos a matéria, em paz. Foi novamente enterrada, no cemitério de Nova Iguaçu, dessa vez só com a presença de policiais. A família, no serviço de proteção de testemunha, viverá a verdadeira prisão. Os quatro policiais, detidos, seriam também suspeitos de 34 crimes em operações policiais.**
(enterro de Juan, pela segunda vez, acompanhado por policiais/acervo: NeroPhotoSnapViewer.Files9)
A Defensoria Pública do Rio pode ter esclarecido “(...) graves contradições técnicas e distorções ocorridas durante o inquérito policial (...)”* e outras questões técnicas que serão usadas em juízo. Agora, aguardar-se os desdobramentos da justiça para crime de morte, “ocultação” de cadáver e abuso de autoridade estabelecida em terras de polícia voluntariosa e dada a extermínios.
O Rio maravilha e suas praias, de turismo urbano, perfeitas é também de periferias assustadas. E, às vezes, vítima do estigma de que todo favelado é bandido e que o bom Brasil não nasce, também, nos morros e favelas. Bem-me-quer fugir dos tiroteios e dos crimes de vigário geral, da candelária e de todas as baixadas na mira policial.
(campanha pelo desaparecimento de Juan/foto: Jadson Marques - Futura Press) 
Mal-me-quer, as desigualdades sociais, o ralo fundo da corrupção e seus desdobramentos que alimentam a violência, a usura, a perfídia e os crimes (im)perfeitos à traição das gentes, algumas bem simples, filhas do Brasil, terra alegris.
“Sei que nada será como antes...”, amanhã quem sabe haveria + justiça social e noticiários menos encharcados de sangue de vítimas, sejam elas anjos ou decaídos.

·         Material de pesquisa: * O Diário de Cuiabá, na web, sábado, 20 de outubro de 2011.
                                 O DIA online
                                  ** Reportagem do Bom Dia Brasil, 27 de outubro de 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

As coisas e as coisas

As coisas e as coisas
por maneco nascimento
“(...) As coisas estão limpas, ordenadas./O corpo gasto renova-se em espuma./Todos os sentidos alerta funcionam./A boca está comendo vida./A boca está entupida de vida./A vida escorre da boca,/lambuza as mãos, a calçada./A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.”
(Carlos Drummond de Andrade: “Passagem do AnoIn A Rosa do Povo, 29ª. Ed.Rio de Janeiro: Record, 2005)
A nossa velha e provinciana Teresina de verdes anos sempre teve das suas. Com sua gleba de senhores de engenhosa posse de poder determinante, vê-se definidora dos dias, das heranças, das folgas, flagrantes e delitos maquiados, mas especialmente das dobras, rugas e maneirismos da política, polícia e da justiça dos seus.
Uma nova velha história se repete e ganha contornos de sensação, marca de posse e poder da informação, maquinarias azeitadas para controle do discurso que segue ao público, fofocas oficiosas, “oficiais” e deslumbrantes, lendas urbanas e, um muito da imprensa que, no cumprimento de seu papel, não deixa que a batata esfrie, mesmo que esteja transgenizada.


(manifestação de 2 mil pessoas por justiça/foto: acervo 180 graus.com)

Assim, o mundo das domésticas, dos carteiros e das estudantes de direito, de classe ascedente ao céu das tragédias, casa de ades, se sobrepõe as vidinhas contumazes dos homens, mulheres, brancos e burgueses que ganham a sorte domando a falta de sorte dos “inferiores”.
Durante dois longos meses, de especulações, notícias e shows à mídia sedenta de célebres informações, se testemunhou os discursos de investigações, defesas veementes, averiguações escorregadias e comoção familiar ganharem seu turno de manifestação social. Todos com seu direito democrático de manifestar-se.
(imagem da moça viva/morta/acervo: clicapiauí.com)
O caso parece ser + um caso (in)comum entre os já vistos e ou acompanhados com clamor pela população. Morrem os Marcos Leonardos e as Fernandas Lages, protagonistas imposto(a)s de “crimes perfeitos”, de recém proximidade da memória local. E o tempo em seu tempo parece que continuadamente dará cabo das coisas das coisas.
Garota não vá se distrair/E acreditar que o mundo vive com a inocência desse teu olhar/Você se engana e se dá mal, com tipinho anormal/E a sociedade vai te condenar/Morreu violentada porque quis!/Saía, falava, dançava,/Podia estar quieta e ser feliz/calada, acuada, castrada...” (“Mônica”: Ângela Ro Rô)
As casas assépticas; as chácaras paradisíacas e seus “demônios” em noites de bacanais às bordas das piscinas e ao redor das fogueiras das fertilidades sexuais; os dramas e tragédias posterizadas às vezes de Carmens, de Bizet; as lendas urbanas e as legendas e as legendas das cartas marcadas.
“(...) Aída Curi era rock, Aracelli balão mágico/Cláudia Lessin a geração Reich,/O que eu não vou classificar/É a dor do pai, a dor da mãe/Que ela poderia ser, mas não vai/Queremos o seguinte no jornal/Quem mata menina se dá mal/Sendo gente bem ou marginal/Quem fere uma irmã tem seu final”(Idem)
Distraidamentemoças voam de edifícios, feito avião” e, sem conhecimento do mito de Dédalo ou sonho de Ícaro, decaem ao + profundo das prisões mortais. Flagrada, morta, esborrachada e, em paráfrase a nobre poesia drummonianaa noite geral prossegue, a manhã custa a chegar...” mas a moça estatelada, ao relento, perdeu todo o viço e juventude na pressa de alçar horizontes com asas de cera.
Do 25 de agosto que, no imaginário popular, seria um mês “reimoso” herda-se um crime sem autor? Em que parece que ninguém em seu juízo (im)perfeito, mesmo muito alterada se laceraria para depois lançar-se ao vácuo da liberdade acuada. Fuga da hipótese do suicídio, a não ser que nasça chifre em cabeça de jumento, como diz o ditado popular. E quem sabe até confundiria a opinião pública com outra lenda fabular, a do unicórnio.
Então, fique-se com outra hipótese para obra de porteiras escancaradas, a de homicídio sem criminoso? Caso as letras da lei transformem o “incidente” (in)feliz, ao(s) autor(es), em culposo, sem qualquer intenção de matar, então a ficção estará concluída. Quem matou Fernanda, nessa selva de vestígios de senhores de pedra foi Janete Clair, ou (o)a assassin(o)a de Odete Hoitman.
Os doutores da polícia, da política e da justiça, controlem as rédeas da mora. Quem mandou a moça atravessar na frente do prédio do Ministério Público Federal, na avenida João XXIII, zona Leste de Teresina. Por plantar-se em terras de homens que constroem obras para alcançar os céus, acabou sendo enterrada sob história obscura.
(sorriso,sapato em franco envelhecimento, prédio e reconstituição do crime/acervo: tvcanal13.com)
Há um cisco no olho vigilante da Cico (Comissão Investigadora do Crime Organizado). Precisa ser lavado em água clara de despacho cristalino. Uma trave no olho coletivo que talvez gangrene os dias da cidade tão ansiosa por transparência e justiça social. Embora, como disse o poeta, “a vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.”


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Artes e Tintas

Artes e tintas
por maneco nascimento
O Bar do Clube dos Diários recebe em sua Galeria Aberta uma nova exposição. Os artistas associados à União dos Artistas Plásticos do Estado do Piauí trazem, à apreciação pública, novas idéias para artes e tintas. A Exposição iniciada dia 24 de outubro fica até 25 de novembro do corrente.
O espaço de observação das telas expostas, parte do ambiente do Bar do Clube dos Diários que tem recebido uma boa movimentação e circulação de atividades artístico-culturais de 2ª. a sábado, a cada semana as atuações envolvem teatro, música, seleção vinil de bossa, fossa, MPB e fossa nossa. E, não podia faltar artes visuais.
Nesse finalzinho de outubro e boa parte de novembro a UAPPI é a chefe de cerimônia aos visitantes e curiosos à arte pictórica. Na Galeria Aberta poderão ser vistos trabalhos de:
Dadinha Leal com “Fim de Noite: Eu e o Balcão
Beth Paz com duas “Releituras da Obra de Toulouse-Lautrec” e uma peça autoral “Na noite um beijo qualquer
Josett Carmo e sua “Noite Azul
Ellen Mourão apresenta “Boemia” e “Transeuntes
Denise Parma, “I Love The Noturna
Avelar Amorim, com dois trabalhos, “Deslambidas” e “Quando as galinhas dormem
Aris Carvalho pinta uma “Noite de luar”.
Sete artistas, dez artes do diverso visual e olhares para cores e tintas. É o que compõem a Exposição da UAPPI em exploração criativa dos produtores de telas impressionistas, expressionistas, realistas e de licenças poéticas à arte dos pincéis.
Poetas, seresteiros, estudantes, namorados, notívagos, curiosos e amantes dos óleos, telas, vidas emolduradas à cultura aplicada, acorrei. É chegada a hora de curiar essa nova exposição. Ela não morde, no mínimo poderá liberar certo prazer em vislumbrar um outro olhar sob o olho do pintor.
É hora de conferir e, se não gostou, como dizia um clichê setentão, que gostasse!





Arte de Integração

Arte de Integração
por maneco nascimento
Valorizar o material humano, suas perspectivas individuais de integração e todas as expectativas de interação social. É o que busca o Projeto Corpo Inclusivo, criado em 26 de agosto de 2010. A cidade de Teresina tem um natural movimento artístico que andeja pela música, dança, teatro, coral e o mais diverso cultural que envolve o veio artístico aqui fomentado.
A prática desportiva e o ato de arte inclusivos, no Brasil, têm alcançado excelentes resultados mundo a fora. E, seria o momento da cidade também acompanhando o país, começar a demonstrar a excelência de resultados e capacidade de cada um que compõe os grupos de inclusão artísticos, facilitados em Teresina.
Realizado pela Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves, o Projeto Corpo Inclusivo surge para aglutinar o ato manifestado das pessoas com necessidades especiais e suas naturais aptidões de desempenho.
Hoje, dia 26 de outubro de 2011, às 16 horas, no Palácio da Música, será apresentada a “Mostra Inclusiva”, com resultados das oficinas do Projeto Corpo Inclusivo que contará com apresentações de Dança contemporânea elencada por aluno(a)s da:
(aula inclusiva ASCAMTE/foto: divulgação)
 Associação de Pais e Amigos de Especiais – APAE; Dança de Salão com o grupo da Associação de Deficientes Visuais do Piauí – ACEPI; Dança/Teatro com o grupo da Associação de Cadeirantes do Município de Teresina – ASCAMTE; Resultado da Oficina de Artes Visuais, com aluno(a)s da Associação de Amigos de Autistas – AMA; Dança de Salão, com aluno(a)s da Oficina de Dança de Daniel Moura e o Coral da Associação de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos – APADA.
Ainda na programação da tarde serão recebidos os convidados, Grupo de Dança Professor “Porfírio Cordão”; o Grupo de Capoeira Inclusiva que absorve especiais com síndrome de down, coordenado pelo Mestre César Barcelar e um Solo Contemporâneo com a bailarina Iasmin.
A Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves que, ao longo de um quarto de século, vem desenvolvendo práticas artístico-culturais facilitadoras do talento do cidadão teresinense, apresenta nesse momento mais um resultado alcançado, quando traz a público a “Mostra Inclusiva”, que estará disponível à apreciação da cidade, dia 26 de outubro, no Palácio da Música.

(aula inclusiva ASCAMTE/foto:divulgação)
SERVIÇO:
MOSTRA INCLUSIVA – PROJETO CORPO INCLUSIVO
PROGRAMAÇÃO:
01.   DANÇA CONTEMPORÂNEA – ALUNO(A)S DA APAE
COREÓGRAFA: KELLY CAMPELO

02.   DANÇA DE SALÃO – ALUNO(A)S DA ASSOCIAÇÃO DE CEGOS DO PIAUÍ - ACEPI
COREÓGRAFO: SIDH RIBEIRO

03.   CLÁSSICO/CONTEMPORÂNEO – ALUNO(A)S DA ASCAMTE – ASSOCIAÇÃO DE CADEIRANTES DO MUNICÍPIO DE TERESINA
COREÓGRAFO: LUIS C. VALE

04.   OFICINA DE ARTES VISUAIS – ALUNO(A)S DA AMA – ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS DE AUTISTAS
INSTRUTOR: MANOEL SEVERINO

05.   DANÇA DE SALÃO – OFICINA DE ALUNO(A)S DE DANIEL MOURA
COREÓGRAFO: DANIEL MOURA

06.   CORAL DA APADA – ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DE DEFICIENTES AUDITIVOS
REGENTES: LOURDINHA E ELIZABETH

CONVIDADOS:

01.   GRUPO DE DANÇA PROFESSOR “PORFÍRIO CORDÃO”
COREÓGRAFO: ROBERTO FREITAS

02.   SOLO CONTEMPORÂNEO – COM A BAILARINA IASMIN
COREÓGRAFA: GEYSA PINHEIRO

03.   CAPOEIRA INCLUSIVA – ESPECIAIS DOWNS
INSTRUTOR: MESTRE CÉSAR BARCELAR

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Dance sem parar

Dance sem parar
por maneco nascimento

Durante cinco dias, de 19 a 23 de outubro de 2011, Teresina da Dança pensou, conversou, riu, aplaudiu, exercitou e fez as boas vezes de passes de dança, naturalmente, para as horas da cidade e seus corpos expressivos.

Nas noites de concorrência do público, por lugar, na platéia do Theatro 4 de Setembro, e de competição dos bailarinos e coreógrafos para estarem entre os melhores, o evento é que ganhou em exercícios práticos e Teresina em manifestação de franco processo à maturidade a quem persegue as falas do corpo.

Pelo tablado e sobre o linóleo daquela Casa de espetáculos muito de virtuose e energia concentrada para apresentar o melhor de cada concorrência dançante. Dos resultados à apreciação pública, destaques consideráveis aos criadores-coreógrafos e seus bailarinos.

(vencedores do XV FestDança de Teresina - 2011/foto:divulgação)

Dos coreógrafos, Graciane Sousa, Beth Bátalli, Roberto Freitas, José Nascimento, Samuel Alves, Adriano Abreu, Kleo di Santis, Cinthia Layana, Datan Izaká, Socorro Bernabé, Helly Jr., Márcio Gomes, Ane Carvalho, Faustino Jr., Luzia Amélia, Carlos Sabóia e Sidh Ribeiro foram profissionais da cidade que aqueceram o palco do 4 de Setembro.

A novidade é o que Brasil é também sertão. Entre os concorrentes ilustres, uns vindos do Ceará (Centro de Dança Mônica Luiza), Maranhão (Ballet Olinda Saul), Ceará – Acopiara (Cia. de Dança Estilo de Rua), o bom e velho agreste dançou sua força trazida de cidades como Castelo do Piauí, Monsenhor Gil, Buriti dos Montes, Simplício Mendes (cidades piauienses), Acopiara (município cearense) e Timon, no Maranhão.

Para os melhores dessa maratona do XV FestDança de Teresina, versão 2011, realizado pela Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves, muitas surpresas e novidades quebraram os resultados dos sempre vencedores de sempre.
(vencedores e Comissões Organizadora e Julgadora do XV FestDança de Teresina - 2011/foto: divulgação)

Todos foram contemplados e, para quem acompanhou os três dias de competição, o resultado final foi de justiça técnica, estética, artística e de democracia cultural.
(Comissões Organizadora e Julgadora do XV FestDança de Teresina - 2011/foto: divulgação)


O Melhor Conjunto Infantil ficou com o Nuclinho de Dança NAI Dirceu, com a coreografia “O que é, o que é?”, coreógrafa Beth Bátalli. O prêmio Destaque Infantil Feminino foi para Anne Julieth, do Balé Jovem do Piauí. O prêmio de Melhor Conjunto Juvenil apontou para o Grupo Juventude e Cidadania, de Castelo do Piauí.

O Maranhão levou o prêmio de Melhor Bailarino Juvenil. O premiado, Henrique de Oliveira, do Ballet Olinda Saul. O Melhor Duo ou Trio foi para a S/A Cia de Dança, com a coreografia “O que te faz dançar”. O Ballet Mônica Luiza, de Fortaleza – Ceará, foi contemplado com o Melhor Conjunto Clássico. A coreografia, “A Grande Valsa”.

Com a coreografia “Pedaços”, a Só Homens Cia. de Dança abocanhou o prêmio Melhor Conjunto Contemporâneo. O Melhor Conjunto Dança de Rua foi para a Cia de Dança Estilo de Rua, de Acopiara, no Ceará.

A Melhor Bailarina Juvenil foi Natalie Quaresma, do Cordão Grupo de Dança. O escolhido como Melhor Bailarino Clássico, Alyson Trindade, que veio do Maranhão, através do Ballet Olinda Saul.

A Cia. Piauiense de Dança e sua bailarina, Yanca Feitosa, ficaram com o prêmio de Melhor Bailarina Clássica. Samuel Alves, da S/A Cia. de Dança, levou a estatueta de Melhor Bailarino Não-Clássico. E, como Melhor Bailarina Não-Clássica, Eline Márcia, da MontMartre Cia. de Dança.

Para o prêmio Melhor Conjunto de Danças Populares, o troféu foi abraçado pelo Balé Popular do Piauí, coordenado pelos coreógrafos Socorro Bernabé e Frank Lauro. A Comissão Julgadora do XV FESTDANÇA ainda concedeu Prêmio Especial do Júri Técnico à Cia. Piauiense de Dança, com a coreografia “Liberatus”.

Depois de mais uma etapa fechada para bailarinos e coreógrafos, ainda foi anunciada, na noite do dia 23 de outubro, a lista dos selecionados para o YAGP 2012/2013 – Brasil.

(vencedoras do XV FestDança de Teresina - 2011/foto: divulgação)


Os Felizardos piauienses, Miguel Eugênio, Hyago Castro, Carolina Cristina, Natalie Quaresma, Yanka Feitosa, Maria dos Remédios e Anne Julieth. De São Luis, Maranhão, foram selecionados Alysson Trindade Henrique de Oliveira.


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Eu leio, sim.

Eu leio, sim.
por maneco nascimento
As campanhas de leitura ou recuperação das leituras “perdidas” sempre utilizaram motes que vão desde “mergulho” no mundo das palavras, ou ler faz muito bem para o mundo, não + o das perguntas, mas das respostas. Um certo Lobato, intelectual brasileiro apregoava que “um país se faz com homens e livros”.
(Casa de Marimbondos, de João do Norte./Monteiro Lobato & Cia. Editores/capa: J. Prado/www.iel.unicamp.br/cedae...)

E, talvez, sua literatura revolucionária e pioneira tenha sido responsável por alguns bons leitores Brasil a fora. Deixou uma herança que abriu caminhos às futuras e + rebuscadas e renovadas leituras. A um bom praticante de leitura o universo da Leitura é de ciência e magia interacional.
Para nação com ainda razoáveis índices de analfabetismo, quem consegue ler, além do funcional, é rei ou pelo menos andeja por meandros de língua, lingüística, falas, oralidades e um olhar que, mesmo caolho, desliza sobre as vagas do oceano do conhecimento exercitado. Assim, ler exige para alguns métodos, para outros maneirismos e estratégia para bem servir-se.
 Assunção de Maria, professora-mestre em Ciência da Literatura/Sub-área poética, pela UFRJ e efetiva do quadro da UESPI, concorre para uma leitura fluente em que vai tentando compreender a estrutura e as idéias chaves dos autores. “Em determinados textos parto da leitura global para depois construir os sentidos mais detalhados”, diz.
 Quanto ao momento e espaço à concentração de leitura, Assunção de Maria declara que “depende do seu objetivo de leitura, se de identificação de dados, obter a compreensão da estrutura e organização do texto, então carece mais de um momento e espaço tranqüilos” para ter o efeito desejado.
Ninguém sofre o dilema de “ler, ou não ler”. Todo mundo lê tudo e toda coisa a todo o tempo. Mesmo os tidos como fora dos padrões regulares de leitor têm sua forma de ler o mundo. A sabedoria popular que o diga. Então leitura torna-se ato natural de sobrevivência social e adequada à experiência e métodos de absorção ou troca de conteúdos e conhecimentos.
Para o professor de português e teatro, Roger Ribeiro, na hora de ler “quanto mais concorrência tiver pra mim, melhor, me abstraio no meio da concorrência. Na parada de ônibus, por exemplo, é melhor que no quarto fechado”, confessa. Segundo o artista “se tiver só eu e a leitura, não funciona, precisa eu, a leitura e a concorrência” para rolar o encontro com a ação de ler.
 Com maiores ou menores esforços ao mergulho em livros e leituras, a finalidade sempre será a mesma, ampliar conhecimento e determinar obrigações e integração na ação transversal de mensagens e contextos. Para o bom leitor, qualquer leitura selecionada vai surtir o efeito da escolha. E, com o advento das novas tecnologias, quem disse que ao leitor os livros eletrônicos são ameaça.
Cada um encara essa nova rede de informação à conveniência de suas perspectivas e necessidades. L. Magalhães acrescenta que as novas tecnologias certamente interferiram em seu processo de leitura. O sistema de busca do Google possibilita textos que ampliam as fontes quando quer ler a respeito de alguma temática.
Mas para o professor-doutor, “neste momento, não disponho de nenhum destes recursos que buscam substituir os livros. Não sou contra, apenas não disponho de nenhum agora”, finaliza.
Sem resistência às novas tecnologias, Ademilton Moreira acrescenta que quanto às leituras ainda prefere ficar com livros de papel. Às vezes imprime material para ler depois, “baixar um livro ou mesmo um artigo grande de uma revista, não gosto”, acentua.
Na internet, só se detém no jornal online, pega os tópicos, opiniões e lê rápido. Prefere leituras impressas “passar um ou cinco dias sem ler jornal impresso, sinto falta”, conclui.
A professora-mestre, Assunção de Maria, diz que as novas tecnologias não interferem de maneira alguma no seu processo de leitura, mas “gosto mais do texto no papel porque já criei o hábito e muitas vezes é mais prático e posso fazer em quaisquer circunstâncias” pontua o assunto.
E Roger Ribeiro concorda que, para ele, o canal das novas tecnologias às leituras não interfere, também “não reforça, me faz ler de novo o antigo, me estimula a voltar ao livro tradicional”, finaliza.
Das leituras, digamos primitivas, em que os admiradores dos sábios da época, fascinados e à luz de tochas percorriam as inscrições rupestres, rindo e identificando-se com a obra do artista, estudioso, “doutor” até as leituras à luz de vela, candeeiro, lampião a gás, filamentos incandescentes e as novidades a vapor e frias, leitura não faz mal a ninguém.
(Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato./ilustrações de Jean G. Vinlli, 1931/Lobato-Biblioteca/globo.com)
Faz com que nos inteiremos do mundo ao nosso cerco e, parafraseando o intelectual brasileiro, uma boa leitura se faz com bons autores, leitores (co-autores) e livros. Então leia-se sempre e sem demora. Mas, se com demora, sempre confronte-se com uma leitura, ali está a novidade. Eu leio, sim.

Leitura não faz mal a ninguém

Leitura não faz mal a ninguém

por maneco nascimento

Como se leu ontem ou se lê atualmente a vida, no diverso da informação e comunicação que a própria humanidade forjou para fazer-se entender e desempenhar a leitura do mundo. Perguntas e respostas que hoje só uma boa leitura construtivista poderia decifrar.
Desde o princípio do homem, do sapiens ao sapiens sapiens todas as dificuldades, ou desafios para a leitura e a que entendimento esta levaria, só o salto do futuro respondeu o que o bom leitor pode melhor construir à produção dos novos sentidos.
Do blog “O amante bibliotecário” tem-se que “a leitura, entre outros significados, é o universo do saber que aquele que gosta de ler, mergulhará sem demora e sem dificuldade no mundo dos livros”.
Já, para o dicionarioweb, leitura é: “s.f. ação de ler./ação de tomar conhecimento./o que se lê./a arte de ler”. Entre significados e significantes, ler detém traduções que se finalizam para, por exemplo, a definição trazida pelo Dicionário Priberam da Língua Portuguesa em que “ler (lê) – conjugar. v. int. 1. Interpretar o que está escrito. 2. (Informal) Devanear, disparar. v. tr. 3. Fixar a vista e a mente em (o que está escrito). 4. Proceder à leitura de. Ler por baixo: deletrear”.  
“O amante bibliotecário” corrobora que “ler é a principal fonte de que o ser humano precisa para que ele se engaje no grupo de pessoas cultas, conhecedoras dos mistérios que a vida proporciona.”
Dos mais elementares conceitos às novas perspectivas da leitura, a ciência lingüística e o ato de ler avançaram com natural empenho. E, no atual estágio de mundo e conhecimentos, ao se tratar de leitura seria “um tanto anacrônico ainda se falar em desejar compreender as idéias do autor. Isto é anterior ao formalismo russo e ao estruturalismo” aponta o professor-doutor em comunicação social, do quadro da UFPI, Laerte Magalhães
Como se chega à leitura, efetivamente, ai é que é o doce mistério das descobertas do ato propriamente. Para Laerte Magalhães “a leitura é um trabalho de produção de sentidos. Cada leitor faz as conexões do texto em busca da integralização, preenchendo os vazios com a sua experiência, seus conhecimentos e seus valores.”

Cada leitor seria também um co-autor, como confirma Magalhães, “ao ler, ele vai produzindo na sua memória um outro texto, a sua interpretação. Cabe dizer, no entanto, que a leitura não é aberta a qualquer interpretação, não há relativismo. Apenas, o trabalho da leitura se realiza com maior ou menor transparência a depender do repertório, do horizonte de expectativas de que dispõe cada leitor. Deste modo, cada leitor contribui mais ou menos para a riqueza de sentidos do texto. E por ai vai...,” completa Laerte.

Logo, ler e leituras ganham construções para mesmo princípio ativo, que seja de novas leituras à comunicação e à informação da produção de sentidos. Agora como se pratica a leitura e com que comodidade esse exercício fonte de “engajamento social” se dá? O que precisaria ser feito para que se percorra a órbita do mesmo ciclo das linguagens e linguísticas próprias às comunicações interativas das escritas, dos gêneros textuais estimuladores do ato de ler e das leituras realizadas?

O ator e devorador de livros, Ademilton Moreira, diz que praticamente lê todo dia. Assim como “gosto de ver filme todo dia, leio todo dia, é um vício”, confessa. Lê muito pela manhã, gosta de ler à luz do sol. Dispensa leituras na luz artificial e tem uma maneira particular de entrar no que apresenta como o ritual de aproximação do livro, “namoro, guardo, deixo ele ali e olho várias vezes, até pegá-lo pra ler” defende.
Lê em qualquer lugar, na parada do ônibus e, principalmente, dentro do ônibus. Mas não é todo tipo de leitura. Para ele literatura científica não dá para ler sem uma concentração diferenciada, mas a literatura outra qualquer “leio ouvindo jazz ou clássico”, revela Ademilton que processa um natural cortejo aos livros escolhidos e constrói suas leituras e leitura do mundo.
Agora quanto ao tipo de leitura escolhida, aponta que vai alternando e que “tem época que só quero ler policial. Consigo ler três livros de cada vez. Leio cinquenta páginas de um, paro, leio cinquenta páginas de outro e leio também muitos periódicos e revistas, finaliza.
Já Laerte Magalhães, aponta que seu processo de leitura se dá de forma diversa, sistematizada quando tem como objetivo preparar aulas ou textos para publicação. Lê marcando o texto com lápis marcador amarelo, todos os de outras cores, segundo ele, “são prejudiciais à visão”.
Depois digita o material selecionado com a indicação das referências de autor e publicação, para posterior utilização. Agora quando quer apenas ler, lê de modo assistemático “leio um trecho de um livro, depois pego outro, inclusive, de ficção e ao final não concluo nenhum”, informa.
E quanto à necessidade de silêncio total e local preparado para concentrar leitura, Laerte diz gosta muito de ler ouvindo música, instrumental, jazz, blues, mpb, o que houver de melhor. “Por vezes, até com a TV ligada, só pra ficar ouvindo vozes, sem prestar atenção”, completa.
No fim, os caminhos da leitura têm proximidade de hábitos, mesmo com idiossincrasias necessárias, sempre há um método de apreensão dos textos e mensagens “prescritas” que vão ter com o circuito natural e adverso que a teoria da recepção apregoa.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

15º. FestDança - Dia UM

15º. FestDança - Dia UM
por maneco nascimento

O primeiro dia de competição do 15º. Festival de Dança de Teresina – FESTDANÇA, promovido pela Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves, um “papôco” de pés, pernas, braços, alongamentos, simetrias e assimetrias corporais para marcas de cena, dramaturgias e expressionismos para corpos falantes.
A partir das 18 horas, do dia 20 de outubro, tudo foi dança. Crianças, adolescentes, especiais, jovens, adultos, alunos, mestres, coreógrafos, julgadores, família, amigos e público, grosso modo, disputaram espaço para os + de 600 lugares do Theatro 4 de Setembro. A Casa de espetáculos ficou pequena para absorver profissionais, praticantes, amadores, simpatizantes e curiosos que acorreram ao 15º. FestDança.
+ de 70 coreografias foram apresentadas entre iniciantes e iniciados, juvenis, contemporâneos livres, avançados, marcas de tradição e de ruptura, também ao diverso da dança urbana e suas performances criativas. Bonito de ver crianças das + diversas idades competindo de igual pra igual, cada uma com sua empertigada arte e cultura ensaiada para melhor resultado.
A comissão julgadora, representada por Mariza Pivetta, Toshie Kobayashi e Caio Nunes, deve ter tido muita dificuldade para selecionar os classificados, dessa primeira noite, à grande finala partir da diversidade de manifestações apresentadas, ações e expressões que dançaram conforme a música e orientação coreográfica.
Brilhos particulares para as iniciativas coreográficas de Graciane Sousa, Beth Bátalli, Cinthia Layana, Roberto Freitas, Márcio Gomes, Kelly Lustosa, Socorro Bernabé e também grupos das cidades de Monsenhor Gil, Fortaleza e Teresina, em grande representação à primeira noite de concorrência.
Um encontro de experiências e experimentações. Para as + de três horas de apresentação de espetáculos de solos, coletivos, duos, tudo teve luz própria e toda a força e energia que o corpo corresponde para a arte de dançar. Durante o macro espetáculo que costura os retalhos de cores emblemáticas dos micro espetáculos, talentos se confirmam ou se anunciam.
Não há diferenças. Estão reunidas todas as periferias com seus centros gravitacionais e suas naturais expressões criadoras e criativas do ato de cena da dança. Todos e cada um, a seu tempo apresentando seu melhor momento de corpo falante.  
Os classificados, na noite do dia 20 de outubro, se reapresentam dia 23, na final do 15º. FestDança. Uma “briga” de atuações e reinvenções do expressionismo de anatomias se cruzam, interagem aos olhos dos assistentes e julgadores e espalham extasia, alegrias, satisfação e orgulho pelo continuado exercício de dança praticado em Teresina.
Muitas novidades riscarão o linóleo do 4 de Setembro até dia 22 de outubro para culminarem como premiadas finais, na noite do dia 23 de outubro. Do que já se vem vendo acontecer pode-se confirmar que Teresina dança, porque aprendeu os passos da dança.
(Duo clássico/foto: divulgação)

 E, como disse Mariza Pivetta, durante a abertura do 15º. FestDança,  vê-se na cidade e estado umaaula de base e uma política de baseque, naturalmente, se deve consolidar para exercício de arte, enquanto dança.

Língua e diversidade

Língua e diversidade
por maneco nascimento


O Grupo Harém de Teatro realiza há quatro anos o Festival de Teatro Lusófono – FESTLUSO. Uma iniciativa de reunir países que detêm o traquejo da língua de tronco comum, o português, e efetivar a participação de artistas de mesma língua e mesma fala para espontâneo exercício de aproximação das artes cênicas.

O diverso da comunicação de palco que encurte limites e transversalize as experiências de histórias e memórias sociais e culturais à revalorização do repertório da cena viva.

Ao ganhar vida própria nas quatro experiências já realizadas, nos anos de 2008, 2009, 2010 e 2011, o Festival de Teatro Lusófono – FESTLUSO interage linguagens, identidades, interrelação de povos, arte, história sócio-cultural e a expansão do diverso apropriado de novas perspectivas da construção de cultura extraterritorial, como bem define o Grupo Harém de Teatro.

Ao ser realizado, em Teresina, o FESTLUSO abre as fronteiras da cidade, Estado e Brasil. Mas, especialmente, amplia todos os vieses da arte, cultura e cênicas para discussões envolventes de países lusófonos, países estes investidores em práticas e objetivos de integração de territórios falantes da língua portuguesa e espalhados nos cinco continentes da Terra de traço comum lingüístico.

Nas 4 edições do FETLUSO, o Grupo Harém de Teatro teve a grata satisfação de computar cerca de 25 mil espectadores assistindo aos espetáculos de teatro, aos shows, palestras, mesas redondas e a interação natural que envolve os convidados aqui trazidos para compartilhar experiências.

(espetáculo baiano "Mar me quer",/foto: divulgação)

Projeto, com propósito de atingir intercâmbio continuado e sistemático, desenvolve aproximação produtiva entre criadores, práticos, produtores e investigadores que utilizam o teatro da língua portuguesa como força de expressão e representação sócio-cultural.

(espetáculo paranaense "Antenor e o Boizinho voador"/foto: divulgação)

Também traz em seu percurso natural a ação de estreitar laços entre Piauí e mundo lusófono e congraçar com convidados ilustres, agentes teatrais, advindos de Portugal, Angola, Brasil, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau, Galiza, entre outros que ainda estão em processo de participar, efetivamente, do Festival.
(espetáculo angolano "Olimias"/foto:divulgação)

A Lusofonia, ou portuguesofonia, o conjunto de identidades culturais existentes em países, regiões, estados ou cidades falantes da língua portuguesa como Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Prícipe, Timor Leste e diversas pessoas e comunidades em redor do mundo, também encontra eco das falas, oralidades, marcas de cena e dramaturgia linguística, quando se estabelece na cidade de Teresina, através do Grupo Harém de Teatro e seus parceiros naturais do palco.

(espetáculo português "Maria Curie"/foto:divulgação)

Torna viável encurtar fronteiras e redimensionar diálogos que reverberem novo olhar político e atenção cultural às sociedades, cidadãos e falantes da língua portuguesa.