sábado, 30 de julho de 2011

Ato de arte (I)

Ato de arte (I)
por maneco nascimento


No último dia 29 de julho de 2011, a partir da 20.30 horas, na Unidade Escolar Melvin Jones, no bairro São João, ocorreu o privilégio a quem conhecia a agenda cultural, na cidade, de acompanhar o encerramento da “Mostra de Teatro Aqui tem Cultura”, do Bairro São João, evento articulado pelo ator e diretor de teatro Chico Borges, artistas das cênicas da região e colaboradores afins.

No pátio da escola pública, preparado para assentar brilho cênico, o público recebeu dois espetáculos àquela noite. O primeiro direcionado aos infantes, “O diário da Bruxa”, texto de Vitorino Rodrigues, direção de Roger Ribeiro e atuação do Grupo Proposta de Teatro.

Crianças e pais atentos ao enredo à comédia dos erros que reúne uma Bruxa, Furdúncia, numa desafiadora manobra de recuperar memória e beleza, perdidas em livro de magias. Vitorino Rodrigues consegue administrar uma construção da personagem variável entre entojo e graça desdobrada no fingimento de enganar o espectador infantil.

A Fada da vez, Esperança Encantado, na naturalidade de compreensão do fingimento triunfado, aplica-se em Ana Carvalho, um doce e compenetrado deleite de atuação. Desliza pela cena como quem vai à quitanda comprar uma quarta de café. Segurança e humor dosados para marcas e improvisos de feição dramatúrgicos equilibrada.

Márcio Felipe, para o Príncipe, desempenha boa entonação, interpelações dialógicas à cena tranqüilas e começa a desenhar o próprio caminho das Índias, derrotando vagas e mitos das revoluções de interpretação do ator e método. Vem aos poucos se impondo feito mocinho da fábula com acenos de domínio da cena.

O público diverso, concentrado em cada tirada textual e de inflexões sugestivas das personagens, não perdia uma deixa e provou que quando o exercício de teatro é bem apresentado, derrama-se sobre a assistência com a força de intercomunicados efeitos, feitos para entreter, divertir e educar. “O diário da Bruxaresponde ao melhor projeto infantil praticado na cidade.

A segunda montagem da noite, uma releitura ousada de “Apareceu a Margarida”, de Roberto Athayde, com direção de Avelar Amorim e atuação de Edith Rosa, Adriana Campelo, Vitorino Rodrigues, três vieses da mesma Margarida e Eri Pegado, o aluno interativo. Essa peça fechou muito bem a Mostra, do São João. Mas esse é assunto para outro comentário, que virá em seguida.

A “Mostra de Teatro Aqui tem Cultura” que aconteceu de 26 a 29 de julho de 2011 e um cortejo cultural de aproximação e convite à comunidade, dia 25 de julho, comungam uma particular motivação de manter acesa a chama da arte do fingimento e da arte de compor e publicizar um dos mais antigos processos de comunicação social, a prática do teatro.

Parabéns ao Chico Borges e a todos que sonham um teatro coletivizado e aproximado da comunidade, porque é para esse tipo de ato d’arte, que valoriza a própria cultura, que as sociedades precisam despertar à apropriação da identidade.

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