domingo, 31 de julho de 2011

Ato de Arte (II) - Apareceu a Margarida?

Ato de Arte (II) –
Apareceu a Margarida?
por maneco nascimento


Dia 29 de julho de 2011, a partir das 21 horas, na Unidade Escolar Melvin Jonesdurante o encerramento da Mostra de Teatro Aqui tem Cultura”, do Bairro São João, promovida pela equipe do ator e diretor de teatro Chico Borges,
conferiu-se a reestréia de uma montagem de Apareceu a Margarida”, ao texto de Roberto de Athayde.


Direção de encenação de Avelar Amorim, com produção e execução do Grupo Mosay de Teatro, a nova leitura para D. Margarida repercute uma ousadia conceitual de direção, com manejos ao teatro do gargarejo extrapolando o humor natural da obra de Athayde.

Obra construída em contexto do regime de exceção brasileiro, “Apareceu a Margaridarealiza um discurso de denúncia, crítica e constatação de poder metaforizado através da prática de conteúdos reprodutores de conhecimento, sob o viés do gracejo, do humor e do “chulo”, em linguagem vulgar, posto na boca da professora Margarida.

Numa interminável aula de biologia em que a professora agressiva e autoritária nunca fala sobre sexo, embora impregnada de convulsos e expressivos sentimentos texto-sexualmente oralizados, o enredo vai ganhando sabor de deleite e diferencial inteligente para obra dramática construída.

Premiado com o mais importante troféu do teatro brasileiro, Prêmio Milière-73, Roberto de Athayde conseguiu permanecer na Guanabara com sua peça durante sete meses em cartaz, com casas lotadas. Pela personagem passaram com triunfo de sucesso, na estréia carioca do texto, Marília Pêra, em 4/9/1973, no Rio de Janeiro/Teatro Ipanema. E, noutro momento, Betty Erthall.

“(...) em decorrência da diferença fundamental existente entre Marília Pêra - que estreou "Apareceu a Margarida", na Guanabara, a partir de 5 de setembro do ano passado - para a desconhecida (mas muito talentosa) Betty Erthall, o diretor Aderbal Junior, 33 anos, fez uma opção muito arriscada: o riso farto e digestivo da temporada carioca foi substituído por uma tensão, por uma feição dramaticamente assustadora, nesta remontagem do espetáculo (...)” (Apareceu a Margarida/tablóide digital – 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch. Publicado originalmente em 28 se setembro de 1974/ Jornal Estado do Paraná, pag. 4)

Numa linguagem franca, dura e despojada, Roberto Austragésilo de Athayde, oferece oportunos 100 minutos para o exercício solo de uma atriz.

No Piauí, Lari Sales já ilustrou muito bem essa personagem. Nessa nova investida a dramaturgia à cena, de Avelar Amorim, fragmenta D. Margarida para duas atrizes (Edith Rosa e Adriana Campelo) e um ator (Vitorino Rodrigues). Eri Pegado realiza um partner, estudante real na sala de aula.

Duas Margaridas (Vitorino Rodrigues e Edith Rosa) iniciam a cena, na sala de aula, como se fossem alunas. Adriana Campelo, a terceira Margarida, entra em classe e vocifera seu entendimento cênico para a professora rude e sacana.

Adriana, com domínio do texto, construiu uma D. Margarida espalhafatosa e de textos vomitados dentro do circuito de apelos e demonstrações de sacanagens, por vezes exagerados, para a exigência do riso pela resposta + fácil. Há pelas margens lampejos de Athayde que deverão ganhar maior vinho com o tempo.

No sanduíche da dicotomia à Margarida em mapa dramatúrgico da direção, um Vitorino Rodrigues transmigra à cena uma professora que derrama-se sobre os “alunos”, mas tudo dentro de uma economia de histrionismo seguro.

As falas dessa Margarida amadurecem o discurso do autor, mais pela construção do conteúdo dramático que pelas formas de expressões ligeiras. Já está preenchida a cena com uma antropofágica mestra em máscara e método do ator centrado no teatro da técnica limpa e equilibrada.

A Margarida de Edith Rosa é divertida, uma “mignon” que se expande numa tendência de natureza dramalhona de interpretação. Quem acompanha a carreira de Edith sabe como é bom insistir no exercício da repetição. Está muito à vontade com sua professora de caricatura divertida e reflete memórias, quem sabe, de velhas mestras confrontadas com dificuldades de “ensinar”.

Eri Pegado, em silêncios concentrados, carrega uma eficiência de construção forte para aluno variando entre o lunático, o bichinho de brinquedo da professora e suporte de demonstrações da aula de “biologia” prática. Não compromete a encenação, salvo quando transforma o “peido” produzido em ficha de apelação ao riso. Desvia, insistentemente, a atenção do público do assunto principal, a lição escolar.

Avelar Amorim ao fragmentar a personagem para três intérpretes, parece querer sair da dramaturgia original de texto e criar seu próprio aceno conceitual de direção. Não há pecado no investimento. Há uma novidade, pelo menos por aqui.

Margaridas no jogo de troca de cadeiras em sala de aula, ora alunas, ora professora também é pontuação muito legal de encenação. Há uma intertextualidade de discurso e uma metalinguagem de dramaturgia premeditada.

Apareceu a Margarida? Para três vieses interpretativos distintos e nucleares de construção da personagem. Com + maturidade da prática da repetição a cidade terá ganhado uma Apareceu a Margarida” para enriquecer o repertório de produções locais.

sábado, 30 de julho de 2011

Ato de arte (I)

Ato de arte (I)
por maneco nascimento


No último dia 29 de julho de 2011, a partir da 20.30 horas, na Unidade Escolar Melvin Jones, no bairro São João, ocorreu o privilégio a quem conhecia a agenda cultural, na cidade, de acompanhar o encerramento da “Mostra de Teatro Aqui tem Cultura”, do Bairro São João, evento articulado pelo ator e diretor de teatro Chico Borges, artistas das cênicas da região e colaboradores afins.

No pátio da escola pública, preparado para assentar brilho cênico, o público recebeu dois espetáculos àquela noite. O primeiro direcionado aos infantes, “O diário da Bruxa”, texto de Vitorino Rodrigues, direção de Roger Ribeiro e atuação do Grupo Proposta de Teatro.

Crianças e pais atentos ao enredo à comédia dos erros que reúne uma Bruxa, Furdúncia, numa desafiadora manobra de recuperar memória e beleza, perdidas em livro de magias. Vitorino Rodrigues consegue administrar uma construção da personagem variável entre entojo e graça desdobrada no fingimento de enganar o espectador infantil.

A Fada da vez, Esperança Encantado, na naturalidade de compreensão do fingimento triunfado, aplica-se em Ana Carvalho, um doce e compenetrado deleite de atuação. Desliza pela cena como quem vai à quitanda comprar uma quarta de café. Segurança e humor dosados para marcas e improvisos de feição dramatúrgicos equilibrada.

Márcio Felipe, para o Príncipe, desempenha boa entonação, interpelações dialógicas à cena tranqüilas e começa a desenhar o próprio caminho das Índias, derrotando vagas e mitos das revoluções de interpretação do ator e método. Vem aos poucos se impondo feito mocinho da fábula com acenos de domínio da cena.

O público diverso, concentrado em cada tirada textual e de inflexões sugestivas das personagens, não perdia uma deixa e provou que quando o exercício de teatro é bem apresentado, derrama-se sobre a assistência com a força de intercomunicados efeitos, feitos para entreter, divertir e educar. “O diário da Bruxaresponde ao melhor projeto infantil praticado na cidade.

A segunda montagem da noite, uma releitura ousada de “Apareceu a Margarida”, de Roberto Athayde, com direção de Avelar Amorim e atuação de Edith Rosa, Adriana Campelo, Vitorino Rodrigues, três vieses da mesma Margarida e Eri Pegado, o aluno interativo. Essa peça fechou muito bem a Mostra, do São João. Mas esse é assunto para outro comentário, que virá em seguida.

A “Mostra de Teatro Aqui tem Cultura” que aconteceu de 26 a 29 de julho de 2011 e um cortejo cultural de aproximação e convite à comunidade, dia 25 de julho, comungam uma particular motivação de manter acesa a chama da arte do fingimento e da arte de compor e publicizar um dos mais antigos processos de comunicação social, a prática do teatro.

Parabéns ao Chico Borges e a todos que sonham um teatro coletivizado e aproximado da comunidade, porque é para esse tipo de ato d’arte, que valoriza a própria cultura, que as sociedades precisam despertar à apropriação da identidade.

Diverso de liberdades

Diverso de liberdades
por maneco nascimento

(Arte: blognúcleododirceu/acervo)

O Núcleo do Dirceu abriu, de 21 de julho e segue até 28 de agosto de 2011, seu projeto Bafo de Agosto no Galpão, numa vasta programação que envolve Espetáculo, Conversa, Residência, Música, Filme, Festa, em espaço próprio de invenção e laboratório de expressão.

Para o dia 28 de julho, às 20 horas, apresentou ao público convidado o Lançamento do Projeto 1000 Casas. No espaço físico para entrada livre o diverso de informações, instalações, manifestações e ato prático do arte-criador.

Para o rito de iniciação e recepção dos convidados, uma pregoeira, mestre de cerimônia, faz as vezes de saudar, indicar o menu da noite e ou interagir gracejosamente com público e artistas envolvidos na festa.

Numa instalação para vídeo se conferia as intervenções de resultados às visitas de casas da comunidade. Noutra, etiquetas de identificação representativa familiar (pai, mãe, filha, cachorra, etc.) ficavam dispostas no mostruário para serem escolhidas à pose para retrato, como registro de álbum de família.

As performances do Bomber Crew, break*(1), davam um diferencial de alegria, energia juvenil dividida em peripécias e arte em jogos cênicos de corpos e linguagem de tribos urbanas. Thelma Bonavita, artista residente no Núcleo, vinda de São Paulo, aproximou platéia das manifestações criativas na antena do coletivo estimulado.

Visitando o Piauí pela primeira vez, Thelma interage por aqui estímulos e respostas paraJardim Equatorial” (25.07.2011) e “Gogóia Total” (06.08.2011), através de Rumos Itaú Cultural. Nesse 28 de julho, com os artistas criadores do Núcleo do Dirceu, realizou desfile de estética de composição “faça sua própria identidade”(grifo meu). Autoral, conceitual e de liberdade diversa.

D’outro resultado, Datan Izaká apresentou-se em ato de reinvenção do objeto embrulhado. O corpo falante em mímesis do mudo recebeu um envoltório de papel alumínio e numa oralidade da nova cênica abriu inúmeras leituras para o corpus à outra margem do rito premeditado.

O que serve para envolver acolhe toda a assistência às interações estéticas, vistas em 28 de julho, se espalha para observadores, simpatizantes e construtivos de interfaces do homem (genérico) e seu universo de inquietações e terceiro olho à sensibilidade.

Bomber Crew ainda quebra as estruturas paradigmáticas das danças de rua e, numa variável sobre o mesmo tema, desliza por Roberto Carlos, “Todos estão surdos”. Abre fronteiras a ouvidos paridos, por barulhos utilitários, que perderam-se da apreensão de um barulhinho bom de impressionar falas do corpo vivo.

Um envoltório de intenções estéticas praticando bricolagens da arte do envolver-se envolvendo olhares abertos e, talvez, impregnados de tradições, mas sujeitos a brechas de outro enxergar.

O Projeto Núcleo do Dirceu, in Marcelo Evelin et all, reafina a própria música solfejada e reafirma efeito de propósitos planejados. Com patrocínio da Petrobrás, é mote de registro, descobre o próprio deus ex-Machine e revaloriza a falha trágica feita nova cênica.

*(1) Breakdance, é um estilo de dança de rua, parte da cultura do Hip-Hop criada por afro-americanos e latinos na década de 1970 em Nova Iorque, Estados Unidos. Normalmente é dançada ao som do Hip-Hop ou de Electro. O breakdancer, breaker, B-boy, ou B-girl é o nome dado a pessoa dedicada ao breakdance e que pratica o mesmo ou faz Beat box. (Wikipédia a enciclopédia livre/acessada em 30 de julho de 2011)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Violência por nada!

Violência por nada!
por maneco nascimento
A novela da Globo, “Insensato Coração”, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, enreda em temas paralelos ao foco Léo e Norma a questão das relações de aceitação e negação da homoafetividade no seio coletivo e doméstico nacional da teledramaturgia.
Com cuidados e estratégia de denúncia e discussão, os telenovelistas vão conduzindo o tema que não poderia jamais sair mesmo da pauta social, até porque tevê também tem seu papel sócioeducativo. Exemplos de agressões moral e física já tiveram seu espaço de drama e sofrimento, apresentados à expiação do público mass media, na ficção.
Agora quando o assunto sai das páginas do folhetim e passa a preencher as policiais, ai a sociedade inspira cuidados e vigilância. Pai e filho, segundo dados e informações apresentados na imprensa nacional, foram agredidos por rapazes enquanto visitavam uma exposição agropecuária, no município de São João da Boa Vista, interior de São Paulo.

(foto: Luis Cleber/Agência Estado)

“Um autônomo de 42 anos teve parte da orelha arrancada durante a briga e seu filho sofreu lesões leves. Segundo a vítima, morador da cidade vizinha de Vargem Grande do Sul, o motivo da confusão foi ele e seu filho terem sido confundidos com homossexuais. Os rapazes, funcionários de uma serralheria no município, negaram que o motivo da briga tenha sido preconceito.” (Tatiana Fávaro d’O Estado de São Paulo/estadão.com.br/22 de julho de 2011)
“Segundo informações da equipe de investigações, as versões de ambos os agressores são semelhantes. O primeiro rapaz, de 25 anos, detido na terça-feira, disse que o autônomo deve ter se confundido, já que ele não teria dito nada sobre homossexualismo.” (Idem)
“Segundo o autônomo, ele abraçou o filho e um grupo de amigos começou a tirar sarro e a perguntar se eles eram gays. ‘Aí começou aquele empurra-empurra, que depois dispersou. Mas deu cinco minutos e eu senti uma pancada por trás, bem no queixo’, afirmou”. (Idem)
Na reportagem de Tatiana Fávaro, ainda há mais detalhes que colocam o país em estado de estarrecimento e vigilância. Os jovens e energéticos rapazes não negam a agressão contra pai e filho, mas negam a homofobia. O de 25 anos diz ter bebido e só se deu conta de arrancar parte da orelha após o ocorrido.
O colega do agressor voraz disse ter tentado apartar a briga no primeiro momento, mas em nova investida ao local participou da quizila. As câmeras do circuito interno da Feiraregistraram o primeiro confronto, o do empurra-empurra. Os médicos que atenderam os agredidos acharam mais plausível que a orelha tenha sido decepada com objeto cortante. Mas na versão de registro policial a agressão foi de mordida. E que mordida furiosa!
Em matéria de televisão, no começo da semana, se dava conta de que, entre os dados mais novos sobre assunto e os + perto do ocorrido, há algumas informações que completam o quebra cabeça do ato à violência praticada. Um grupo de sete jovens agressores e uma segurança do evento com 150 agentes, entre iniciativa privada e polícia militar.
No blog do Assis Filho, data da terça-feira, 19 de julho de 2011, a notícia fecha com a reportagem da televisão. “O delegado do 1º. Distrito da Polícia Civil de São João Boa Vista, Fernando Zucarelli, disse que foi aberto um inquérito e que já está tentando identificar os possíveis autores. A homofobia ainda não consta como crime no código penal brasileiro, mas, além da agressão, os jovens também podem responder por discriminação.”

Completa o blogueiro: “A organização da feira informou que vai colaborar com as investigações e que, no momento em que ela ocorreu, pelo menos 150 seguranças e policiais militares patrulhavam o evento.”

Entre o vácuo que envolve o momento da agressão e a fuga do flagrante, muitas versões e evidências viram poeira sobre os olhos da sociedade. De certo é que sendo gays ou não, nenhum cidadão de qualquer parte do mundo tem que virar saco de pancadas depit boys”? “skin head” e homofóbicos.

As sociedades não precisam conviver com “modelos” sociais, de grupos fechados, que disseminem apologias de violência metaforizada sob a égide de cães agressores, diferenças de peles e cabeças raspadas, ou assassinos de homossexuais.

Na novelaInsensato Coração”, a personagem de Louise Cardoso, mergulhada no exemplo de sofrimento e discriminação incrustado no cotidiano comenzinho de muita gente, dá um depoimento de ter ido visitar o filho de um amigo que sofreu agressão e teve o rosto quebrado por um chute do agressor e “tudo por nada”, reitera.

O personagem do filho, que assumiu a orientação sexual à mãe, responde que na rua eles se garantem, que o difícil mesmo é enfrentar o preconceito dentro de casa. O discurso dos autores abre a reflexão sobre garantias sociais, ou falta delas e aponta que assim como na ficção a vida real tem que ser discutida em todos os âmbitos, sejam o familiar ou o coletivo.

 A vida real é + dura que o romantismo da ficção, mas é na vida que se pratica soluções humanas para efeito de evolução social. Não há como sermos vencidos pela intolerância, discriminação e emparedamento social, aprisionados a paradigmas envelhecidos e a olhar fundamentalista.




quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cultura planejada

Cultura planejada
por maneco nascimento


Corre a todo vapor, desde o dia 16 e vai até 23 de julho de 2011 a 7ª. Semana Cultural “Torquato Neto”, realizada no município de Monsenhor Gil e promovida pela prefeitura daquela cidade. Um evento que já tem uma durabilidade de sete anos seguidos, não pode estar na contramão da cultura planejada.

Monsenhor Gil tem uma característica natural de fomentação à cultura. Já realizou encontros tantos, entre festivais culturais e de teatro, que reuniram um bom número de praticantes da arte e cultura que se merece para a salvação das relações socioculturais e antropológicas.

Dessa nova ordem de boas intenções culturais monsenhorgilenses, como alcunhou o mestre de cerimônias na noite do dia 20 de julho de 2011, o Parque da Festividade da 7ª. Semana Cultural “Torquato Neto” está bombando. O show de Dandinha e, em seguida, o de Nayra Lima, dia 20, a prova de como o bom é saber investir em arte e interagir bem com a comunidade em que se representa.

Para a ornamentação do Parque da Festividade que recebe artistas e público, um cuidado e rigor em transformar a praça artística em tema de quermerse, com sabor de fruta madura e sentimentos interioranos das memórias preservadas.

Na porta de entrada do Parque uma casa de taipa e cobertura de palha. Na sala de reboco, “bilera” com potes, guardanapo sobre as bocas, “côco” e, naturalmente copos. Uma trempe com panela de barro, um rádio Semp de pilha Rayovac, uma máquina de costuras e as fotografias na parede, retratos de vaqueiros. Memórias do sertanejo contempladas.

No centro da praça, o mastro que aos olhos do público recebe as bandeirolas e estrelas e que explica o céu da quermerse, é pilar de sustentação alegre da chuva de poesia em cores caídas sobre as cabeças, cobrindo a todos de felicidade incluída. As barracas de comidas típicas fecham a arena aos festejos.

A barraca de degustação é show. Para cada dia, um produto nascido da terra é manufaturado e oferecido como degustação ao público visitante. No dia 20, a exposição foi de grãos e a degustação, de mingau do milho, pipocas, entre outros petiscos naturais. Um bom convite a quem gosta de apreciar sabores da terra.

A 7ª. Semana Cultural “Torquato Neto” que, na cidade, tem como uma das apaixonadas defensoras do evento a embaixadora cultural, Laurenice França, não perde tempo nas esperas, está na vanguarda de realização e assomo de envolvimento do município e munícipes integrados.

Ainda movimentarão aquele evento o Grupo Baião Balandê, Grupo Valor de PI, DJ Ronaldo Formiga, Forró Xamegar, a Cia. Águas de Monsenhor Gil, coordenada pela coreógrafa Shirlyane Alves, o humorista Dirceu Andrade, Banda Acesso, Banda os Radicais, Banda Rekebrarte e Meu Xodó, de Pernambuco. Até os últimos dias da paupéria festejada, sábado 23 de julho, muita vida terá percorrido aquela terra cultural.

Parabéns à administração de Zé Noronha que na sensibilidade política reverbera olhar de investimento na cultura, na arte e no encontro da família da cidade em festa.

Que venham + tantas outras Semanas Culturais. A cidade de Monsenhor Gil receberá muito bem e a sociedade estará mais apropriada da própria identidade. Assim caminha a boa humanidade de cultura planejada.

sábado, 16 de julho de 2011

O Titular do Esporte

O Titular do Esporte
por maneco nascimento
Lidar com memória em não sendo tarefa difícil a quem a preserva, não seria muito menos a quem a recolhe para dados de história. Entre o memoriável e o interlocutor, um universo de dados “computados” para pequena, média e longa distância em que as informações se entrecruzam e constroem a mais diversa produção de sentidos.

(foto: meionorte.com/Geral)

“COMO ERA BOM AOS DOMINGOS... CARLOS SAID O HOMEM, A VIDA, O MITO MAGRO-DE-AÇO”, assim mesmo, tudo em caixa alta, o título do livro garimpado pelo Prof. Dr. da UFPI, Gustavo Said. Numa capa RIVERINA, criada por Felipe Rocha, aparece o homem e sua bola, foi goleiro e não fazia feio, está nos anais da história dos campos e das resenhas e comentários do esporte local.
Quem viveu a geração dos idos da década de 1960 sabe quem é o Magro-de-Aço. E quem cresceu ouvindo as Rádios Difusora e, depois, a Rádio Pioneira de Teresina também não poderia esquecer as boas memórias do rádio na voz emblemática da radiodifusão brasileira. Carlos Said é voz que clama na imprensa local e abriu veredas no deserto da crônica esportiva, preparando caminho ao jornalismo do esporte.
O livro, um mimo ao homem, ao inquieto e honesto torcedor, ao caliente defensor da honra e respeito ao futebol e, espetacularmente, ao mito urbano, feito pai não só da família que perpetua seu nome de batismo, mas dos admiradores e coletivo da imprensa específica a essa linguagem de lazer, entretenimento, prazer e identidade cultural brasileira.
Tendo como sanduíche vinte capítulos, uma introdução intitulada Bola no centro: “Carlos Said de quê?”, que desvenda seu nome e linhagem e, concluindo, com Final de Jogo: “Carlos Said é imortal”, quando há a constatação da imortalidade construída ao longo da carreira, o livro captura histórias divertidas, comoventes e um objeto de pesquisa para futuros amantes da arte do futebol.
                                                     (foto: cidadeverde.com/Esporte)  
 Na introdução de “Como era bom aos domingos... CARLOS SAID O homem, a vida, o mito Magro-de Aço", há uma parte em que “Uma gestação, um livro, um filho” traz as vezes do autor que confeccionou uma elegia ao pai vitorioso. Uma metalinguagem da própria história contada sob a ótica da observação da vida de um homem público.
É uma escrita enxuta, fiel às fontes de pesquisa e história oral e apresenta um reforço da informação a partir das revelações fotográficas. As fotos memoráveis, um capítulo à parte, pois flagrante de raízes e registros sinceros de imagens do homem chamado Carlos Said.
Particularmente cresci ouvindo rádio e entre as vozes tradicionais da radiodifusão local, a agressiva e retórica de Said, acompanhada da pausada e aveludada de Dídimo de Castro, seu melhor amigo e companheiro de estúdios, foram determinantes para me tornar radialista.
O mito, Magro-de-Aço, personagem de domínio público retém às memórias coletivas um prazer de ouvir falar, já que Said continua na ativa fazendo o que mais lhe dá prazer, tratar de futebol.

Para o leitor, um costurado encanto de revisitar, na leitura do projeto aberto de Gustavo Said, que recupera humoradas expressões grafadas na lingüística particular da personagem que, provocada por um torcedor flamenguista: “Carlos Said, tu já está velho, já está na hora de se aposentar!”, responde, através do biógrafo, com uma naturalidade heróica.
“(...) Carlos Said baixou lentamente a cabeça e consultou as horas no Tissot Militar, talvez para se certificar de que os ponteiros do velho relógio continuavam girando, (...) Depois, voltou o olhar ao torcedor que sumia na distância, riu, deu com a mão e entrou no automóvel, (...)”
Na trajetória de 327 páginas de “... Como era bom aos domingos...” há o solilóquio da personagem de retornar ao prazer a “uma nova peleja, para, ‘na trajetória dos 90’, mandar apedeutas, pacóvios e energúmenos para os bilinguinguins dos infernos, como fizera a vida toda, rotineiramente, desde sempre.”
É uma leitura de dinâmicas e indispensáveis referências às memórias e histórias, do Titular do Esporte”, que alcança o coletivo sociocultural da cidade orgulhosa.



sexta-feira, 15 de julho de 2011

Em construção

Em construção
por maneco nascimento
A Elizabeth Bátalli Cia. de Dança estreou, em 14 de julho de 2011, às 20 horas, no palco do Teatro Municipal João Paulo II, um novo trabalho ao seu repertório de invenções à pecha da dança contemporânea.
Construçãoé o registro de identidade. Com coreografia e direção de Elizabeth Bátalli e produção de B. Bátalli e João Vasconcelos, o trabalho tem uma juventude e vigor intencionalmente definidas ao número apresentado.
Graciosos e pululantes, Bruna Santos, Brenna Barreto, Brenda Jordânia, Cacau Calaço, Camila Lima, Clarice Lima, Douglas Lira, Lahézio Will, Luane Sousa, Ludmila Régia, Marcos Diogo e Krys Sousa. Participam, especialmente da montagem, os bailarinos Pedro Sá e Karla Sousa.
Construção”, o espetáculo, que começa com Chico Buarque e sua música homônima, vai despejando temas, aparentemente isolados, e deixando que o público encontre o fio de Ariadne. Uma colcha de retalhos que vai ganhando maior expressividade, fora do eixo repetidor do movimento contemporâneo, quando evolui à temática popular.
As coreografias, de dança contemporânea, muito presas a desenhos que preenchem o vazio, em gestos concretos e/ou desconstrutores dos paradigmas tradicionais, aparecem como repetitivos e desgastados. Bailarinos ainda muito fiéis às velhas lições, não conseguem ainda reinventar antiga forma.
As pesquisas musicais que variam entre o romântico, o popular e o resgate das tradições populares são suportes para os solos e coletivos, sofridos ou gracejados na performance do(a)s jovens bailarino(a)s. Desempenham uma afinidade e confiança ao dividirem a cena. Ponto para a diretora-coreógrafa de “Construção”.
Os bailarinos, por vezes, entregam-se à naturalidade de composições atreladas à própria vivência e anatomia adolescentes, sem a disciplina e tônus de parceiros às bailarinas. Perdem, assim, a concentração enérgica que talvez determinadas coreografias exigiriam do corpo dançante masculino. Quem melhor mantém esse controle disciplinar é o bailarino clássico Pedro Sá.
Por outro lado, as coreografias brasileirinhas, ricas de humor de cultura nacional, os acolhem com um desprendimento em que deslizam com boa desenvoltura e natureza cultural organicizada às falas e oralidade dos corpos de todo o coletivo.
A estréia de “Construção”, o espetáculo de dança, parece ainda em processo de organização dos alinhavos da dramaturgia em construção. Mas há um elenco empertigado e cioso do artigo lingüístico articulado. Já tem registro de nome e sobrenomeia aspirações de arte e identidade recheada de intenções culturais.
Tá na veia, talvez falte ainda espalhar o efeito da linguagem num corpo falante alinhavado ao discurso de tijolo por tijolo num desenho até (i)lógico, mas com casas aos botões que fechem idéias e não atrapalhem o trânsito das comunicações ao + diverso público.

Ela, Artenildes

Ela, Artenildes
por maneco nascimento


O Promotor Cultural João Vasconcelos, em parceria com a Organização Ponto de Equilíbrio – OPEQ, reapresentou à comunidade do Dirceu Arcoverde o espetáculo Ela”, no último dia 13 de julho de 2011, às 20 horas, dentro do Projeto Temporadas Populares do Teatro João Paulo II, com dia cativo às quartas feira de cada mês.

Para o mês em curso, o espetáculo de dança/teatro Ela” que tem montagem facilitada pela Lei A. Tito Filho, através da Prefeitura de Teresina e traduz um elogio à mulher e seu universo de apropriação de espaço social e direito conquistado, ainda poderá visto nas quartas feira 20 e 27.

Com dramaturgia - Roteiro e Direção - de João Vasconcelos e Direção Coreográfica – coreografias - de Valdemar Santos, o espetáculo retornou à cena depois da reestréia, no último dia 31 de maio de 2011, às 20 horas, no TMJPII.

No elenco, Elizabeth Báttali e Cleide Fernando, toda segurança em enxuto equilíbrio da variação sobre o mesmo tema enredado. Bruna Santos, uma das novas aquisições ao espetáculo, esteve ausente, no dia 13 de julho, por problemas de saúde. Fez falta, não só ao conjunto estético, mas também a um preenchimento de cena para desenho de quatro personagens roteirizadas.

Artenildes Afoxá, a outra atriz/bailarina incorporada ao elenco, mostrou que talento facilitado e insistência na superação dos próprios limites são a chave para Rebeca. Muito à vontade não ficou a dever às colegas de cena. Sua prova dos nove superou as expectativas e está presente em 100% conquistados. Parabéns à artista. Resultados não nascem do milagre do espírito santo. É obra de labor continuado.

Alzira Risa e Andresa Báttali, as etapas infantis da mulher homenageada, cumprem bem o propósito de resultados dramatúrgico.

Ainda há uma necessidade de acertar no partner. Indiferente a toda uma energia planejada à cena, provoca um deslocamento do drama executado. Não parece naturalidade de composição, mas esvaziamento de entendimento do objeto proposto. Talvez, devesse, Luiz C. Vale, olhar + ao redor e enxergar as colegas em cena. Artenildes seria um bom ponto de foco.

Ela” é um dos melhores desenhos estético-dramatúrgico que já foi apresentado na cidade. É de uma beleza sublime e sensibilidade criativa ímpar. Melhor ainda por reproduzir a mimeses da memória social e conquistas femininas.

Tem vida inteligente, salvo ajustes necessários à dinâmica de qualquer manifestação artística. A idéia original de João Vasconcelos e o mapa coreográfico de Valdemar Santos repercutem teatro e dança como representação cultural que a cidade aprendeu a construir.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Memórias desprezadas

Memórias desprezadas
por maneco nascimento


“O ritmo frenético das pessoas e as mudanças permanentes na cidade, fruto da cultura capitalista, onde não se pode perder tempo, onde ter sobrepõe-se ao ser, tem proporcionado aos citadinos uma dificuldade de reter os acontecimentos na memória (...) (Pimentel, Lídia. Praça José de Alencar – pedaços da cidade, palco da vida. 1998. Pag. 43)

(Lari Sales e Fernando Freitas, em A Casa de Bernarda Alba. foto: Margareth Leite)

Recentemente, recebi uma reclamação da amiga e atriz Lari Sales, atualmente Presidente do Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão – SATED –PI. Como qualquer pessoa sensível e adepta da preservação da memória da cidade, Lari incomodou-se de ter ouvido um gerente de assuntos culturais da Fundac desfazer-se da memória do Theatro 4 de Setembro.

Explicando: depois de mais de dois anos fechada, aquela Casa de espetáculos reabriu em 05 de julho de 2011, numa manhã de discursos políticos e prestação de serviços governamentais.

O trânsito nos corredores e ambientes outros poderia ser efeméride, caso não houvesse um flagrante de descuido cultural e petulância ignorante.

No ambiente do Bar daquele Theatro há, desde a restauração sofrida no final da década de 1990, dois painéis contendo registro fotográfico de artistas de música e cênicas que passaram pela cena do 4 de Setembro. Lari Sales teria ouvido da boca de Franklin Pires, sobre a intenção de substituir os painéis de fotos “antigas” por fotos dos novos, os que estariam fazendo teatro hoje.

Ela retrucou dizendo: “E o que você vai fazer com essas pessoas, vai matá-las, enterrá-las? A atriz argumentou que aquelas pessoas, representadas nos painéis, ainda estão vivas e atuando. E sugeriu que, já que ele iria se livrar daqueles painéis, que doasse ao Sindicato dos artistas para preservação na nova sede, em processo de montagem.
                    (elenco de A Casa de Bernarda Alba/Lari a própria Bernarda. foto: Margareth Leite)

São dois painéis que recuperam do tempo, em fotos, protagonistas da música local e nacional, Geraldo Brito, Júlio Medeiros, Ronaldo Bringel, Janete Dias, Grupo Varanda, Grupo Candeia, Ensaio Vocal, Moisés Chaves, Fátima Lima, Rubens Lima, Netinho da Flauta, Orquestra Sinfônica Brasileira, Reginaldo Menezes, Márcio Menezes, Solange Leal, Naeno, entre tantos que marcaram os shows da e na cidade.

Já no de teatro, imagens de Arimatan Martins, Francisco Pelé, “Raimunda Pinto, Sim Senhor!” (Grupo Harém), Lari Sales e Fábio Costa, “Raimunda Jovita na roleta da vida” (Grutepe), “Itararé, a república dos desvalidos (Grutepe), “O Auto do Corisco” (Grupo Raizes), Zé Afonso de Araújo Lima, Santana e Silva, Tarciso Prado, Gomes Campos, Chico Pereira da Silva e toda uma geração anterior a Franklin Pires que marcou território com a natural humildade de limpar veredas para os novos artistas.

                                    (Francisco Pelé/Raimunda Pinto. foto: acervo do TMJPII)
Gaudí, Pound, Drummond, H. Dobal, Mário Faustino, Torquato, Pessoa, Saramago, Borges, Mario Vargas Llosa, Neruda, Garcia Marques, Cervantes, João Cabral de Melo Neto e tantos outros sejam latinos ou de outros ocidentes, só pra ficar na literatura, cantaram suas memórias porque todos contidos em suas próprias histórias. Seu passado, seu presentemente futuro. Memórias desprezadas não combinam com arte.

Ana Maria Rêgo não é homenageada em um festival nacional de teatro por ter sido queridinha de um contexto político. Alguém pode até negar sua história, mas jamais apagar da memória sua existência, nem sua laboral manifestação artística.

Talvez o novo artista precise desviar o foco de observação do narcisismo umbilical. Ninguém ocupa lugar de ninguém. Na arte, como na vida, há espaço para todos e a solidariedade cultural é peça chave de humanização das sociedades.

O que salvaguarda as civilidades do embrutecimento total, ao longo da história da humanidade, tem sido a arte e ela não incita penumbra ao outro, esse é papel social de outra ordem de homem chamado animal, de insensibilidade premeditada.

 



segunda-feira, 11 de julho de 2011

Louvação

Louvação
por maneco nascimento


Foi com uma boa saudade que se teve que dar por encerrado o 1º. Festival de Música Instrumental de Teresina. Do dia 05 a 10 de julho, desse 2011, a cidade respirou a instru(mentalização) de cultura musical.
                                                 (Michel Leme e M. Bahia/foto: acervo fmc)

A Mostra de Resultado das Oficinas do Festival, no Palácio da Música, às 9 horas do dia 10 de julho, dentro do Projeto Música depois da missa, foi + uma alegria orgulhosa de dever cumprido.

Teresina trocou fichinhas, apreendeu valores da arte do diverso de instrumentadores da linguagem de sons e instrumentais e sorriu aos grandes músicos que por aqui deixaram sua graça e virtuose de tocar um bom instrumento.

(Trio Madeira Brasil/foto: acervo fmc)

Quem assistiu aos concertos e shows de notas musicais despendidas, nesta ótima semana, não sabe o quanto os bastidores têm que desdobrar-se para que tudo dê muito certo. Como diz o poeta, é preciso louvar a quem bem merece. Então, que no senso de justiça, se lembre de quem maior esforço possibilitou para que a cidade recepcionasse bem e confirmasse sua efígie de musical.

Há que se agradecer à Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultural Monsenhor Chaves, por abrir sensibilidade e interesse a evento dessa monta, que reuniu música e músicos das + diversas regiões desse continente chamado Brasil.
                                                      (Ithamara Koorax/foto: acervo fmc)

Cerca de 20 músicos convidados e + toda uma geração de formadores, estudiosos e praticantes da opinião musical da cidade confraternizaram o espírito d’arte apaixonada.

                                                       (Daniel Santiago/foto: acervo fmc)  

Arte e cultura se pensa nos laboratórios de criação, argumenta-se nos ardores de decisões de gabinetes, mas é no trabalho de campo que se colhe as respostas da natureza do que se plantou.

No celeiro de práticas acertadas, Teresina tem despejado novas sementes que seu histórico tem plantado ao longo do investimento nas oficinas de música e instrumentos.

                                                                   (Público do FEMITE/foto: acervo fmc)

O 1º. FEMITE provou ser a maior expressão de astúcia determinada e revigor cultural musical que a cidade ansiava. O resultado definiu mercados e interpretou profissões como água para chocolate, combinação de sabor necessário para prazeres apreendidos.

Que não se perca essa nobre iniciativa para que não soframos + do que já teve. Teresina dispõe de excelentes músicos, com seus selvagens instrumentos e suas particulares usinas de significados e significantes musicais.

Mas, para a depreensão de sonoridades tão espetacularmente reverberadas, muita energia concentrada andejou pela arquitetura da recepção; transportes; apoio de palcos e oficinas; aeroporto com seus “chekins” e negociações de horários de vôos; apoio em hotéis e restaurantes e todos os outros serviços e o material humano envolvidos na composição dessa festividade da pauta instrumental.

                                                         (Thiago Cabral/foto: acervo fmc)

E, sem que se incorra na falha de esquecer nomes, seria de bom tom, para ficar na música, que se lembre da pessoa de Laurenice França, a regente dessa “ópera” instrumental.

Idealizadora do evento e com trânsito livre entre artistas, músicos, técnicos e governo, teve papel fundamental a que se oxigenasse a cidade com o ar puro do Festival.

Artista do cantar, com maturidade administrativa da pasta cultural do município, aglutinou-se ao corpo de trabalho do FEMITE para provar que é + doce viver e amar o que se faz por mérito e paixão desinteressada.

Pessoas chave que ligaram a casa de força desse evento, como Luciana Cunha, Marlon Rodner, Vitorino Rodrigues, Josy Brito, Diego Iglesias, Amana Dias, Luana Campos et all, são só algumas das peças que, entre todas as raras, vestiram a arte do FEMITE e confirmaram que dança-se conforme a música que se escolhe para efeitos de felicidade.

O corpus da Fundação Monsenhor Chaves, presentemente pontual às atividades provocadas ao exercício de memória e história cultural da cidade, está de parabéns por + uma peça montada no quebra-cabeça do insistente jogo da resistência de fazer arte e salvaguardar uma humanidade às sensibilidades.

 Teresina parece não + prescindir de um Festival de Música Instrumental. Que se possa esperar a segunda edição, com a certeza de que deve-se à cidade exemplos de renovada cultura e, aos outros, a possibilidade da arte de aprender a ouvir-se a si próprio e escutar um qualquer exercício instrumental.